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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 15-06-2011

    SECÇÃO: Crónicas


    Amigo!

    Há tempos haveria de escrever como opinião pessoal uma reformulação do conceito de Amigo: seria uma pessoa que entende o nosso silêncio, nos escuta mesmo que não tenhamos nada para falar, nos apoia à distância, alegra-se com o nosso sucesso e preocupa-se com as nossas dificuldades, que nos “adopta” e nos respeita como somos.

    Na amizade não deveria haver “rankings”, não deveria existir o melhor amigo, ou o amigo especial. Amigo é.. Amigo.

    Ontem era sábado e o meu dia não tinha sido dos mais fáceis, pelo mais variados motivos. Deitei-me cedo e tentei não me preocupar com os acontecimentos que de uma certa forma me tinham transtornado pois por vezes a noite é efectivamente uma excelente conselheira e no dia seguinte tudo seria diferente.

    Certo é que eram 02h00 e eu acordei. Não consegui impedir que voltasse a preocupação com que me tinha deitado.

    Aqui sim, é o único senão de uma pessoa viver sozinha: não termos com quem partilhar uma opinião, às 02h00 da manhã. Não há amigo que resista a ser importunado a essa hora.

    Claro que se estivesse no trabalho, teria a Géni, o Zé ou a Rosa, para me ouvirem, pois já estão habituados, dão-me a opinião crítica e depois, como sempre, tudo é relativo e a nuvem que muitas vezes nos paira na cabeça, esfuma-se.

    Às voltas, às voltas, lembrei-me subitamente do meu computador.

    Fui buscá-lo e, comecei a escrever, divagando, enquanto ouvia música, esperando que o sono voltasse.

    Ao “teclar” ao acaso lembrei-me que desde 1978, tinha começado com uma máquina de escrever, eléctrica, onde comecei a trabalhar.

    A máquina já fazia tão parte de mim que um certo dia tinha concorrido a um emprego e uma das provas a que fui submetida era escrever um texto sobre a legislação laboral. A minha primeira reação foi olhar para uma máquina de escrever igual à minha e perguntar se a podia utilizar para isso. Disseram-me que sim e eu escrevi, texto directo, como gostava de fazer e saí-me bem.

    De seguida surgiram os computadores e foi fácil a adaptação. A minha ligação com o teclado é tanta que quando escrevo, principalmente aquilo em que acredito, fico com a sensação que estou a compor num piano, só que em vez de ser a minha música são os meus textos.

    Quando dei por mim, estava a falar alto para o meu computador. Comecei a pensar na utilidade que me tem dado, durante o tempo que tem estado comigo:

    Não se chateia comigo e não me diz “cala--te, deixa-me dormir”;

    Se me engano, deixa-me corrigir e depois não usa isso contra mim;

    Permite-me mudar de opinião, sem me chamar vira-casacas;

    Oferece-me a possibilidade de ouvir a minha música, conforme o meu estado de espírito;

    Deixa que a minha imaginação voe pelo mundo;

    Permite-me viajar pelo passado;

    Respeita a minha alegria e a minha tristeza;

    Está lá sempre que preciso dele.

    Pensei que tinha encontrado um Amigo especial e quando normalmente se diz que os cães são o melhor amigo do homem, o meu melhor amigo seria o meu computador pensava eu, pois o meu dorme ao meu lado na cama, não pede para ir à rua fazer as necessidades e até nome tem, chama-se HP.

    Ri-me desta conclusão, pois como tudo tem um senão também sei que nem ao meu computador posso dizer tudo o que me vai na alma pois até ele pode dar com a “língua nos dentes” , conforme aconteceu com o fenómeno Wikileaks.

    Por: Glória Leitão

     

     

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