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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 10-07-2011

    SECÇÃO: Saúde


    Haja saúde em Portugal!

    Como profissional da Saúde não podia ficar indiferente a um ciclo de desafios que visa a realização de reflexões pessoais participadas e aglutinadoras sobre as problemáticas da Sociedade e da Enfermagem. A crise financeira mundial, originada pela especulação imobiliária nos EUA e respetivos créditos subprime, teve, e tem, repercussões em quase todos os elementos e dinâmicas do quotidiano social. E como relacionamos esta crise com a Enfermagem?

    Primeiro, pensamos no seu impacto directo na capacidade financeira das organizações de saúde e nos próprios recursos do Estado para honrar o compromisso assumido com cada enfermeiro: uma retribuição justa pelo trabalho desenvolvido.

    Segundo, refletimos sobre o funcionamento dos mercados financeiros e qual é a sua possível relação com a Enfermagem. Em vez de analisarmos como é que a instabilidade nestes mercados se repercute na Enfermagem, nos enfermeiros e na qualidade dos cuidados de saúde (e de vida) dos portugueses, procuramos inferir de que forma é que a Enfermagem pode influenciar o comportamento destes.

    Na mesma semana da estreia em Portugal do filme “Wall Street: Money Never Sleeps” de Oliver Stone (2010), o Presidente do Tribunal Constitucional, o ex-primeiro-ministro e o líder do PSD (atual primeiro-ministro), pronunciaram-se sobre a importância e o impacto dos mercados nas políticas económicas e sociais do País. Um País com uma balança comercial cronicamente deficitária; com graves problemas estruturais, no que respeita à criação de riqueza e capacidade para inovar, e onde o endividamento externo é uma inevitabilidade para efeitos de dinamização da economia.

    Os mercados têm “especulado”, e muito, sobre a capacidade de um bem ou serviço gerar riqueza no futuro. Definem um custo para o mesmo, com base no valor que creem que este representa para os potenciais clientes. As empresas operam num país, não obstante a globalização, e a sua consequente internacionalização. A situação da empresa nessa mesma nação é extremamente diferente da vivida pelas sucursais noutros países, dada a cultura imperante, as leis em vigor, ao ambiente geral, para o qual os níveis de saúde da população desempenham um papel de relevo. Uma população saudável é uma população capacitada para trabalhar e gerar riqueza.

    Colocamos, então, a questão: qual o impacto da Enfermagem nos níveis de saúde da população? A resposta não é simples! Presentemente, podemos formular com base em… especulações. É imperativo analisar, quanto antes, o que é que a população portuguesa carece e demanda em termos de cuidados de saúde. É essencial reconhecer, politicamente, que a quantidade e a qualidade de Enfermagem são estruturais para os níveis de saúde das populações. É indispensável ver que indicadores utilizam para monitorizar o estado dessa mesma Enfermagem. Partindo destas correlações, os níveis desses indicadores podem servir para estimar a parcela do nível de saúde da população sensível aos cuidados de Enfermagem.

    Quando os mercados voltarem a pretender avaliar, em Portugal, o “ambiente” para os negócios, e analisarem para esse efeito o nível de saúde e a qualidade de vida da população, têm que medir também indicadores de estrutura, processo e resultado próprios da Enfermagem, introduzindo a mesma enquanto variável a atender nessas avaliações.

    Logo, no panorama atual, são lançados dois tipos de desafios à Enfermagem em Portugal: demonstrar a sua relevância para os níveis de saúde e qualidade de vida dos portugueses, e a importância destes indicadores para a fidedignidade das avaliações feitas pelos mercados financeiros na análise do ambiente para negócios em Portugal. Haja desafios! Haja ambiente para negócios! Haja saúde em Portugal!

    Por: Germano Couto (*)

    (*) Presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros

     

     

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