Dia Mundial do Teatro
Teatro inspirado em desenhos infantis
«Na superfície do presente o teatro articula memória: do amor, do trabalho, do sonho, do futuro»
Osório Mateus
Do Teatro e outras escritas
«Chamo aqui teatro à produção de simbólico feita pelo corpo em directo»
Osório Mateus
Do Teatro e outras escritas
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Fotos URSULA ZANGGER |
A ideia subjacente à peça é sem dúvida original: crianças dos quatro aos oito anos de idade, oriundas de Valongo e de Salgueiro (Brasil) elaboraram, em contexto escolar, um total de 4 500 desenhos alusivos ao tema: “Um Rosto Diferente”.
Posteriormente, foram seleccionados apenas 200 desenhos, 100 de Portugal e outros 100 do Brasil; de seguida fez-se uma segunda selecção, de onde se destacaram 100 trabalhos (50 de cada um dos países).
A partir desta selecção e contando ainda com textos, alusivos ao mesmo tema, redigidos por entidades e individualidades das duas regiões envolvidas no projecto, surgiu o texto e a concepção cénica do espectáculo final: “Cor da Pele – Um Rosto Diferente”.
É uma co-produção internacional entre o ENTREtantoTeatro e o Teatro Casa (Salgueiro – Brasil), e apresenta uma única equipa artística com criadores dos dois países, a dirigir dois elencos, um português e um brasileiro.
Os ensaios foram levados a cabo em conjunto, com ambos os elencos, e o resultado são dois espectáculos com características artísticas comuns, que podem ser apresentados nos dois países em simultâneo. A peça aborda o tema da diferença, fazendo referência à cultura portuguesa e brasileira, e aos respectivos conceitos e preconceitos, partindo do imaginário infantil e tendo como complemento opiniões sobre o tema.
Daniela Gonçalves e Tânia Reis, do elenco português, afirmaram que «a convivência entre os dois elencos foi muito gratificante. O intercâmbio foi maravilhoso, aprendemos muito com eles, e eles também aprenderam connosco».
Júnior Sampaio, director artístico do ENTREtanto, e autor e encenador do projecto revelou que notaram bastantes diferenças culturais entre os dois países. «Enquanto os textos portugueses aludiam a princesas, sonhos, extraterrestres, os brasileiros demonstravam preocupações com necessidades básicas, falavam de fome, pobreza e violência», refere.
Este projecto contou com a participação de 21 escolas da cidade de Valongo e 39 escolas das cidades de Salgueiro, Mirandiba, Parnamirim e Moreilândia (Brasil), perfazendo um total de 4 500 crianças e 250 professores.
A apresentação do processo criativo da peça decorreu no Dia Mundial do Teatro (27 de Março), no Fórum Cultural de Ermesinde, em conferência proferida por Júnior Sampaio.
A peça “Cor da Pele – Um Rosto Diferente” entra em cena no encerramento da Mostra de Teatro Amador no próximo dia 11, no Fórum Cultural de Ermesinde, com repetição nos dias 12 e 13 deste mês.
“O QUE É O TEATRO?”
– UMA EXPOSIÇÃO PARA TODO O PAÍS VER
Desde 27 de Março até ao dia 6 deste mês, um pouco por todo o país, o Dia Mundial do Teatro está a ser assinalado com representações, debates e actividades culturais diversas, subordinadas ao tema comum – Teatro para Todos/Todos os Teatros – complementadas pela inauguração simultânea da exposição “O que é o Teatro?”, também presente no Fórum Cultural de Ermesinde.
Esta exposição temática que reproduz testemunhos documentais, alguns bem antigos, desta arte dentro e fora de portas, está ser levada a cerca de dois mil locais, em todo o País.
As autarquias estão em maior número – foram 246 as que aderiram à iniciativa, no entanto a exposição não se restringe a equipamentos municipais. Pode ainda ser visitada em dez cadeias, várias salas do Instituto Português da Juventude, livrarias e salas de teatro.
A exposição – que em muitos casos se prolonga até finais de Abril – é composta por 25 painéis, por sua vez dedicados a 12 temas. “Teatro e theatron”, “O público – um parceiro imprescindível”, “Quem paga o teatro?”, e “Teatro e tecnologia” são algumas das áreas abordadas na exposição.
A iniciativa de levar a todo o país a mesma exposição está a ser dinamizada pela Direcção-Geral das Artes, no âmbito do programa Território das Artes.
Por:
Teresa Afonso
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