Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-05-2008

    SECÇÃO: Opinião


    A candidatura da esquerda

    A um ano e meio das eleições autárquicas começam os partidos do centro (PS e PSD) a escolher os candidatos a “Presidentes” da Câmara.

    A candidatura do PSD (com ou sem CDS, falta saber), aparentemente, não trará novidades; o candidato é o mesmo de sempre, apesar de, já no mandato anterior, ter mostrado pouca vontade para governar e muita falta de ideias e dinamismo. Durante três anos, praticamente nada foi acrescentado ao que tinha sido feito em anteriores mandatos e teve sucessivas divergências e atritos com os restantes elementos da sua equipa, que de equipa teve pouco, tão flagrantes eram as oposições e conflitos que a atravessavam.

    A novidade destas eleições é o putativo candidato do PS. Velho nestas andanças da política, este “destacado militante e dirigente do PS” do concelho de Valongo tem afirmado estar muito motivado para liderar uma candidatura ganhadora às próximas autárquicas e até já veio colocar a possibilidade de uma coligação à esquerda, que juntaria PS, CDU e BE.

    O sentimento que tive ao ler esta entrevista foi de alegria. Até que enfim que um candidato do PS em Valongo pretende juntar--se a um partido de esquerda para governar a CMV!

    Rapidamente, porém, comecei a ficar desanimada. Pode até Afonso Lobão querer realmente governar à esquerda, com a promoção no concelho de políticas fundamentadas democraticamente e de acordo com as necessidades da população; mas e os restantes dirigentes do partido? E como poderão as outras forças de esquerda e os eleitores acreditar que o PS na Câmara de Valongo seria diferente do PS no Governo, com as suas políticas neoliberais e o seu ataque aos mais básicos fundamentos da nossa democracia, incluindo o Poder Local?

    Com efeito, a acção do PS no Governo tem, entre outros efeitos, criado grandes dificuldades à gestão das autarquias, que se vêem a braços com um número crescente de competências sem que essas competências venham acompanhadas da correspondente atribuição de verbas.

    No concelho de Valongo, por ser turno, o PS tem-se aliado, no essencial, ao PSD, ainda que procure dar uma imagem de contestação, com o seu estilo trauliteiro e a sua política de “terra queimada”.

    Ainda na última reunião da Junta de Freguesia de Ermesinde, o PS mostrou-se favorável a uma possível gestão privada do próximo cemitério a construir em Ermesinde. Para o PS, conceder a privados a gestão de um serviço que tem sido prestado com qualidade pela Junta e que tem dado lucro à autarquia não é um erro. Em Elvas, uma Câmara PS, a gestão privada do cemitério conduziu a que os preços passassem a ser três vezes superiores aos pagos em Lisboa, Câmara também ela PS, mas onde a gestão dos cemitérios permanece, pelo menos para já, pública. No Governo, como em Elvas, o que parece interessar é mesmo o favorecimento dos interesses privados. Afinal de contas, só há um PS...

    A ideia que a CMV pode controlar as taxas pagas nos serviços concessionados não passa de mera ilusão. Será que ao PS não chegam os exemplos do que está a acontecer com os valores pagos pela água ou até mesmo do que aconteceu com as taxas dos parquímetros?

    Perante os factos, ficam as incertezas. Será possível que os partidos de esquerda aceitem coligar-se com um partido que, apesar de proclamar representar a esquerda, governa cada vez mais a direita, em prejuízo do interesse público e das expectativas e necessidades do grosso da população? Será possível elaborar um efectivo programa de esquerda, equilibrado e passível de ser respeitado pelo PS?

    Pessoalmente, tenho sérias dúvidas.

    Por: Sónia Sousa

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].