Arquivo: Edição de 15-04-2008

“Cor Da Pele – Um Rosto Diferente” encerra MTA

A Mostra de Teatro Amador (MTA) encerrou no passado dia 11 de Abril no Fórum Cultural de Ermesinde com a peça “Cor da Pele – Um Rosto Diferente”, a representação esteve a cargo do ENTRETanto Teatro. O processo criativo do espectáculo desenvolveu-se a partir de uma co-produção internancional entre o ENTREtanto Teatro e o Teatro Casa (Salgueiro – Brasil). O tema forte da peça foi a “Diferença” abordando questões relacionadas com o preconceito, a xenofobia, o racismo, entre outros temáticas.

Tudo começa com duas irmãs gémeas que partilham a ânsia do conhecimento e o sonho de um dia se tornarem princesas.

Partem à descoberta desse novo mundo, «numa viagem com ou sem volta», mas ao longo da jornada a fantasia vai perdendo todo o seu encanto.

O enquadramento cénico da peça seria digno de um conto infantil. Dezenas de rostos de todas as cores e feitios a povoarem o palco – princesas, um rei, uma rainha, uma família cor-de-rosa, vampiros, palhaços, extra-terrestres – e duas irmãs divertidas e curiosas, que em perfeita sintonia, saltitam pelo palco, soltando questões sempre com uma dose de bom humor.

A plateia atenta preenchia na totalidade o auditório do Fórum Cultural de Ermesinde.

No decorrer da “viagem”, as duas irmãs deparam-se com um pouco de tudo, mas principalmente com aquilo com que não estavam à espera. Prisioneiros. Vampiros que vagueavam pelo reino à procura de sangue. Uma família de palhaços que desespera por um sustento e que, por isso vive infeliz.

Descobrem pessoas de outras raças que são discriminadas; homens que nunca estão satisfeitos e anseiam sempre mais; crianças que vivem num mundo dominado pelas novas tecnologias e que as influência negativamente.

Já nem a família cor-de-rosa, apesar das maravilhas que relata, as convence a viver naquele lugar, outrora tão desejado.

O sonho de virem a ser princesas desvanece-se à medida que vão avançando na viagem, e chegam à conclusão que podem ser felizes mesmo não pertencendo a um reino.

O texto da peça da autoria de Júnior Sampaio, dramaturgo, encenador e actor, é dotado de um carácter formativo, educativo e social, alertando-nos para problemas da sociedade contemporânea na óptica de duas culturas distintas: a portuguesa e a brasileira.

O PROCESSO

CRIATIVO

O espectáculo foi desenvolvido a partir de uma cooperação entre o ENTREtanto Teatro e o Teatro Casa (Brasil).

Foi solicitado a crianças dos quatro aos oito anos de idade, oriundas de Valongo e de Salgueiro (Brasil) que elaborassem em contexto escolar, desenhos alusivos ao tema da “Diferença”. Posteriormente foram seleccionados apenas 50 desenhos de cada país e juntamente com textos alusivos ao mesmo tema, redigidos por entidades e individualidades das duas regiões envolvidas no projecto, surgiu o texto e a concepção cénica do espectáculo final.

“Cor da Pele – Um Rosto Diferente” encerrou assim, com “chave de ouro” a Mostra de Teatro Amador de Valongo que levou à cena 11 peças de teatro, contando com um total de 1243 espectadores ao longo de dois meses de espectáculo.