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    Arquivo: Edição de 15-06-2007

    SECÇÃO: Editorial


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    Na encruzilhada da vida

    Nem sempre a vida corre como desejávamos, desta vez fui eu que falhei, aos nossos leitores peço desculpas.

    A vida é isto mesmo, constituída por momentos muito diversificados, uns mais felizes, outros menos, e nem sempre o que parece é.

    Parar, reflectir, carregar energias, ouvir, são sempre momentos de crescimento, assim cada um o queira, este meu atraso foi isso mesmo, uma paragem forçada, uma lição de vida, um ouvir interior.

    Passear em Ermesinde pela calada da noite, olhar, ouvir, é muito confortante.

    São esses passeios nocturnos, encontros ocasionais com pessoas que não vemos no dia a dia, outros que se nos dirigem para falar da terra, do jornal, que se identificam com a forma como encaramos a vida ou nos criticam ajudando-nos a entender como é importante este pequeno jornal para um número muito significativo de ermesindenses.

    Aos leitores atentos eu devo este esclarecimento pelo atraso dos últimos números do jornal. Como todos sabem, um jornal com um número reduzido de colaboradores permanentes tem muitas dificuldades quando alguém por motivos de força maior tem que se ausentar.

    Esclarecido este assunto, carregadas as baterias, cá estamos nós cheios de força para ultrapassar mais este percalço e aproveitar a feira do livro para acertar agulhas.

    Parar significa quase sempre reflectir, e quando já se é sexagenária, é natural que se pense na velhice e as mudanças que o envelhecimento demográfico das populações têm vindo a provocar nas sociedades industriais modernas.

    Podemos mesmo falar numa verdadeira revolução demográfica, com efeitos muito profundos no equilíbrio proporcional dos grupos etários, contribuindo para um afastamento cada vez mais acentuado das gerações.

    Neste mundo global as famílias estão espalhadas pelo mundo, perderam o sentido profundo das suas raízes, do sentido e afecto que as uniam.

    Hoje as famílias têm novas formas de se organizarem, as pessoas são mais individualistas, e temos que encontrar novas formas de cooperação de sermos úteis, de construir a própria felicidade, contribuindo e participando na felicidade dos outros.

    Hoje eu acredito que mais que o sangue que corre nas veias, que o nome que se carrega há várias gerações, as pessoas vão identificar-se por laços de solidariedade, de amizade e amor profundo. São esses valores de amizade desinteressada, profunda, familiar ou não, que vão permitir que a velhice não se transforme num pesadelo, para o próprio e para os que os rodeiam.

    Esta sociedade consumista, do descarte, do usa e deita fora, é fértil em encontrar justificações simplistas que levam ao abandono, ao esquecimento de tantos idosos por este mundo fora.

    A ciência, ao contribuir para o prolongamento da vida, também tem procurado dotá-la com mais qualidade física, resta à sociedade encontrar soluções que contribuíam para o enquadramento dos idosos, integrando-os dentro das suas capacidades, de modo a que estes não se sintam marginalizados, inúteis, à espera da morte.

    Não tenho medo da morte, mas preocupa-me a velhice…

    Por: Fernanda Lage

     

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