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    Arquivo: Edição de 15-10-2009

    SECÇÃO: Arte Nona


    Jonathan: o fascínio do Extremo Oriente

    Terminamos hoje uma série de três artigos, que dedicámos à colecção Clássicos da Revista Tintin, uma edição conjunta ASA/”Público”, destacando mais uma das obras aí publicadas e que nos merece também um olhar de muita atenção, referimo-nos a “Jonathan”, de Cosey.

    Também neste caso, o autor sabe encontrar o seu caminho das pedras para nos maravilhar. Desta vez é o Extremo Oriente, com duas estórias localizadas no Tibete (sob a China) e em Myanmar (Birmânia) e nas quais se alia a todo um exotismo e mística milenares, o quadro político muito actual de duas sociedades dilaceradas por um poder totalitário.

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    De facto não se pode dizer que a colecção Clássicos da Revista Tintin, se bem que extremamente cuidada na edição (as capa mate, com badanas e textos de apresentação de Carlos Pessoa, nos álbuns em que intervém) seja muito homogénea. A par de algumas obras-primas, também surgem algumas obras menores de puro entretenimento, relativamente às quais não nos iremos pronunciar.

    Mas tal como”Vasco”, de Gilles Chaillet, e “Buddy Longway”, de Derib, “Jonathan” merece bem meia dúzia de linhas. Antes disso apenas uma ressalva, para o argumento cinematográfico espectacular de Greg em “Bernard Prince”, bem como para os desenhos de Herman, numa obra que não queríamos deixar esquecida na colecção.

    Mas voltemos a Cosey e “Jonathan”. O protagonista criado pelo belga Cosey (pseudónimo artístico de Bernard Cosandey), um ocidental apaixonado pela cultura oriental, surge em 1975 na revista “Tintin” , com a estória “Souviens-toi Jonathan” (em Portugal “Lembra-te Jonathan”, 1976), primeiro tomo (álbum original 1977) de uma série de catorze (à data), a que se seguem “Et la montagne chantera pour toi” (1976, álbum original 1977), “ Pieds nus sous les rhododendrons” (1976; em Portugal “Pés descalços sob os rododendros”, 1977; álbum original 1978), “Le berceau du Bodhisattva” (1977; em Portugal “O Berço de Bodhisattva, 1978; álbum original 1979), “L’espace bleu entre les nuages” (1978; em Portugal “O espaço azul entre as nuvens”, 1979), “Douniacha, il y a longtemps” (1979; em Portugal “Douniacha, há muito tempo atrás”, 1979; álbum original 1980), “Kate” (1980; em Portugal e álbum original 1981), “Le privilège du serpent” (1981; em Portugal “O Privilégio da serpente”, e álbum original, ambos em 1982), “Neal et Sylvester” (1982; álbum original 1983), “Oncle Howard est de retour” (1984, álbum original 1985), “Greyshore Island” (1985; álbum original 1986), “Celui qui mène les fleuves a la mer (1997), “La saveur du Songrong” (2001; em Portugal “O Sabor do Sangrong, 2009) e “ELLE ou dix mille lucioles” (2008; em Portugal “Ela ou Dez Mil Pirilampos”, 2009).

    A grande actualidade dos dois tomos publicados agora na colecção ASA/“Público” é evidente e a edição só por isso já merece os maiores elogios, qualidade aliás reconhecida pela crítica portuguesa, que lhe atribuiu um dos Prémios Nacionais de Banda Desenhada no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, este ano. E, por falar em prémios, já agora refira-se também a atribuição do Prémio para o Melhor Álbum, em 1982, no prestigiado Festival Internacional de Angoulême, a “Kate”, sétimo tomo da série de “Jonathan”.

    Quanto a Cosey, ele é também o autor do díptico “À la recherche de Peter Pan2 (1984), “le Voyage en Italie” (1988-1989), “Orchidéa” (1990), “Saïgon-Hanoi” (1992, Alph’Art para o Melhor Argumento, em 1993), “Joyeux Noël, May” (1995), “Zeke Raconte des Histoires” (1999), “Une Maison de Frank L. Wright et Autres Histoires d’Amour” 2003) e “Le Bouddha d’Azur” (2005).

    No texto em que Carlos Pessoa nos propõe “Jonathan”, considera o crítico: «(...) Entre os dois pólos de uma viagem constante, o herói nunca perde de vista aquele que é o seu objectivo maior – a demanda do sentido da vida e dos laços significativos que unem (ou devem unir) todos os seres. Mais do que mera ligação física entre dois pontos geográficos, o que parece animar Jonathan é o prazer da descoberta do que está para além do acidental e do efémero. Por outras palavras, o seu percurso e as suas descobertas situam-se, sobretudo, numa geografia subjectiva que é proposto a cada leitor identificar e sentir (...).

    Depois, quer do ponto de vista gráfico, quer do ponto de vista narrativo, a obra é uma autêntica jóia, lapidada como um diamante, e em que o íntimo, doloroso e muito pessoal se cruza, de facto, com o grandioso, terno e universal, num jogo, ao mesmo tempo, de mistérios, aventura e silêncios.

    Por: LC

     

     

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