Despoluição do Rio Leça estará terminada no final deste ano
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Em meados de Novembro o processo de despoluição da água do Rio Leça estará concluído. A informação foi avançada por José Luís Pinto, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Valongo, aquando da visita às margens do rio, no passado dia 19 de Junho.
Nesta altura a despoluição está a decorrer no troço A5, localizado em Alfena, mais especificamente na zona de Aldeia Nova. A limpeza prosseguirá no troço A6, em Cabeda, e culminará na ETAR de Ermesinde. No total faltam quatro troços para concluir a despoluição.
Este é um projecto inédito e já começou a produzir efeitos. Entre Abril de 2007 e Abril deste ano foram realizadas vistorias a 9 695 habitações, 223 das quais não estavam ligadas ao saneamento, 2 777 tinham saneamento mas estava mal ligado e as restantes 5 696 habitações tinham saneamento bem ligado.
É de referir que em alguns casos as pessoas não tinham comhecimento que o saneamento de suas casas estava mal ligado. José Luís Pinto deu o exemplo de um prédio em Alfena, situado nas margens do Rio Leça, que não possuía qualquer tipo de saneamento. Acrescentou que, «na maioria dos casos, as pessoas até já pagam a taxa de saneamento, mas não estão ligadas à rede e nem sequer têm consciência disso», referiu.
José Luís Pinto alertou para a necessidade de sensibilização da população, de forma a que se mostrem interessadas em fazer as devidas ligações ao saneamento e demonstrem preocupação em não poluir. «Enquanto estiverem a fazer mal não se pode melhorar», argumentou o vereador do Ambiente.
SEMINÁRIO
“A CIDADE
E OS RIOS”
Decorreu nos dias 12 e 13 de Junho um seminário alusivo ao Projecto “Corrente Rio Leça”. O objectivo foi «falar da água numa perspectiva de desenvolvimento sustentável», declarou José Luís Pinto, à margem do seminário.
O primeiro dia foi direccionado para a comunidade escolar e contou com a apresentação de projectos escolares levados a cabo pela Escola Secundária de Alfena e EB 2,3 de Alfena.
“Reavivar o Leça” foi o projecto desenvolvido pela Escola Secundária de Alfena, durante este ano lectivo. Mas esta escola já iniciou a tarefa de sensibilização em 2006 com o projecto “Unidos pelo Ambiente”.
As escolas têm sido um elemento bastante activo no projecto “Corrente Rio Leça” e mais uma forma de sensibilizar a população para o problema da poluição. «Quem polui o Rio Leça é a população de Valongo», declarou António Gomes, da Escola Secundária de Alfena. «É necessário desenvolver nos alunos um espírito ecológico», acrescentou. Outra das iniciativas levadas a cabo por este estabelecimento de ensino foi o projecto “Upaa” – que consistia na recolha de água do rio Leça e posterior análise.
Jorge Ribeiro, também professor na Escola Secundária de Alfena apresentou o “Diploma Cool” – trata-se de um certificado entregue aos voluntários que, além de visitar o Rio Leça, desenvolvam trabalhos sobre o mesmo e verificam se a ligação de sua casa está dentro dos parâmetros legais.
Rosete Moreira, professora na EB 2,3 de Alfena apresentou o projecto “Vamos abraçar o Rio Leça”, uma iniciativa que pretende dar um contributo ao Leça e já conta com dois anos de trabalho. Foram levadas a cabo recolhas de água na nascente e na foz e posteriormente comparadas. As conclusões foram óbvias: a água da nascente estava incomparavelmente melhor do que a da foz.
Esta escola desenvolveu ainda acções de formação para professores e desdobráveis com os resultados das análises feitas à agua.
O seminário contou também com a participação do chefe da Direcção de Protecção Ambiental da Câmara Municipal de Valongo, Fernando Neves, que frisou a importância do desenvolvimento sustentável de forma a construir um futuro com um melhor ambiente.
GRUPOS
DE TRABALHO
Fernando Neves fez também referência aos cinco grupos de trabalho encarregues de limpar as margens do Rio Leça.
O grupo de limpeza das margens e detectores de focos poluidores, fazem a despoluição de acordo com as instruções da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
O grupo de saneamento faz o diagnóstico casa a casa para detectar saneamento a funcionar mal. Há um total de 40% de anomalias que já estão solucionadas.
O terceiro grupo é encarregue de fazer a monitorização da água e posterior divulgação das análises.
Depois há um grupo do voluntariado que é gerido pelas juntas de freguesia e, por fim, o grupo de sensibilização ambiental junto da população.
A intervenção seguinte ficou a cargo de Elisabete Moura da Veolia – Águas de Valongo, que centrou a sua comunicação na extrema importância da água para a nossa sobrevivência. Elisabete Moura alertou para a necessidade de «alterar comportamentos, mobilizar particulares e definir metas e planos nacionais.
DUAS SONDAS
MONITORIZAM
A ÁGUA
DO RIO LEÇA
No seminário estiveram também presentes dois representantes da Faculdade de Engenharia do Porto. Luís Cunha e Rui Marques deram a conhecer o projecto de monitorização da água do Rio Leça através de duas sondas, em fase de implementação. Uma vai ficar colocada no troço do rio que dá início ao concelho e outra no final.
Estas duas sondas foram desenvolvidas pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e são capazes de monitorizar a água tendo em conta determinados aspectos como sendo o PH, temperatura, condutividade eléctrica e oxigénio dissolvido.
O projecto prevê ainda a disponibilização dos dados online para consulta pública. O objectivo é «entregar à Maia a mesma qualidade de água que recebemos de Santo Tirso», declarou José Luís Pinto.
«Apesar de existir este problema em várias partes do globo não existia um projecto deste tipo e então fizemos a nossa própria metodologia», declarou José Luís Pinto. O vereador acrescentou que nesta altura a Câmara Municipal da Maia está a avançar com um projecto idêntico ao utilizado em Valongo, o que «prova que esta metodologia funciona».
O último dia do seminário foi dedicado ao público em geral e teve como pontos fortes a apresentação de casos de estudo internacional.
Por:
Teresa Afonso
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