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    Arquivo: Edição de 15-03-2007

    SECÇÃO: Destaque


    Projecto imobiliário pretende requalificar margens do Leça

    Decorreu no Fórum Cultural de Ermesinde, no passado dia 5 de Março, a apresentação de um projecto imobiliário a implantar nas margens do Leça, em Ermesinde, nos terrenos da antiga Resineira. Aliás, o empreendimento – Parque Socer – pertence à mesma empresa que durante décadas ocupou aquele espaço e que, entretanto, a evolução económica, obrigou a diversificar nos investimentos, sendo o imobiliário precisamente uma das áreas que a empresa abraçou. O projecto poderia ser apenas mais um, não fora a pretensão da Socer, em cooperação com a Câmara de Valongo, em ali edificar não apenas um conjunto de prédios, mas dotar o espaço de uma zona verde, abrangendo as duas margens do rio, e prevendo equipamentos como um circuito de manutenção, um parque infantil, um parque de jogos radicais e um polidesportivo em relva sintética. Para o mesmo local está também prevista a recuperação e requalificação de um antigo moinho, de que será responsável o Centro Social de Ermesinde. À mesma entidade será atribuído o uso – naturalmente para fins de natureza social – do rés-do-chão de um dos prédios do empreendimento, que foi, por sua vez alvo de várias propostas da Câmara, também aceites, no que respeita à preservação do ambiente e à protecção e requalificação do rio.

    Encontramo-nos assim diante de um projecto singular, que avançou numa perspectiva de cooperação estratégica envolvendo os sectores público, privado e social.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    A museóloga Paula Machado deu o pontapé de saída da sessão, traçando a história da Socer – a dona do empreendimento –, desde tempos históricos anteriores à República até aos dias de hoje.

    De facto data de 1901 o primeiro contrato de arrendamento de uma empresa espanhola na zona da Travagem, referente ao local onde viria a ser implantada uma fábrica de extracção e preparação de resina. Passando posteriormente para as mãos de uma empresa belga, foi só em 1926 que se criou a União Resineira Portuguesa, mais tarde Socer pela fusão com outras companhias do sector. «Uma das maiores empresas exportadoras», chegaria a ser assim classificada pelo Fundo de Fomento de Exportação em 1972.

    A crise do petróleo, o 25 de Abril, a concorrência da China e do Brasil, entre outros factores vieram então a afectar a empresa que, já na década de 80 diversificou a sua actividade, acrescentando à actividade fabril o imobiliário. O actual empreendimento surge assim na linha natural de actividade da Socer.

    A Paula Machado sucedeu-se a intervenção do vereador José Luís Pinto, que começou por referir a localização bem fundamentada e razoável da empresa aos tempos da sua implantação, fora do núcleo urbano e à beira do Leça, mas também, com o crescimento da localidade, a impossibilidade de dar continuidade a essa coexistência.

    O objectivo de retirar as instalações fabris do local, ao mesmo tempo que se avançava na sua requalificação urbanística foi aceite há muito tempo pela Socer, tendo uma operação de loteamento sido aprovada pela Câmara Municipal de Valongo em Fevereiro de 1998.

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    Entretanto a própria empresa «(...) alterou o segmento de mercado para o qual o empreendimento inicialmente se direccionava, posicionando-o a um nível mais elevado, de menor densidade urbanística, não atingindo tão pouco os valores que o PDM actualmente permite. Relativamente ao projecto aprovado baixaram as cérceas, baixou o índice de construção, a área cedida ao domínio público aumentou consideravelmente, foi projectado um espaço para o público infantil com o objectivo de o ceder ao Centro Social de Ermesinde, assim como passou para propriedade da Câmara o antigo moinho e, fundamentalmente, melhorou a qualidade do projecto, qualidade essa que tem sido diligentemente trabalhada pelo Departamento de Urbanismo em todos os projectos que nos vão chegando à Câmara (...)».

    Depois de explicado o alcance do empreendimento, José Luís Pinto introduziu então a questão da linha orientadora para o Leça, aproveitando o facto de se ter o rio ao lado. Concebeu-se um projecto «diferenciador», classificou o autarca e é essa «a principal razão pela qual estamos cá».

