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    Arquivo: Edição de 15-11-2008

    SECÇÃO: Destaque


    SEMINÁRIO “IMPRENSA REGIONAL - QUE FUTURO?”

    3º Painel: Jornais e Jornalistas

    Alfredo Maia destacou o crescimento dos níveis de profissionalização na imprensa regional e não poupou críticas à implantação da ERC

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Dirigido pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Alfredo Maia, o terceiro painel do dia, intitulado “Jornais e Jornalistas” contou com a presença na mesa do chefe de redacção d' “A Voz de Ermesinde,” Luís Chambel, e de Carlos José Faria, secretário-geral da UNIR (União Portuguesa da Imprensa Regional).

    O elemento do órgão de comunicação anfitrião foi o primeiro a usar da palavra para dizer que o jornalista é um mensageiro que as pessoas dos meios locais – mais pequenos – têm dificuldade em perceber quando ele empresta a sua “voz” a pessoas com quem nem sempre está de acordo. Com esta linha de pensamento pretendeu sobretudo frisar que existe uma grande diferença entre aquilo sobre o que o jornalista escreve e aquilo que pensa. Seguidamente citou uma frase extraída de um poema (“A guerra acabou há 34 anos”) do livro “Toda a Terra”, da autoria do poeta Ruy Belo: «(...) Tenho pena que agora que a guerra terminou há 34 anos mais um soldado tenha morrido por acidente em Angola», pegando nesta frase para terminar a sua intervenção e deixar desta forma um conselho ao leitor, ou seja, para que se interrogue sobre o que lê para além da aparência explícita.

    Por seu turno, Alfredo Maia começaria por salientar a importância deste seminário na discussão de problemas com os quais o jornalista lida e de que não pode fugir, bem como colocar o cidadão comum a par destes mesmos problemas. Neste último aspecto defenderia que o cidadão deveria ter um papel mais activo – logo participativo – na feitura, por assim dizer, de imprensa, pois o seu contributo iria melhor de forma significativa os nossos jornais. E nesta sequência de ideias defendeu que a “implementação” de hábitos de leitura deve ser aplicada em fases mais precoces da condição humana, sendo por isso fulcral incentivar as escolas a adquirir para as suas bibliotecas publicações jornalísticas de âmbito local. Sublinharia a importância da imprensa local e regional na nossa sociedade, desde logo como alavanca para o desenvolvimento local, e como forma de aproximar os cidadãos e a localidade onde estão inseridos.

    Já no período de debate seria questionado por Manuel Pinto – personalidade que presidiu ao painel da manhã – sobre o ponto da situação em que se encontra a profissionalização da imprensa regional, respondendo que o quadro da profissionalização reflecte que há cada vez mais jovens licenciados a trabalhar tanto ao nível da imprensa como da rádio regional. Sublinhou que este tem sido, aliás, uma das “lutas” do SJ, colocar jovens formados a trabalhar neste sector do jornalismo. Mas salientaria que para distribuir a “massa cinzenta” pelo país é extremamente necessário criar condições, e consequentemente apoios, nestes órgãos de comunicação, estando contudo confiante de que os níveis de profissionalização na imprensa regional e local subirão nos próximos anos.

    Embora não lhe tivesse inicialmente sido reservado esse papel, Alfredo Maia comentou igualmente a questão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e a liberdade de imprensa, tema que herdaria face à ausência da comunicação de José Santos Alves, do “Barcelos Popular”, tendo esta “herança” sido atribuída, digamos assim, por iniciativa de Henrique Queirós Rodrigues, que “desafiou” o presidente do SJ a tecer então a sua visão sobre o tema. Visão que foi muito crítica, tendo Alfredo Maia vincado a discordância do SJ sobre este novo modelo legislativo que veio substituir a extinta Alta Autoridade para a Comunicação Social e que condiciona a liberdade de imprensa no nosso país. Explicaria o porquê de o SJ não ter aceite o convite para fazer parte do Conselho Consultivo deste novo órgão legislador, ficando esta posição essencialmente a dever-se ao facto de este ser um órgão destituído de funções próprias, com uma estrutura desproporcionada (oito representantes do poder económico, cinco do Estado e somente um representante dos jornalistas). Lançaria críticas à partidarização da ERC, na forma como foram escolhidos os membros para o seu Conselho Regulador, um órgão que em seu entender se encontra concentrado entre os dois partidos mais representativos do Parlamento, facto que condiciona e muito a sua independência. Mesmo perante esta posição crítica, o SJ afirma-se disposto a discutir em conjunto com a ERC todos os problemas que afectam a classe. A ERC foi aliás um dos alvos explícitos da comunicação – intitulada “A Legislação e o Estatuto do Jornalista” – de Carlos José Faria. Entre outros pontos, o antigo director do nosso jornal focou a perda de liberdade de expressão com o aparecimento da nova entidade, em consequência das alterações feitas no estatuto do jornalista. O fim do porte pago em 2010 – tema para o qual muitos participantes neste seminário mostraram a sua preocupação –, foi outro dos pontos focados pelo representante da UNIR que, mesmo perante estas barreiras com que a imprensa se tem deparado, deixou uma mensagem de esperança aos novos e novas jornalistas.

    Por: Miguel Barros

     

     

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