Flores de Abril
É Primavera, e Abril é desse tempo, tempo de encantamento e de sonho.
As casas ainda cheiram a lavado, perfumadas de alecrim e alfazema para receber a visita pascal…
É assim o campo, e todos os anos se repete, tal como todos os anos se festeja Abril...(...)
(...)
E as papoilas vermelhas entre o verde das searas, ou salpicando as margens dos caminhos junto dos malmequeres, das margaridas, das sete sangrias, das pequenas ervilhas selvagens.
Abril dos cheiros, das cores, dos aromas e temperos, rosmaninhos, rosas, cravos...
«(...)
E quando agarro a madrugada
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada
um malmequer azul na cor
O malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém
o malmequer desta cidade
que me quer bem que me quer bem!
nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem
flor de Lisboa bem arrumada
que mal me quis que me quer bem!»
José Carlos Ary dos Santos
«O cravo depois de sêco
Senefica amôr perdido
ainda creira não posso
tirar de ti o sentido»
Quadra popular dos Lenços de Namorados
«Pintada no dourado das searas,
frágil papoila rubra dos trigais,
lembra um rubi em flor, é jóia rara,
dançando ao som dos ventos estivais.
Papoila, prisioneira do suão,
cativa do chão seco onde se deita,
irmã da triste espiga magra em pão,
sofre com ela a dor de má colheita.
Mas quando a aurora rompe em alvorada,
as pétalas sedosas, encarnadas,
plo espaço, vão libertas esvoaçando,
E a humilde papoila colorida,
é lágrima de sangue, dor sentida,
que em desalento a terra vai chorando».
Orlando Fernandes
Por:
Fernanda Lage
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