SEMINÁRIO “IMPRENSA REGIONAL - QUE FUTURO?”
2º Painel: Vivências e Perspectivas na Imprensa Regional
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Foto MANUEL VALDREZ |
O painel “Vivências e Perspectivas da Imprensa Regional”, a que tive a honra de presidir, motivou vivo e prolongado debate, cruzado com experiências que a um tempo traduzem as potencialidades e limitações da informação regional.
A Imprensa Regional, definida pela territorialidade que determina a sua expressão espacial, é uma realidade complexa e de grande diversidade. Na amplitude de um conceito de geografia variável, cabem projectos informativos de natureza meramente local, de periodicidade diversa, e outros, sobretudo semanários, que se configuram ao território regional e se afirmam como órgãos mais profissionais e profissionalizantes.
Foi assinalada a mudança de qualidade registada na Imprensa Regional através da profissionalização crescente dos seus recursos humanos e da absorção de uma fatia considerável de jovens jornalistas saídos dos cursos de Comunicação Social.
Essa mudança é essencial para garantir uma informação de qualidade que responda aos anseios do universo de leitores que é a sua razão de ser. É imperioso repensar a Imprensa Regional, no sentido de ela ser capaz de responder à mudança de paradigma operada pelas mutações tecnológicas. Neste aspecto, foi reafirmado que as edições “on line” constituem um campo de grandes potencialidades para amplificar a informação a uma escala mais global.
Foi sublinhada a necessidade de dar mais atenção às condições económicas e financeiras das empresas, abordar o mercado com maior eficácia, produzir inovação, de forma a concretizar um melhor posicionamento estratégico, garantindo condições de sustentabilidade.
A supressão do porte pago, pelo governo, foi apontada como um rude golpe na Imprensa Regional, e, do mesmo passo, considerada uma medida profundamente negativa na manutenção e divulgação da Língua Portuguesa nas comunidades portuguesas do estrangeiro. Esta decisão enfraquece substancialmente a relação dessas comunidades com a sociedade portuguesa.
Foi defendido que a Regionalização, no modelo das 5 Regiões Plano, como maneira de configurar o país duma forma adequada do ponto de vista territorial, poderá contribuir, de forma decisiva, para potenciar a Imprensa Regional, que tem um papel insubstituível na consolidação da coesão social das regiões, pelo serviço público que é parte inteira da sua natureza.
Foi referida a importância das memórias e dos afectos no jornalismo de proximidade, que a Imprensa Regional reflecte, e do seu contributo para a salvaguarda identitária.
Finalmente, foi reconhecida a necessidade de prosseguir o debate sobre o futuro da Imprensa Regional e sublinhou-se o interesse deste Seminário, promovido pelo jornal “A Voz de Ermesinde”, que assim realizou uma excelente forma de comemorar os seus 50 anos.
Por: Fernando Paulouro Neves (*)
(*) Director do “Jornal do Fundão”
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