    O Parque Socer terá uma área de cerca de 20 mil m2, acompanhando o rio ao longo de cerca de 350 m, prevendo-se que possa estar concluído dentro de um ano e meio.

    Em Abril deste ano, está previsto que a Câmara dará início à detecção dos focos poluidores do rio no troço compreendido entre a ponte da Travagem e o limite do concelho com a Maia, anunciou ainda o vereador.

    E terminaria com vários agradecimentos, a Marcos Lagoa, presidente do Conselho de Administração da Socer por ter demonstrado visão e também disponibilidade para ouvir a Câmara, ao Gabinete Projectista escolhido pela Socer, pela interactividade que teve na elaboração do projecto, «ora ouvindo o seu cliente ora ouvindo a Câmara (...). Até pela percepção que teve em contratar uma arquitecta paisagista muito conceituada para elaborar o projecto do Parque Socer», ao construtor, SEC, e nomeadamente a Almerindo Carneiro, «que tendo o contrato assinado para a realização do anterior projecto, soube esperar e adequar o seu cronograma de trabalhos», e aos funcionários da Câmara, principalmente do Departamento de Urbanismo e Ambiente.

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    Foi depois a vez da intervenção, breve, de Marcos Lagoa, que aproveitou para homenagear dois funcionários determinantes na unidade de Ermesinde, os senhores Vilaça, pai e filho, e deu uma breve explicação sobre a evolução da empresa.

    O arquitecto Vítor Sá, director do Departamento de Urbanismo falou depois das alterações introduzidas ao projecto inicial (nas cérceas e índices construtivos), mas também na sua filosofia.

    Aqui salientava uma muito maior atenção ao Leça.

    Foi também essa questão do diálogo e respeito para com o Leça que abordou na sua intervenção a arquitecta paisagista Cristina Marques, que defendeu uma intervenção sustentável e a promoção da biodiversidade.

    Justificou a escolha de várias espécies de árvores a implantar – casos das tílias, freixos, mélias(nas perpendiculares), jacarandás, a sul, carvalhos.

    As margens deverão ser plantadas de amieiros, devendo ser feita antecipadamente, a remoção de lixos, sem que se elimine qualquer espécie vegetal.

    Outras espécies a implantar serão choupos e loureiros. Por fim, para além das espécies vegetais a implantar no Parque, será ainda colocado algum mobiliário urbano, como pepeleiras, bancos e iluminação.

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    O objectivo será criar um espaço ameno.

    Em conversa posterior com a arquitecta sobre a intervenção no rio, esta considerou que ela deve ser limitada à limpeza e preservação das espécies aí existentes. Será introduzida uma galeria ripícola tendente a preservar a fauna. Nessa galeria plantas como as silvas terão um papel muito importante. De futuro competirá à Câmara a manutenção e preservação do espaço, segundo a orientação que lhe for sugerida.

    Foi depois anunciada uma cerimónia que decorreria de imediato, para assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de Valongo e o Centro Social de Ermesinde, representados pelo presidente da edilidade, Fenando Melo, e o presidente da Direcção da IPSS, Alberto Carvalho.

    Este último salientou a emergência de uma «visão moderna e actualizada de intervir na cidade» e sublinhou o aspecto altamente positivo de se ter verificado aqui uma confluência de interesses entre o sector público e o sector privado a favor da sociedade, mostrando-se o Centro Social muito honrado em associar-se a esta cooperação.

    Finalmente usou da palavra o presidente da Câmara, Fernando Melo, que considerou aquele um dia importante para Ermesinde, para Valongo, para todos.

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    Fernando Melo salientou o «dar de mãos de várias instituições», elogiou a atitude da Socer, que abdicou de uma construção com cérceas mais altas para dar prioridade à qualidade de vida e do ambiente, pela criação de zonas de lazer e desporto e a requalificação das margens do rio Leça.

    Em breve conversa com Vítor Sá, “A Voz de Ermesinde” soube que, inclusive, tinha partido da própria empresa a proposta de alteração do projecto inicial. A empresa ter-se-á apercebido que, nas actuais condições de mercado,um projecto mais qualificado poderia vir a garantir maior sucesso. E depois acolheu de bom grado, várias sugestões da Câmara.

    Por: LC

     

     

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