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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-04-2011

    SECÇÃO: Destaque


    O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

    GNR em Ermesinde

    Implantada a República, o Governo Provisório, que não tinha esquecido o triunfo da Guarda Municipal do Porto sobre os revoltosos republicanos, em 31 de janeiro de 1891, através do Decreto de 3 de maio de 1911, extingue as Guardas Municipais de Lisboa e do Porto e cria a Guarda Nacional Republicana, como um conjunto especial de militares, com a missão de assumir a responsabilidade pela segurança pública, pela manutenção da ordem e pela proteção das propriedades públicas e particulares, em todo o País e não apenas nas principais cidades.

    A GNR foi instalada na antiga residência paroquial de Ermesinde, anexa à antiga Igreja Matriz de S. Lourenço de Asmes, que vinha servindo de sede à Junta de Freguesia local
    A GNR foi instalada na antiga residência paroquial de Ermesinde, anexa à antiga Igreja Matriz de S. Lourenço de Asmes, que vinha servindo de sede à Junta de Freguesia local
    A Guarda Nacional Republicana (GNR) quando foi criada não tinha efetivos próprios, por isso, teve de se socorrer de militares do exército português bem mais afeto à República. Em termos hierárquicos, o novo corpo de segurança, dependia, em tempo de paz, do Ministério que tinha a responsabilidade pela segurança pública, para efeitos de recrutamento dos agentes e administração; e do Ministério que tinha a tutela pelos assuntos militares para efeitos de organização, do armamento e do equipamento. Em caso de guerra, ou de crise particularmente grave, a nova força da GNR ficava operacionalmente sob comando militar.

    Trata-se de um corpo nacional de guardas pensado pela primeira vez para todo o País, com funções de vigilância pela segurança pública, vigiando povoações, pontes, estradas, caminhos de ferro, linhas telegráficas e telefónicas e tudo aquilo que pudesse dalgum modo pôr em causa a segurança dos cidadãos e dos seus bens.

    A GNR tornou-se, igualmente, a guardiã do regime republicano e a sua força chegou a ser tanta, que, no período final da Primeira República, foi capaz de fazer cair governos e de influenciar a constituição de novos ministérios.

    Não temos dados suficientes para saber concretamente a data em que a GNR chegou a Ermesinde, mas os elementos recolhidos são suficientes para afiançar que ela cá chegou antes do Sidonismo, ou seja antes de 1918. Com a “Nova República” de Sidónio Pais, a GNR de Ermesinde, como de muitas outras vilas e cidades pelo País fora, foi retirada, voltando logo a seguir ao fim do Sidonismo, tendo sido alojada na casa da Junta da Freguesia, que teve de sofrer obras de adaptação, custeadas pela Junta e por uma subscrição pública (cf. ata da reunião de 23 de novembro de 1919, fl. 87).

    No fim da Primeira República, o Posto da GNR de Ermesinde era comandado pelo 2.º Sargento Américo de Carvalho, que foi um dos participantes ativos no movimento militar e civil republicano que se organizou no Porto, a partir do dia 3 de fevereiro de 1927, contra a Ditadura Militar, que se havia instalado no Poder, na sequência do Golpe Militar de 28 de maio de 1926.

    Essa Revolta durou até ao dia 7 de fevereiro, data em que foi derrotada. Destes conflitos que tiveram também as suas repercussões em Lisboa, onde se prolongaram até ao dia 10 de fevereiro, resultaram mais de uma centena de mortos, quase um milhar de feridos, enormes prejuízos materiais, cerca de 600 prisioneiros e deportados.

    Entre as consequências imediatas desta Revolta a favor do regresso da República e contra a Ditadura Militar, contam-se o endurecimento da repressão por parte do regime ditatorial, passando os responsáveis pela Ditadura a dar prioridade à garantia da ordem e da segurança, tentando impedir a reorganização da oposição reviralhista, condenando os seus principais líderes ao exílio e à deportação para os espaços coloniais; e, por outro lado, estimulou o aparecimento público de movimentos de apoio à Ditadura.

    Entre os prisioneiros do movimento revolucionário de Fevereiro de 1927, conta--se precisamente o antigo comandante do Posto da GNR de Ermesinde, 2º Sargento Américo de Carvalho, pai de 4 filhos menores, já órfãos de mãe, que foram internados numa instituição própria. Os restantes soldados da GNR de Ermesinde foram imediatamente substituídos (cf. ata da reunião da Junta da Freguesia de Ermesinde de 13 de fevereiro de 1927, fl. 29).

    Nessa mesma reunião, a Comissão Administrativa da Freguesia de Ermesinde, presidida por António José de Oliveira e Silva, deliberou prescindir da força local da GNR. Estamos em crer que esta deliberação foi tomada mais por motivações de ordem política, do que propriamente pela consciência da inutilidade de tal força militar.

    De resto, o próprio Governo da Ditadura Militar, através do Decreto n.º 13 138, dissolveu as unidades do Exército e da GNR que haviam tomado parte nas revoltas ocorridas em fevereiro de 1927.

    A necessidade do regresso da Guarda Nacional Republicana, só se pôs quando começaram a suceder-se vários roubos na vila de Ermesinde. Foi na sessão da Junta de 21 de abril de 1953, então presidida por Antero Barbosa, e na sequência de mais um assalto ao Cemitério, que se decidiu pedir uma força de Polícia ou GNR (cf. ata da Junta dessa data, fl. 70). Em 1955, o comando da PSP indeferiu o pedido da Junta de Ermesinde, pelo que esta recorreu então à GNR. Ainda nesse mesmo ano, o Capitão Gaspar Rodrigues da GNR visitou o rés do chão do edifício da Junta, e considerou aceitáveis as futuras instalações do Posto da GNR, após algumas obras e a aquisição de mobiliário a cargo daquele corpo administrativo.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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