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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-10-2006

    SECÇÃO: Opinião


    CARTAS AO DIRECTOR

    De mãos dadas com a população civil

    O nosso relacionamento com a população era o melhor possível. Cientes que de parte a parte dependíamos uns dos outros, a entreajuda era recíproca e tinha eco nas mais diversas manifestações sociais, fosse a pretexto de qualquer aniversário desta ou daquele mais favorecido empresário ou de simples civil, fosse até em casos mais formais que exigiam a nossa presença (militar.) Tantas ocasiões, mesmo sem convite prévio, era ver aqueles mais chegados, como médico, o bancário ou até o trabalhador da Bolanha a conviver connosco, e no meio de uns já com a alegria do álcool e da euforia de alegria humana, e cheia de grandes saídas airosas, aos fins de semana e que amenizavam, de certa forma, a dureza do mato e o isolamento forçado em que estávamos. Eram os típicos bailes de Carnaval onde todos nós, por vezes com folhas de árvores, fazíamos os nossos próprios trajes, que com a loucura da nossa juventude passávamos a distracção do sofrimento de guerra, e que depois do convívio em que todos se inseriam, discutíamos as beldades de ocasião, quase como num jogo de loucura.

    A integração prolongava-se no desporto, pois os torneios de futebol de salão tinham, no mínimo, duas equipas de civis a disputar os respectivos troféus.

    Alguns desses civis ainda há bem pouco haviam deixado o serviço militar, e por razões que só eles sabem, quiseram ficar no território, ou porque tivessem gostado do ambiente, ou porque tivessem gostado ou ficassem noivos de alguma mulata (ou cabritinha), as quais, verdade seja dita, além de serem muito lindas, não eram de se deitar fora, ou até sonhando ter alguma fazenda de arroz, o que acho estranho. Ocasiões que embora difíceis, eram para não esquecer.

    Por: Luís Pinheiro*

    *Veterano de guerra

     

     

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