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    Arquivo: Edição de 30-11-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Lear – crónica de uma morte anunciada

    A Direcção da Lear de Valongo anunciou o encerramento completo da empresa e o despedimento dos restantes 545 trabalhadores que ainda ali laboram.

    O Núcleo Concelhio do Bloco de Esquerda, expressa toda a sua solidariedade para com os trabalhadores da Lear ameaçados de despedimento e exige que o Estado português tome medidas penalizadoras para com esta empresa, que, aliás, é acusada pela própria API de “incumprimento grave” do contrato. Exige ainda que no futuro sejam adoptadas medidas preventivas para casos semelhantes.

    Vivemos uma situação grave que a Câmara tem que tratar. Mais de cem trabalhadores da Lear residem e têm os seus familiares em Valongo.

    O Bloco esteve ao lado dos trabalhadores desde o início

    Fomos dos que, desde a primeira hora, manifestaram uma clara posição de denúncia e indignação pelos acontecimentos que estão a viver estes trabalhadores. Não foi por acaso que trouxemos a Valongo a Marcha pelo Emprego que em Setembro passado percorreu o País.

    No seu 4º dia a Marcha, estabeleceu um contacto com um grupo de trabalhadores daquela multinacional de cablagem para automóveis cuja ameaça de deslocalização para a Polónia

    As falências e as deslocalizações são evidentemente uma realidade existente um pouco por todo o país. Elas são parte da ideologia da globalização e uma demonstração dos seus efeitos. O que se está a passar na Lear, já se passou ou está a passar-se na Rhode, Yazaki Saltano, Guerry Weber, Synfber, Melka, Vestus, Vagabond, Merloni, Tovartex, Tyco, Indelma, Ecco, Gabor Shoes and Fahion, entre outras empresas.

    Entre 2000 e 2005 foram 58 as multinacionais que abandonaram Portugal.

    Mas o que é preciso dizer é que o combate às deslocalizações não se faz através do abaixamento dos salários – um trabalhador têxtil na China ganha 20 euros por semana, não tem sindicato, não se pode fazer representar nem expressar a sua opinião. Não é esse o modelo laboral que defendemos.

    Defendemos a resistência e luta dos trabalhadores pelo direito ao emprego e estamos disponíveis para contribuir para essa resistência aos mais diversos níveis e por todas as formas possíveis, dispondo-nos a apoiar todas as formas de luta e a voltar a levantar o assunto da Lear na Assembleia da República.

    O Bloco propõe alternativas

    O Bloco de Esquerda tem apresentado PROPOSTAS CONCRETAS contra os abusos das empresas e as deslocalizações, começando por abordar a forma de combater as falências fraudulentas, através da investigação das contas bancárias dos administradores e responsáveis pelas empresas falidas.

    Outro dos pontos que consideramos essenciais para limitar as deslocalizações, consiste em obrigar essas empresas a devolver todos os valores recebidos em subsídios, incentivos, benefícios fiscais e outras vantagens da parte dos municípios ou do Estado, no caso de ter sido feita a deslocalização com resultados positivos.

    Uma vez que grande parte da actividade económica não é deslocalizável, é possível apostar em alternativas para encontrar novas respostas para os tempos que correm. Sabemos que os transportes, os serviços financeiros, de lazer, de alimentação, de distribuição, de construção, os serviços públicos como o ensino e a saúde, a energia, nada disso pode ser deslocalizável.

    Em Valongo a Câmara Municipal tem que preocupar-se com a criação de mais emprego, promovendo a certificação social e ambiental das empresas sediadas, para promover a qualidade e a estabilidade do emprego

    É possível promover a criação do emprego verde, nos sectores das energias alternativas, na promoção da qualidade e sustentabilidade ambiental, na reciclagem.

    O desenvolvimento de novos serviços, de carácter comercial ou de serviço público, organizado em redes de proximidade, também pode gerar empregos inovadores: desde os serviços a empresas (consultoria tecnológica, implementação de normas de qualidade, higiene e segurança no trabalho, etc.), aos serviços a particulares (comércio de proximidade, “serviços de conveniência”, etc.), à protecção social (apoio domiciliário a doentes e idosos, entretenimento e programas ocupacionais para crianças, actividades recreativas e culturais para jovens, etc.) ou à preservação dos espaços públicos…

    Tudo isto para dizer que as deslocalizações não são uma inevitabilidade e que existem caminhos alternativos que o Bloco se propõe a percorrer para garantir às populações uma política que persiga o pleno emprego e um emprego de qualidade.

    23 de Novembro de 2006

    Por: Núcleo do Bloco de Esquerda de Valongo

     

     

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