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    Arquivo: Edição de 20-12-2008

    SECÇÃO: Crónicas


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    Ermesenda ou Ermesinda

    Contributo para esclarecimento da origem do topónimo

    da actual cidade de Ermesinde

    Para o efeito, segue-se uma listagem de damas medievais com o nome de Ermesenda ou Ermesinda referenciadas entre os séc. VIII e XII:

    Ermesenda Pelays (Pais) (739) – filha de Pelayo ou Pelágio, chefe dos resistentes asturianos à invasão árabe. Casou com o conde das Astúrias que foi o rei Afonso I das Astúrias ou Oviedo.

    Ermesinda de Carcassone (785-849) – mulher do conde Belenguer de Barcelona.

    Ermesenda de Narbonne (?) (Condado de Barcelona?).

    Ermesenda Gatones (878) – condessa de Coimbra, mulher do conde e conquistador de Coimbra, Hermenegildo Guterres e filha do conde Gaton da Galiza.

    Ermesinda Guterres (929-934) – filha do conde Guterro Mendes de Coimbra, irmã de S. Rosendo (Rosendo ou Rosindo Guterres) e do conde de Coimbra, Múnio Guterres. Casada com o conde de Deza (Entre Minho e Lima), Paio Gonçalves (Betotes), irmão do conde de Portugale, Hermenegildo Gonçalves (Betotes) e cunhado da condessa Mumadona Dias. Irmã de Ausenda Guterres, também cunhada de Mumadona, por ter casado com o irmão desta, Ximeno Dias e também com o rei de Leão, Ramiro II (?) ou então com o filho de Mumadona, sua cunhada, Ramiro Mendes.

    Ermesinda Moniz (962) – sobrinha da anterior, filha do conde Múnio Guterres de Coimbra e irmã do conde Gonçalo Moniz de Coimbra.

    Ermesinda Fernandes (1037-1048) – filha de Fernando Sandines e casada com Gonçalo, Froilaz, filho de Froila Gonçalves (o que se associou a Almançor no saque a Santiago), que, por sua vez, era filho do conde Gonçalo Moniz de Coimbra (acima).

    Ermesenda Eiriz (séc. X) Mulher de Arnaldo de Baião (?).

    Ermesenda Gonçalves, da Maia (1037) Devota – filha de Gonçalo Trastemires da Maia, irmã de Mendo Gonçalves e tia do prócere Soeiro Mendes da Maia, o Bom.

    Ermesinda Garcia – (1048-1102) – senhora da Vila e Igreja de Santa Maria de Alvellos (Lamego) com bens em Cinfães, Sande, Macieira, Cortegaça, Abrunhais e Cambres (Lamego) e casada com Soeiro Viegas, filho de Egas Moniz, o Gasco ou Velho, de Paço de Sousa, bisavô de Egas Moniz, o Aio.

    Ermesinda (séc.XI) –casada com o rei Ramiro I de Aragão.

    Ermesenda Moniz (1090-1128) e sua irmã Elvira Moniz, devotas. Primas de Ermesenda – Gonçalves (acima) e padroeiras do mosteiro de Pendorada e filhas de Múnio Viegas, o Gasco III, governador de Anégia, Arouca e Penafiel de Sousa e patrono do Mosteiro de Pendorada, casado com Unisco Trastemires, irmã de Gonçalo Trastemires da Maia e tia de Ermesenda Gonçalves da Maia.

    Ermesinda Viegas de Ribadouro (1082-1166) – filha de Egas Moniz, o Gasco IV, e sobrinha de Ermesenda Moniz (acima) e neta de Múnio Viegas, o Gasco III.

    Ermesenda Eanes (não identificada), donatária do mosteiro de Pendorada.

    Ermesenda de Nespereira (Lousada ?) (1136) – referida com o filho como donatários do mosteiro de Pendorada.

    Ermesenda Guterres (1141) – abadessa do mosteiro de S. Cristóvão de Rio Tinto a quem Afonso Henriques concedeu Couto em 1141. Era irmã de Gontinha Guterres, mulher de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador.

    NOTAS:

    Ilustração RUI LAIGINHA
    Ilustração RUI LAIGINHA
    (1) – O nome de Emesenda ou Ermesinda, ao passar para topónimo, toma a forma neutral ou seja Ermesinde tal como Requesendo/a passa a Requesende; Gondesendo/a, a Gondesende; Guilhulfo/a a Guilhufe; Rendufo/a a Rendufe etc. Todos topónimos derivados de nomes próprios medievais de origem germânica, de suevos e visigodos que aqui dominaram antes da invasão islâmica de 711.

    (2) – Como já referi num artigo publicado neste jornal durante cerca de meio ano, os nomes sublinhados a negrito, Ermesenda Gonçalves da Maia (séc.XI) e Ermesenda Guterres, abadessa de Rio Tinto, (séc. XII), parecem-me os mais prováveis de pertencerem à tal Ermesenda ou Ermesinda que estaria na origem do topónimo de Ermesinde que veio a substituir Asmes ou S. Lourenço de Asmes, e, segundo o Dr. Jacinto Soares, isto parece ter acontecido com o advento da República, no princípio do séc. XX, portanto bastante recente. Só que o nome de Ermesinde que dizia respeito a uma propriedade ou uma quinta e depois a um lugar e actualmente a uma rua e à própria cidade de Ermesinde, perde-se na bruma dos tempos medievos e, para mim, é indubitável que tal nome pertenceu a uma dama medieval proprietária ou ligada a este lugar, anterior ao séc. XIV, altura em que esse nome deixou de ser usado com a frequência que tinha nos séculos anteriores.

    Entre as duas damas referidas, a que parece oferecer mais probabilidades de ser a nossa Ermesenda, será a abadessa de Rio Tinto, Ermesenda Guterres que também tinha alguma ligação à família da Maia, porque sua irmã Gontina ou Gontinha Guterres era mulher do Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador. Portanto, a abadessa seria cunhada do famoso batalhador da família da Maia.

    Segundo apurei e atendendo à ligação ao mosteiro de Rio Tinto, parecem ter sido filhas dum tal Guterro Gonçalves e netas de Gonçalo Roupariz, patrono que foi daquele mosteiro de S. Cristóvão de Rio Tinto, nos meados do séc. XI, (1041-1081) e maiorino do rei Fernando Magno, de Castela e Leão, bisavô de Áfono Henriques e a cujo reino pertenciam, nesse tempo, a Galiza e Portugal até Coimbra.

    Por curiosidade, pois denota a mentalidade daqueles recuados tempos que muito beneficiou quem devia esclarecer melhor os crentes, transcrevo aqui o documento de doação de bens, datado de 1179, feito pela acima referida Gontina Guterres, mulher do Lidador e seus filhos e netos, ao mosteiro de Rio Tinto, onde sua irmã Ermesenda Guterres era abadessa. Note-se que, nesta data, já devia estar viúva, pois o marido, Gonçalo Mendes da Maia, já teria morrido por volta de 1159, portanto cerca de 20 anos antes.

    Por: Reinaldo Beça

     

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