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    Arquivo: Edição de 10-07-2007

    SECÇÃO: Crónicas


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    Torre dos Clérigos

    Chegaaamos…”, gritou o Manuel Pedro, o neto de oito anos, quando ultrapassou o 225ºdegrau da Torre, ex-libris da Cidade do Porto!

    Não sei se o desabafo foi de alegria ou de conquista: peripécia de aventura de menino ou o subir à torre mais alta de Portugal (76 metros).

    Conseguir ter forças para poder acompanhar a destreza do Manuel é obra! Voltar a ver o panorama do Porto e arredores é deslumbrante! Valeu o sacrifício.

    Tive dois passatempos, enquanto pisava os degraus:

    – Admirar o granito resistente das paredes, os sinos e os vários horizontes visuais.

    – Retribuir as saudações dos estrangeiros: muitos japoneses, ou seriam chineses?, e não conseguir ouvir um “com licença”.

    Há muitos portuenses que ainda não sentiram o impacto de estar no maior miradouro vertical do país! É de não perder …

    Antes das torres de televisão, onde se sobe de elevador, e se pode comer em restaurante rolante, já o Porto dispunha da “inovação”! Olhar das alturas o rio, as caves do Vinho do Porto e o Monte da Virgem enche a alma!

    O Manuel Pedro, depois de visitar a nave elíptica da igreja, vira-se para a avó, que não tinha subido, e diz:

    – Podias ir lá agora comigo! “Ias outra vez”?!, disse a convidada.

    A Torre dos Clérigos é o meu talismã, desde o dia que cheguei ao Porto no comboio do Douro para fazer a inscrição na Universidade! Como mal conhecia a cidade, saí de S. Bento e fui ao encontro do Sr. Silva Pereira, nos escritórios da Mobil perto da Ribeira. Era só descer a Rua Mouzinho da Silveira! Quando esperava que o antigo aluno de Matemáticas fosse comigo à desconhecida Faculdade de Ciência, disse-me:

    Foto ARQUIVO RUI LAIGINHA
    Foto ARQUIVO RUI LAIGINHA
    – Tenho que tratar de uns assuntos urgentes, antes de regressar a Vila Real, e não posso sair! É fácil!... vais por ali, viras acolá….; não perdes de vista a Torre dos Clérigos, a Universidade é quase ao lado; a entrada é pela Praça dos Leões!...

    Armado em reguila no encurtar caminho, na vez de regressar a S. Bento, subir a Rua dos Clérigos, fui ter ao tribunal de S. João Novo, Rua das Virtudes e à parte de trás do Hospital de Santo António, e por ter deixado de ver a Torre, só na Rua de Cedofeita é que voltei ao bom caminho. Na Praça dos Leões, vi, a sair da Faculdade, o futuro Reitor da Universidade Portucalense, Doutor Francisco Durão, antigo colega do liceu de Vila Real! Eureka: logo me levou à secretaria, tendo primeiro de passar pelos domínios do contínuo, Sr. Coelho, fardado a rigor e a pedir um dinheiro para a sebenta (!), antes da entrega dos papéis!

    Recebi a força telúrica do granito da torre, pois não voltei a perder-me; concluí a licenciatura e fui adoptado como portuense, vindo a ter a alegria de ter netos nascidos na maternidade Júlio Dinis!

    Três considerações sobre a Torre:

    – Famosa obra de Nicolau Nasoni, que conseguiu, em arte barroca, decorar o edifício em pedra granítica. (Serão blocos da antiga muralha? No café da esquina, antes da Cordoaria, ainda se vêem os restos da porta do Olival. Descendo a antiga Rua do Calvário, podemos reencontrar o muro da fortaleza do velho burgo).

    – Numa noitada de S. João, na praça do Marquês de Pombal (!), sou interpelado por um forasteiro: … “Ando perdido, vim da minha terra numa excursão, não sei onde está o autocarro”.

    – Quando saiu da camioneta, não reparou em nada de especial? “…

    – Vi uma torre grande”!

    A Torre dos Clérigos salvou-lhe a Festa!

    – No meu ano da Queima da Fitas, realizou-se um concurso para escolher o cartaz sobre o acontecimento. Ganhou o que mostrava as fitas das várias Faculdades a esvoaçarem do alto do ex-libris portuense. No passado mês de Maio, tive o prazer de ver, nos cartazes da festa académica, a palavra QUEIMA, onde o I representava a Torre dos Clérigos!

    Por: Gil Monteiro

     

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