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    Arquivo: Edição de 30-06-2008

    SECÇÃO: Editorial


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    «Os Homens não se medem aos palmos» e as suas obras também não

    Ao contrário do que muitas vezes se afirma nunca se publicaram e venderam tantos livros como hoje em Portugal.

    Será bom, será mau?

    Tenho com os livros uma relação afectiva muito forte, de tal modo que quando leio ou consulto um livro emprestado o manuseio com demasiado cuidado, diria mesmo que sou exageradamente cuidadosa, para que nada, mesmo nada, possa marcar esse contacto.

    Quanto aos meus, sou extremamente desordenada, gosto de os ter à minha volta, por todo o lado, todas as noites adormeço com mais do que um ao meu lado, que como eu se deixam adormecer, quantas vezes caídos ao lado da cama.

    Se um livro me entusiasmou, se eu gostei mesmo dele, quase de certeza que ficou todo anotado, pelo menos sublinhado.

    Não aconselho esta prática a ninguém, é mais um dos meus dos meus pecados!

    Estamos em vésperas da abertura de mais uma feira do livro em Ermesinde e é natural que me apeteça reflectir um pouco sobre esse acontecimento cultural na nossa terra.

    As feiras de livros tiveram um grande papel na formação dos jovens da minha geração.

    Numa época em que as mesadas eram muito pequenas, e poucos jovens as tinham, aproveitávamos a feira do livro para procurar, conhecer e comprar um ou outro livro.

    A selecção era muito criteriosa, os meios de comunicação não tinham a força e a capacidade dos dias de hoje, nós descobríamos os autores, trocávamos impressões com os nossos amigos, vivíamos esses dias à volta dos livros.

    A vida mudou, os livros também. Se eu tiver um trabalho sério, cuidado e não conhecer o meio onde se movem os interesses dos editores, certamente que terei muita dificuldade em arranjar quem mo publique, mas se eu for uma figura pública, nem que seja pelas piores das razões, não falta quem o faça, e mesmo quem o leia …

    Vivemos também uma época do consumo “volumétrico”, cada vez mais os livros nos ensinam menos mas aumentam de volume, não me refiro à imagem, há imagens que comunicam, que nos enchem a alma tal como um texto, refiro-me ao lixo embandeirado, que nos servem muito bem tratado e com muitos adereços, extremamente tentadores, muito jeitosos para escaparate de hipermercado e para um presente!...

    Ninguém gosta de dar um livrinho de pequeno formato, não tem peso…

    E quem escreve, e quem lê, e quem vende, menciona sempre o número de páginas.

    Os próprios trabalhos académicos são cada vez mais volumosos, mas terão por isso mais conteúdo?

    Porque vamos ter feira, e as feiras sempre estiveram associadas a festa, é também em festa que devemos louvar e aproveitar para revisitar algumas das memórias da nossa terra, reunidas e publicadas pelo nosso conterrâneo Jacinto Soares.

    Vamos à feira procurar bons livros, conhecer autores e esquecer o número de páginas e as acções do marketing televisivo…

    Por: Fernanda Lage

     

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