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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2007

    SECÇÃO: Arte Nona


    O bedéfilo posto a nu

    As Edições Afrontamento deram à estampa, em Outubro de 2006, um notável ensaio, escrito a três mãos, e que tenta abordar e compreender a especificidade do público da Banda Desenhada, tomando como universo aquele que afluiu ao 16º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, realizado em 2005.

    O livro, da autoria de Helena Santos, Nelson Dona e Ana Cardoso, constitui uma importante investigação para compreender motivações tão diversas e para, a partir de olhares e preocupações à partida distintas, procurar perceber um pouco mais o fascínio da Banda Desenhada, mesmo nestes tempos de domínio do audiovisual.

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    Na contracapa de “Práticas na Banda Desenhada - Os Visitantes do 16º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora” – assim se intitula o ensaio, está incluído um excerto do livro, cuja reprodução ajuda e muito, a perceber as razões porque decidimos destacar esta obra.

    Escrevem os autores: «A banda desenhada não é apenas uma espécie de «arte do meio», nem popular nem erudita – mesmo concebendo actualmente as fronteiras entre as artes e as culturas como zonas complexas e dinâmicas, onde conflituam múltiplos e contraditórios dispositivos de afirmação, reconhecimento e apreciação. A banda desenhada continua a veicular muitos traços da sua emergência no quadro das tecnologias de reproductibilidade tornadas possíveis pela industrialização, e das tensões, hoje renovadas, entre arte e indústria, entre criação e mercado, entre apreciação estética e entretenimento compósito». E ainda mais claramente: «O fascínio de um olhar a partir da banda desenhada reside, justamente, em intentar perceber como permanecem fortes algumas dessas dicotomiasnos modos como se apresentam e representam mos seus criadores, os seus circuitos e os seus públicos.

    Nestas condições, a abordagem dos públicos de banda desenhada implica uma axiologia distinta da que, em geral, a sociologia imprime quando parte de géneros artísticos, ou actividades, cujo reconhecimento se apresenta relativamente consensual – designadamente quando procura perceber diferenças e jogos de legitimação que desafiam as interpretações redutoras de perfeita homologia entre produção e recepção, entre oferta e procura culturais».

    Sendo Helena Santos socióloga, Nelson Dona arquitecto e director do citado Festival e Ana Cardoso licenciada em Ciências da Comunicação e da Cultura fácil é perceber como estes olhares diversos puderam integrar a realidade do público do Festival.

    O livro define o universo da amostra, traça um quadro das suas principais características (quanto à instrução, género, idade, estado civil, categoria socioprofissional e local de residência), procura apurar a recorrência do público, a sociabilidade das visitas (sozinhas e, se não, com quem foram ao Festival). O estudo avança depois para a motivação das visitas, para o reconhecimento, por parte do público, de obras, temas, autores, etc., para passar depois à avaliação performativa e estética por parte deste.

    Procura, por fim, apurar práticas culturais (afluência a museus, ao teatro, ao cinema, leituras, etc., e os gostos. E, por fim, definir o perfil do bêdéfilo. Precioso!

    Por: LC

     

     

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