Disfunção eréctil
Neste mês de Fevereiro, mais precisamente a 14 de Fevereiro, ao incontornável Dia dos Namorados, associa-se o Dia Europeu da Disfunção Eréctil, doença amplamente frequente mas ainda muito silenciosa pela “vergonha” com que inúmeros homens e casais a vivem.
A disfunção eréctil ou disfunção sexual masculina é definida como a incapacidade persistente para atingir e/ou manter uma erecção do pénis suficiente para permitir uma penetração sexual satisfatória. Trata-se de um problema de saúde muito frequente e que se estima que atinja 5% dos homens com 40 anos de idade e 15% aos 70 anos, e que tende a aumentar com o inevitável aumento da esperança média de vida. De facto, o envelhecimento é o factor mais associado com aquilo que classicamente se definiu como impotência, termo esse abandonado pelo carácter pejorativo com que “rotula” mais de meio milhão de homens portugueses.
É uma doença que acarreta grande sofrimento, muitas vezes em silêncio, e tem consequências devastadoras a nível individual, familiar, social e mesmo profissional, pois apenas 10% dos homens com disfunção eréctil estão a receber tratamento.
CLASSIFICAÇÃO
A erecção peniana é uma resposta complexa a diferentes estímulos e que depende da activação de vários componentes do corpo humano. Desencadeia-se pela integração de estímulos processados pelo cérebro, espinal medula e sistema nervoso autónomo no órgão alvo que é o pénis, pelo que há diferentes alterações ao longo deste “percurso” que podem impedir a erecção. Estas dividem-se em:
1. Psicogénicas – ansiedade de performance, problemas situacionais do casal, diminuição da líbido (desejo), stress e cansaço diário, depressão, etc..
2. Orgânicas – que podem ser neurogénicas (lesões da medula, neuropatia por diabetes, alcoolismo, etc.), hormonais (tumores da hipófise, do hipotálamo, tratamento anti-androgénico), arteriais (envelhecimento, aterosclerose, diabetes, traumatismo), cavernosas (doença de La Peyronie, fibrose, traumatismo) e fármacos ou drogas (tabaco, bloqueadores beta, diuréticos tiazídicos, espironolactona, estatinas).
3. Mistas – em que ambos os tipos de alterações estão presentes.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito sobretudo pela história médica e psico-sexual, e no exame físico do doente. O médico de família tentará encontrar factores de risco importantes como a diabetes, doença cardíaca isquémica, hipertensão arterial e hipercolesterolémia (colesterol elevado), podendo ser necessário a obtenção de análises gerais ou até mesmo a referenciação a consulta de Urologia.
TRATAMENTO
As opções terapêuticas têm evoluído muito nos últimos anos, permitindo corrigir a disfunção eréctil e propiciar satisfação à relação sexual. Na discussão das várias alternativas é sempre importante contar com a presença da companheira sexual para melhor compreensão do problema e procura da melhor alternativa terapêutica para o casal.
Todos os doentes devem ser aconselhados a manter um estilo de vida saudável, evitando o consumo de álcool e tabaco, mantendo atividade física regular e alimentação equilibrada. É também muito importante que o casal conheça a evolução da sexualidade com a idade, nomeadamente da necessidade de reajuste das técnicas sexuais e da importância dos preliminares e lubrificação.
As restantes intervenções dividem-se em:
1. Aconselhamento – terapia de casal (problemas da comunicação e a ansiedade de “performance”);
2. Medicamentos orais – constituem hoje a 1ªlinha para a maioria dos doentes os inibidores da 5-fosfodiesterase (vardenafil-Levitra®, sildenafil-Viagra® e tadalafil-Cialis®). Apesar de terem alguns efeitos adversos e contra-indicações (nomeadamente nos doentes medicados com nitratos), são medicamentos bastante seguros mas que devem ser sempre prescritos por um médico, que deverá avaliar a segurança da sua administração).
3. Tratamento local – como as injecções intra-cavernosas ou intrauretrais e os dispositivos de vácuo, que são úteis nos indíviduos que têm contra-indicação para os fármacos orais;
4. Tratamento cirúrgico – cirurgia vascular e prótese peniana, reservadas para casos muito específicos.
Não se esqueça que o mais importante é abordar este assunto com o seu Médico de Família, ele saberá ajudá-lo a encontrar a solução que melhor se adequa ao seu problema.
Por: Carina Antunes e Ana Calafate(*)
(*) Médicas do Lar de S. Lourenço – Ermesinde
|