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    Arquivo: Edição de 30-11-2006

    SECÇÃO: Crónicas


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    MATAI-VOS UNS AOS OUTROS

    O escolho do fundamentalismo islâmico

    Como referi no último capítulo desta crónica (As Guerras Económicas), o Processo de Globalização Económica e Cultural em Curso, nem sempre será pacífico. Era de prever que o problema cultural e político-religioso dos povos do Médio Oriente, aliado ao controlo do petróleo que, para seu azar, abunda naquela área geográfica, obrigasse a máquina de guerra americana, guarda pretoriana do dólar e do sistema económico instalado, a usar a força das armas, uma vez que os embargos e pressões financeiras do BM e FMI, nem sempre funcionam naquela região. Numa perspectiva mais empírica, podemos admitir que isto não passa dum escolho no percurso da globalização que encontra maior resistência, como seria de esperar, na imobilidade do conservadorismo islâmico valorizado pela posse de grandes reservas energéticas.

    É certo que, quando duas civilizações globalizadoras política, económica ou religiosamente se chocam, haverá sarilhos e litígios de certeza. E, nesta conformidade, subitamente surge um obstáculo já previsto mas não tomado a sério: o Fundamentalismo Islâmico. Lá está o problema nacionalista e étnico-religioso a prejudicar a expansão plena do mercado consumista que sustenta o grande capital mundial. Para isso, ou o fanatismo religioso se submete ou tem que ser combatido. O mundo muçulmano tem que se ocidentalizar, "democratizar", materializar e consumir.

    O petróleo que tem sido pago em divisas, tem que passar a ser pago em produtos e, para tal, os islamitas têm que se habituar a consumir mais. Haverá coisa melhor no mundo do que consumir? Andar de popó, ter um jipinho, encher carrinhos de compras, beber Coca-Cola, comer fast food nos MacDonald's, ter a casa cheia dos mais incríveis electrodomésticos, saborear fruta e hortaliça transgénica, geneticamente manipulada, comer carne de vacas loucas, frangos e porcos com nitrofuranos e comprar uma série de inutilidades que irão encher de lixeiras fétidas os desertos do Médio Oriente?

    Também é certo que o Islão, na sua versão mais radical, é uma religião expansiva e também globalizante que tem por fim a Islamização universal e não se reduz apenas à vertente religiosa de teor espiritual mas também a um forte componente temporal e à imposição duma forma de estar na vida que choca (e prejudica) com a sociedade de consumo adoptada no Ocidente. Penetra e pretende regular toda a actividade dos seus fiéis, mesmo nos seus detalhes mais íntimos. Impõe certas abstenções e objecções e condena excessos de consumo, certas liberalidades e liberdades de que os ocidentais não prescindem como a igualdade da mulher e beber o seu copo sem jejuns obrigatórios. Neste aspecto, é forçoso que existam incompatibilidades mas não é isto que provoca a guerra, A guerra, os sarilhos e as mortandades a que vimos assistindo são provocadas pelos hidrocarbonetos, sim o crude, o petróleo, as grandes reservas energéticas que, por contrariedade do destino, se situam nos países islâmicos. E estes são imprescindíveis à sociedade mecânica e tecnológica do Ocidente.

    A sociedade moderna ocidental, que não são só os americanos mas também nós, europeus e, por expansão, asiáticos, australianos e muitos africanos, todos juntos, somos os maiores predadores das reservas energéticas do planeta, transformando-as, depois de consumidas, em lixo geralmente indestrutível e altamente perigoso. Neste aspecto, não são só os americanos mas todos nós.

    É bom que tenhamos consciência disso.

