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    Arquivo: Edição de 15-10-2008

    SECÇÃO: Destaque


    REUNIÃO DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE ERMESINDE

    Força popular fez-se notar na Assembleia de Freguesia

    O povo saiu em peso a terreiro para lutar pelos seus direitos. Poderia ser muito bem esta a frase que caracterizaria a última reunião da Assembleia de Freguesia de Ermesinde, ocorrida na noite do passado dia 29 de Setembro. De facto, esta sessão contou com uma elevada presença de populares – cenário pouco comum em matéria de reuniões, quer do Executivo quer da Assembleia de Freguesia – que mostraram a sua indignação perante factos recentes passados no nosso burgo. A falta de condições no novo Centro de Saúde de Ermesinde e a redução do número de autocarros com destino à zona de Sonhos foram duas acaloradas questões trazidas à Assembleia pelos populares.

    Na parte final da sessão foi possível perceber que as relações entre o presidente da Junta de Freguesia, Artur Pais, e os seus correligionários do PSD já tiveram melhores dias!

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Antonino Leite, presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia de Ermesinde (AFE), começou por endereçar os seus agradecimentos pessoais a todos aqueles que, nos últimos dias, lhe tinham apresentado votos de pesar pelo recente falecimento da sua mãe. Aliás, mais à frente nesta reunião, a bancada do PSD propôs um voto de pesar quer pelo falecimento da progenitora do presidente da mesa da Assembleia, quer pelo do paroquiano António Maria Esteves, recentemente falecido durante o passeio dos idosos levado a cabo pela Junta. Proposta que seria naturalmente aprovada por unanimidade.

    Após este apontamento de pesar, o público – que lotou por completo o Salão Nobre da Junta – fez-se ouvir, sendo que o primeiro a usar da palavra foi Manuel Teixeira Pinto, porta-voz da Comissão de Moradores da zona de Sonhos. A indignação destes paroquianos – da qual já fizemos eco na edição passada do nosso jornal – ia no sentido da recente decisão da STCP em criar uma nova variante para a carreira 703 – precisamente a que serve a zona de Sonhos –, ou seja, desde 8 de Setembro que parte dos autocarros desta linha têm o seu término em Ermesinde (junto à estação), não prolongando o seu percurso até Sonhos como até então sempre fizeram. Resumindo tudo isto, a população de Sonhos tem agora muito menos autocarros (houve uma redução de 50%) a servi-la diariamente. Manuel Teixeira Pinto recordou então que em Janeiro último a STCP havia tomado a decisão de alterar o horário desta carreira aos sábados e domingos (para de 90 em 90 minutos), medida essa que na altura deu origem a uma acção de protesto dos moradores desta zona. Segundo o paroquiano, a STCP prometeu na altura rever esta decisão, só que até hoje nada foi feito e agora piora a situação com a criação de uma nova variante e consequente redução do número de autocarros a terminar naquela zona. Pinto lembraria ainda que esta promessa não cumprida pela STCP havia sido “assinada por baixo” por um membro do Executivo da JFE – que na altura acompanhou de perto a manifestação de rua dos moradores –, o qual havia dado garantias de que dentro de poucos dias a situação estaria resolvida. Promessas que afinal caíram em saco roto.

    A Comissão de Moradores de Sonhos veio então por este meio fazer sentir a sua indignação e pedir – uma vez mais – que a JFE interceda por eles junto da STCP para que, de uma vez por todas, seja colocado um ponto final neste tormento.

