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    Arquivo: Edição de 10-07-2011

    SECÇÃO: Especial


    XVIII FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO

    Importância de uma feira do livro

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    Tenho ótimas recordações das feiras do livro. Quase sempre encontrei e comprei aquilo que me agradava, que mais me despertava a curiosidade. Adoro a mistura de cheiros entre livros novos e usados, das diferentes texturas quando tocamos os livros, os almanaques, as revistas, o papel amarelo, alguns infelizmente sem uma ou outra página. São as enciclopédias compradas por uma pechincha. É gente de todas as idades, uma correria para as sessões de autógrafos, a procura de um lugar à sombra para ler o livro mais recente do escritor favorito. São as crianças a brincar, a fazerem de conta que são as personagens dos seus livros de banda desenhada.

    Nas feiras do livro compra-se mais barato, com mais diversidade e muitas vezes ao ar livre. Prefiro mais as bancas num jardim ou praça que numa biblioteca. Relembro as tardes passadas a comprar uma série de livros dos "Grupo dos 5" de Enid Blyton ou uma catrefada de livros "Uma Aventura" e as delirantes, fantásticas e super divertidas histórias da coleção "Viagens no Tempo" das escritoras Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães.

    Livro puxava livro e acabava por sair das feiras muito contrariado!!! Eu queria era continuar naquela festa.

    Os meus interesses foram variando, mudando conforme as vontades. No secundário comprava mais romances, de José Saramago por exemplo, na Faculdade passei a ler mais ensaios e dissertações.

    Mas um género literário que sempre li foi a poesia. Ler um poema com 13, 16 ou 20 anos não é a mesma coisa. Adoro essa arbitrariedade, a liberdade de escolha, a imaginação a funcionar. É toda uma reflexão sobre nós próprios e sobre o que nos rodeia. É a beleza da forma ou da falta dela, o "nonsense" do conteúdo, a metáfora da vida.

    Ler é a forma mais barata de viajar. E o que eu não viajei com a ficção científica de Júlio Verne, as descrições intermináveis de Júlio Dinis ou as tramóias em que o "Triângulo Jota" se metia, de Álvaro Magalhães.

    As feiras do livro são, também, um ótimo local para encontrar colegas de escola, pessoas que já não víamos há muito tempo. Às vezes fica-se conhecido de alguém só por essa pessoa gostar do mesmo livro que nós.

    Deixo-vos aqui duas reflexões do escritor e agora recém-nomeado secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, sobre a indústria do livro, elemento essencial para a continuação das feiras do livro:

    1 de Junho de 2011, em "Correio da Manhã"

    «A poucos dias das eleições, a ministra da cultura propõe que o IVA dos livros eletrónicos seja idêntico ao dos livros em papel (taxa reduzida). A ideia é antiga e os editores têm discutido o assunto, porque ele não é pacífico. Em Espanha, por exemplo, os e-books são taxados a 15,2% enquanto aos livros em papel são aplicados 3,4%. Mas a questão não é essa nem se resolve com uma “proposta agradável” à boca das urnas. O problema está em como manter os atuais níveis de literacia sem prejudicar a economia do livro, que nunca teve apoios do Estado e lutou, solitária, para conquistar autonomia e dignidade. Pensar o mercado do livro, hoje, inclui uma discussão sobre a leitura na escola e a ameaça da pirataria. De contrário, é apenas um assunto para os novos-ricos se entreterem».

    16 de Maio de 2011, em "Correio da Manhã"

    «Valha a verdade, a área da edição é a que mais contribui para o valor acrescentado das chamadas indústrias culturais, cerca de 70%. O mundo muda, a economia da cultura flutua, mas o livro mantém uma espécie rara de estabilidade essencial. Talvez por isso não receba apoios do Estado, que prefere espetáculo e palco. A Feira é uma garantia de sanidade para o mundo da cultura».

    A ver vamos se isto se mantém!

    Por: Filipe Cerqueira

     

     

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