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Edição de 30-04-2024
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    Arquivo: Edição de 30-05-2007

    SECÇÃO: Cultura


    AVE JOVEM

    Necrofilia

    das artes e das letras

    As gotas escorriam pelo teu corpo ausente e eu possuía a tua carne. Os teus olhos no horizonte fitavam o mundo lá fora enquanto eu crescia no teu ventre e gemia incessantemente. Tu não falavas nem te movias enquanto o teu corpo era usado e abusado. Não choravas. E eu não queria saber nem olhava o teu corpo murcho e frio. Apenas duro como uma pedra mole. Eu era o homem mais poderoso do mundo e tinha o teu corpo de menina ali para mim. Despido e comido, claro, infantil.

    As minhas mãos percorriam as tuas entranhas assustadas e contraídas. Eras o meu objecto e estavas nas minhas mãos o tempo que eu quisesse e voltasse a querer. Tu não respiravas e eu respirava ofegante. Tu estavas morta e eu via a vida correr rápida e vertiginosamente diante dos meus olhos. O sangue fluir por todas as veias e desfazer-se num líquido branco e espesso. Tu estavas morta e eu consumia-te, como um pedaço de carne.

    Por: Daniela Ramalho

     

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