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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-09-2006

    SECÇÃO: Opinião


    foto

    A osga

    A fim de ir mostrar as nozes ao neto Manuel Pedro, da nogueira plantada no quintal de Costa Cabral (às Antas), no caminho, vimos uma lagartixa a apanhar sol no muro granítico, e longe estava de poder ouvir do petiz:

    – É verdade que a cauda da lagartixa cortada não morre?!

    – É um pouco verdade. ? Tive de responder admirado!

    Sem falar em animais de “sangue frio” (o sangue venoso e o arterial misturam-se no coração) fui dizendo:

    – Quando a cauda parte tem sangue apropriado para prolongar a actividade. Mas, como tudo na vida, vai morrer; e a propósito, tive de lembrar a cena de uma osga, após provar as nozes e contemplar a árvore.

    No fundo do quintal, a nogueira plantada em “recuerdo” das existentes perto do caminho da fonte da Tenaria da aldeia transmontana, deu poucos frutos.

    Quando apanhei um, já meio “escarrolado”, e o britei, o grão foi apreciado pelo Manuel Pedro. A teimosia de ter plantado a nogueira em terreno portuense teve fraco resultado!, mas o cheiro e a verdura das folhas alegram a costela rústica!

    Vamos à estória da osga:

    Animal curto, achatado, de dedos alargados e discoidais, funcionando como ventosas, trepa pelas paredes e vive nos tectos de cabeça para baixo. É um caçador fantástico de insectos. Por isso é acarinhado pelos moradores das casas, apesar do ar repelente.

    As osgas não são venenosas nem transmitem doenças. São um bom “insecticida” contra os mosquitos, moscas e aranhiços.

    Não sei o porquê?, pois vivendo nas regiões mais quentes de Portugal, o que leva a chamar às pessoas a que temos aversão “osgas”?!

    Será por se confundirem com as salamandras feias, a viverem nas minas e poços, e a conspurcar a água, quando a depuram ao alimentarem-se de larvas, de insectos, e não só?!

    A vida de alguns animais não é fácil de interpretar!

    A D. Matilde do Viriato residia numa vivenda à beira do oceano, na cidade de Moçâmedes, agora Namibe (deserto do sul de Angola e da famosa Welwitschia mirabilis). Apesar de ter o curso de Farmácia (anos setenta) não exercia a profissão. O marido abastecia de pescado as fábricas de óleo e farinha de peixe de Porto Alexandre. Tinha vários barcos em actividade. Por meio angolar (escudo de Angola) vendia o quilo do pescado!, preço de um pequeno rebuçado!!!

    A ociosidade da Matilde levava-a a passar muito tempo no cadeirão da varanda, virada à avenida marginal. Na estatura física sobressaía um colo bem feito (!). Quando a brisa marinha não conseguia acalmar o calor do pescoço e peito, usava uma ventoinha portátil!

    Na vivenda, e principalmente nas paredes e tecto da varanda, o número de osgas era “mato”, como diziam os filhos do Viriato e os descendentes dos pescadores algarvios, ou “brasileiros”, netos dos conquistadores da cidade aos holandeses.

    Uma osga caiu do tecto entre os seios da Matilde!!!

    A temperatura baixa do animal e o aspecto repelente, entre os seios da Matilde, foi o bom e o bonito!!!

    * Director do Colégio Vieira de Castro ([email protected])

    Por: Gil Monteiro

     

     

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