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    Arquivo: Edição de 15-02-2010

    SECÇÃO: Editorial


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    A Cultura hoje

    Nunca foi tão difícil separar o trigo do joio nesta sociedade sem referências, sem valores para além dos mercantis. Quem estabelece o que vale?

    Esta desorientação, aparente ou real, em que vivemos sobre o ponto de vista cultural, extremamente confuso e vazio, neste início do século XXI, mostra-nos uma sociedade em que predomina “uma cultura de celebridades”, o importante é ser conhecido, por quê não importa.

    O valor de uma obra não reside apenas no sucesso estético, mas no seu valor de mercado, na sua cotação, seja o autor artista plástico, músico, actor, escritor.

    Ser artista já não é apenas criar obras que sejam reconhecidas no futuro, hoje é preciso criar uma imagem, é estar sempre presente nos locais certos para que se crie e mantenha uma imagem e é essa imagem que é cotada.

    Dantes a arte era uma espécie de “antimundo” (1). Em especial na época moderna a arte vanguardista era caracterizada pela sua «oposição às normas institucionais, aos costumes, aos valores estabelecidos (…). A arte era, e desejava ser, um outro mundo, um mundo à parte, com outras leis, outras normas, em conflito com o mundo do mercantilismo e do dinheiro (…). Hoje em dia, o universo da arte participa plenamente nas leis do sistema mediático e económico» (2).

    São feiras, bienais, centros de arte moderna, galerias e os próprios museus que alugam as suas obras. O mercado mundial da arte passou de 27,7 mil milhões de euros, em 2002, para 43,3 em 2006 (3). Em 2008, o Museu Picasso alugou as suas obras-primas por 15 milhões de euros (4).

    E que dizer dos diferentes programas tipo “Big Brother”, onde as pessoas se expõem para serem célebres, nem que seja pelas piores das razões. Outros programas funcionam como convite à realização de um sonho, ensinando os concorrentes a serem estrelas. A nada disto é indiferente a comercialização, a concorrências entre os media, paralelamente surge ou desenvolve-se uma imprensa sensacionalista que em nada contribui para a cultura, no entanto ela cresce porque se vende.

    É neste mundo confuso, e acima de tudo consumista, que temos de fazer as nossas opções, nada fáceis para quem tenha algum pudor em afirmar, muitas das vezes, que o rei vai nu.

    (1) e (2) Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “A Cultura-Mundo – Resposta a uma Sociedade Desorientada”.

    (3)“Le Monde”, 11 de Março de 2008, “Maastrich, foire de démesure, expose un secteur florissant”, referência de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy na obra citada.

    (4)“Le Monde”, citado por Lipovetsky/Serroy.

    Por: Fernanda Lage

     

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