    Contudo, a Democracia, tal qual a concebemos no Ocidente, é irrelevante e não tradicional nos países islâmicos que não passaram pelas reformas religiosas profundas nem pelas revoluções políticas, económicas e sociais que eclodiram no Ocidente, através dos séculos. Nos países do Islão, muitos parados no tempo, tal como existiu na Idade Média ocidental, existe ainda uma promiscuidade político-religiosa onde a religião impera, bastando seguir os preceitos do Corão e regulamentar-se pela Xária, que encerram os princípios básicos das teocracias muçulmanas apoiadas fervorosamente pela população extremamente crente. É uma religião expansiva e globalizante que forma uma nação universal de vários povos, unidos pela religião, que denominam Umma. Para eles, os americanos e os europeus, os ocidentais em geral, já não têm Fé. São interesseiros, dissolutos, ímpios e adoptaram costumes aberrantes que eles não desejam adquirir. Temem que subvertam os seus costumes, crenças e tradições como dizia um cartaz transportado por um manifestante de Islamabad, no Paquistão: Don't change Muslim's Way of life (Não mudem o modo de viver dos muçulmanos). Nisto, não há dúvida, que têm razão. O Ocidente degradou-se, decaiu, materializou-se, debochou-se e eles não querem o crime organizado, a pornografia, a igualdade das mulheres e sua exploração sexual, a pederastia, o aborto, os casamentos homossexuais e a falta de religião e de princípios que prolifera no Ocidente. Preferem a pobreza e a preservação de seus costumes e crenças, à libertinagem e indignidade e o povo venera os seus líderes opressores que lhes tiram o pão para construir palácios mas que lhe falam em nome de Allah, o Único, Clemente e Misericordioso

    Com a maioria dos dirigentes dos seus países subjugados às benesses do capitalismo, os grupos fundamentalistas e jiahdistas enveredam pela via do terrorismo, reagindo violentamente com ataques aos símbolos do poder financeiro mundial, desorientando os seus defensores, os "States" que reagem violentamente. Os seus grupos mais fanáticos ameaçam e tentam unir o mundo islâmico, a Umma, levando-o para uma Guerra Santa (Jihad) contra os "cruzados" infiéis que querem impor a sua fé sacrílega, agora o valor do dinheiro e a sociedade consumista. É humilhante para os senhores do mundo, existirem ainda países que não se submetam à sua dependência financeira, pondo em perigo o controle petrolífero da região do Golfo. Embora inaceitável, é um escolho apenas que tem de ser ultrapassado mas com intervenção armada, com uma guerra convencional à moda antiga, pois sobre eles os exércitos financeiros (BM e FMI) não têm poder. Não se submetem à sua dependência financeira, somente os governantes dos seus países o fizeram, excepto os taliban do Afeganistão, o Iraque e o Irão que desafiaram esse poder, pondo em perigo o controle petrolífero da região do golfo. Por isso, foram para a lista dos países do Eixo do Mal e têm de ser punidos, reconvertidos ou eliminados o que não poderá ser feito sem guerra. É uma Guerra Económica como muitas que hão-de surgir, no processo em curso, para ultrapassar os escolhos que vão surgindo no caminho da globalização ou da mundialização que quer impor uma sociedade de consumo padronizada a toda a Humanidade.

    Assim, para os mentores do processo de globalização, os muçulmanos mais rebeldes, com a sua jihad, com a sua persistência, têm que cair.

    O seu fanatismo vai-lhes ser fatal e a guerra com armas sofisticadas da última geração já começou mesmo à revelia das organizações internacionais que, no contexto actual, já nada contam. Isto, porque muitos interesses obscuros se cruzam no Oriente Médio, que a ONU não poderá resolver a contento das partes, principalmente quando estão em jogo os interesses do principal suporte da Organização. Esqueceu-se a ONU que os USA já não são a polícia do mundo mas a guarda dos interesses instalados que nem sempre condizem com os interesses da Paz. Mas a guerra também serve para ensaio, aperfeiçoamento das armas e para dinamizar o seu rentável comércio.

    OS CICLOS

    HISTÓRICOS

    Os ciclos históricos sucedem-se numas eras atrás de outras. Estamos no início da Era da Globalização. Onde nos levará este caminho que parece desviante no percurso evolutivo da humanidade? A uma Sociedade Organizada, justa e feliz? À massificação dependente e controlada que parece seguir? A uma nova Idade Média obscura e tenebrosa? Ou novamente à selva, ao Caos do princípio dos tempos, donde viemos?

    Como, no próximo capítulo, vou entrar no campo da ficção, gostaria que os leitores, se os houver, que tiveram a paciência de seguir esta crónica, utilizem a vossa imaginação que a têm de certeza, e nos informem o que pressentem e prevêem sobre a sociedade futura, tendo em conta o presente e o caminho que o percurso evolutivo nos está a levar, num futuro próximo ou longínquo, pois eu, na sequência do que escrevi, direi o que pressinto no próximo capítulo. Obrigado!

    Por: Reinaldo Beça

     

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