    Indignação, e muita, foi demonstrada igualmente pela paroquiana Conceição Coelho, que enumerou uma série de lacunas existentes no recém-inaugurado centro de saúde de Ermesinde. Começou por frisar a falta de transporte para o local, uma vez que a carreira de autocarros que mais próximo se acerca do mesmo – o autocarro 704 – deixa os utentes do centro muito longe do mesmo. Não esquecendo, claro, que a maior parte destes utentes são pessoas idosas e com dificuldades motoras. Focou também a inexistência de uma rampa para utentes que se desloquem em cadeiras de rodas, aparelhos de ar condicionado nem vê-los, última situação esta que tem provocado com alguma regularidade desmaios quer em idosos quer em crianças. «O calor que se faz sentir lá dentro é sufocante. Para além disto as portas de segurança estão trancadas, as janelas não abrem, nos dias de chuva as pessoas para chegarem ao centro têm de passar por um verdadeiro lamaçal. Isto é uma vergonha. É de lamentar que não haja ninguém nesta terra que veja isto», frisou revoltada a paroquiana. Em resposta a estas intervenções Artur Pais começou por destacar como nota positiva a elevada participação do público na sessão – aspecto este que seria igualmente bem vincado pelas bancadas partidárias constituintes da assembleia –, sendo este, em seu entender, um sinal de que todos se preocupam com a cidade. Depois, informou que a entidade por si dirigida havia já enviado à administração da STCP um ofício expondo o problema da carreira de Sonhos, frisando que, com diálogo, espera repor aquilo a que a população de Sonhos tem direito. Ainda em relação aos transportes públicos informaria que há já quatro meses havia enviado uma carta à STCP para que esta estendesse o percurso da carreira 704 até junto do novo centro de saúde, mas até hoje nada foi feito em concreto para que isso acontecesse. Em relação aos restantes problemas levantados em torno do centro de saúde, Artur Pais admitiu que, de facto, é lamentável que o mesmo esteja nestas condições e que irá abordar de imediato a Administração Regional de Saúde para que esta entidade resolva o mais rápido possível todos estes problemas.

    AS INTERVENÇÕES

    DOS PARTIDOS

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    No período destinado à intervenção dos membros da Assembleia, Luís Santos (Bloco de Esquerda) seria o primeiro a usar da palavra para se juntar aos protestos dos paroquianos em relação à questão das deficientes condições do novo centro de saúde. O bloquista acrescentaria ainda ao rol de mazelas da nova unidade o facto de esta se situar num local extremo da cidade, o que dificulta o acesso de pessoas de outras zonas. A falta de sinalização informativa – nas vias de comunicação da freguesia – alusiva ao novo centro e a contínua escassez de médicos de família foram outras das questões problemáticas referentes ao centro de saúde sublinhadas por Santos. Pela positiva destacaria o facto de as escadas rolantes da estação dos caminhos-de-ferro já estarem em funcionamento e de a JFE ter finalmente concluído as obras da 3ª fase do seu edíficio.

    Carlos Ricardo traria a esta reunião algumas maleitas que persistem em não desaparecer do quotidiano da freguesia. Falta de higiene e limpeza em diversas zones residenciais (caixas de de recepção de águas pluviais cheias de lixo, o que com a chegada das primeiras chuvas poderá causar sérios problemas), inexistência de passadeiras em vários pontos da cidade, passeios mal tratados (dando exemplo de um paroquiano que recentemente teve uma queda aparatosa num passeio da Rua da Índia Portuguesa), e o preocupante estado físico de degradação (com rachas profundas bem visíveis) em que se encontra o viaduto de Ermesinde foram algumas das questões apontadas pelo socialista.

    Ricardo apresentaria ainda uma proposta de moção a enviar à Câmara de Valongo, a qual aludia à despoluição do Rio Leça, relembrando que as casas da zona foram há tempos atrás inspeccionadas uma a uma, tendo os munícipes sido intimados a canalizar as águas pluviais para a rua, requisitos – inquiridos conjuntamente pela Câmara e pela empresa Águas de Valongo/Veolia – que levados a cabo com maior ou menor esforço financeiro, foram cumpridos por todos os moradores. Acontece é que apesar de todo este esforço, e face ao aparecimento das primeiras chuvas, tem--se verificado que os rios Gandra e Balsinha continuam a descarregar as mesmas águas residuais para o Leça, tendo originado que, recentemente, a Rua de Luanda tivesse ficado inundada de águas negras e pestilentas. Os socialistas exigem pois que a Águas de Valongo/Veolia use neste caso o mesmo rigor que teve aquando das inspecções realizadas às casas para a canalização das águas pluviais. A moção seria aprovada por unanimidade.

    Juliana Silva (PS) fez saber nesta Assembleia que o tormento da Fertor poderá estar de volta a Ermesinde, informando que nos últimos dias os moradores das zonas próximas da Lipor têm sentido uns cheiros incomodativos provenientes da nova central de compostagem, propondo para isso o envio de uma moção à empresa para que se possa saber junto desta o que se está a passar. Unanimemente a AFE aprovaria a moção socialista.

    Já dentro da Ordem de Trabalhos foi posto à discussão e aprovação a revisão ao Plano Plurianual de Investimentos de 2008 e Alteração Orçamental, o qual seria aprovado por maioria, contando somente com um voto de abstenção, o do BE. Algumas dúvidas em relação a números apresentados no relatório e insatisfação pela redução de verbas nos campos da cultura e do desporto estiveram na origem da abstenção bloquista.

    Pais diria que houve um reforço monetário para adquirir mais livros para a Biblioteca da JFE e, como tal, via isso como uma mais-valia na questão da Educação e não como um aspecto negativo, ideia que o BE queria fazer passar.

    QUEZÍLIAS ENTRE

    ARTUR PAIS E O PSD

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    Um dos pontos desta Ordem de Trabalhos que fez correr mais tinta nesta Assembleia fazia referência à ratificação da declaração da freguesia como sócio benemérito da Associação Ermesinde Cidade Aberta (ECA) – Associação de Solidariedade Social.

    A bancada do PSD, na voz de Angelina Ramalho, pretendeu esclarecimentos profundos sobre este ponto, querendo sobretudo saber de que forma exacta a JFE pretendia colaborar com esta nova associação, uma vez que esta possível colaboração estava muito pouco clara na proposta apresentada. Pais enalteceria o surgimento desta associação, lembrando que Ermesinde tem graves problemas ao nível da acção social e que ajudas como estas são sempre de louvar, sendo que, como tal, a Junta não poderia ter outra atitude de que não a de colaborar com este tipo de trabalho comunitário. Informaria ainda que é intenção da JFE tornar-se sócio benemérito da ECA e que já havia falado com o dirigente máximo daquela instituição com o intuito de a edilidade ermesindense ter um papel activo no trabalho desenvolvido por esta.

    Angelina Ramalho, visivelmente insatisfeita com a resposta de Pais, começou por explicar que a bancada social-democrata não estaria a pôr em causa o trabalho que esta nova associação pretende levar a cabo na comunidade, como inicialmente os presentes poderiam estar a pensar, longe disso, realçando a nobreza e necessidade do trabalho que irá ser desenvolvido. Pretenderia saber sim qual o papel concreto que a JFE – que teria já contribuído com a doação à associação de uma verba de 5 000 euros – iria ter junto da ECA. Angelina Ramalho lembrou que a Assembleia (AFE) tem o direito de ser esclarecida sobre todos os assuntos relacionados com a Junta, dizendo em seguida que a AFE está farta das respostas vazias de conteúdo que vêm sendo proferidas por Artur Pais. Tendo esta declaração provocado algum espanto na sala, a deputada do PSD usaria mais tarde da palavra para lembrar que a AFE ali se encontra para fiscalizar o trabalho de todo o Executivo, onde Pais se incluía, como é óbvio. Recordaria igualmente que do programa eleitoral da lista encabeçada por Artur Pais constava a criação de um Gabinete de Acção Social, projecto esse que ainda não se viu. Visivelmente irritado com a oposição feita pelo próprio partido – como fez questão de referir – o presidente da Junta voltou a sublinhar que a entidade por si dirigida quer colaborar com a ECA no sentido de desenvolver um trabalho no campo social. Informaria ainda que quanto ao Gabinete de Acção Social da Junta, iria começar a trabalhar nesta edilidade, a partir de 1 de Outubro, uma técnica deste sector indicada pelo Centro de Emprego de Valongo. Depois de largos e acesos minutos de discussão o texto desta proposta seria alterado com algumas modificações ditadas pelo PSD e, finalmente, posto à votação, tendo então sido aprovado por unanimidade.

    Mas que as relações entre Artur Pais e os seus correligionários do PSD já conheceram melhores dias disso não parecem existir dúvidas depois desta sessão.

    Por: Miguel Barros

     

     

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