EFEMÉRIDES DE ERMESINDE - MARÇO
O último Pároco de Ermesinde no tempo da Monarquia
Já antes da implantação da República, o Pároco de S. Lourenço de Asmes tinha tido alguns problemas, chegando mesmo a ser agredido. A referência ao caso aparece na ata da reunião da Junta de 6 de março de 1910 – há 103 anos. Aí se dá a notícia de uma manifestação de simpatia para com Monsenhor Paulo António Antunes, ao tempo, por inerência, Presidente da Junta de Paróquia de S. Lourenço de Asmes e Vereador da Câmara Municipal de Valongo. O excerto a que nos referimos diz o seguinte:
«Ao Presidente Monsenhor Paulo António Antunes, no dia treze de Fevereiro de 1910, foi feita uma extraordinaria manifestação de simpathia, estima, consideração e amizade com a entrega de uma pasta com uma significativa mensagem na qual tomaram parte a grande maioria dos seus parochianos e os de mais elevada posição social como protesto a umas insinuações calumniosas e a uma cobarde agressão com que alguem malevola e traiçoeiramente quiz ferir o seu caracter e a sua dignidade, promovida pelos seus colegas da Junta».
Segundo Humberto Beça (Ermezinde / Monografia), Monsenhor Paulo António Antunes ao abandonar esta paróquia, em outubro de 1910, integrou as incursões monárquicas em Trás-os-Montes, que tiveram lugar na altura do primeiro aniversário da implantação da República, e que pretendiam o retorno à Monarquia. Perante a ameaça de ser preso, ainda de acordo com a mesma fonte, o antigo pároco de Ermesinde ter-se-á refugiado no Brasil. Na sua antiga Paróquia, à semelhança do que aconteceu em muitas outras terras do país, formou-se entretanto uma Associação Cultual que, apesar de tudo, duraria pouco tempo.
A Cultual de Ermesinde, surgiu nos finais de 1911 e tinha o seguinte nome “Associação Beneficência e Culto de Ermesinde”. Os seus primeiros Corpos Gerentes foram constituídos pelas seguintes personalidades: Amadeu Vilar (Presidente), Roberto de Barros (Secretário) e A. da Silva (Tesoureiro). Os substitutos eram A. S. Moreira (Presidente) Augusto Mendonça e Augusto Vieira Carneiro (Vogais). No fim do ano de 1911, já os respectivos Estatutos haviam sido enviados ao Governador Civil do Distrito.
No princípio de 1912, o Administrador do Concelho de Valongo manda entregar a esta Comissão Cultual todos os objetos de culto pertencentes à Igreja Paroquial de Ermesinde.
O Padre Capelão da “Associação Beneficência e Culto de Ermesinde” foi o Padre Paulo José Pereira Guimarães, que era o único autorizado a presidir aos atos de culto no Cemitério.
Em Agosto de 1913, o Administrador do Concelho de Valongo comunica à Comissão Administrativa da Junta que a “Associação Beneficência e Culto de Ermesinde” havia resolvido dissolver-se, pelo que, daí em diante, ficava a cargo da Comissão Administrativa «a guarda da Igreja e dos seus pertences, podendo esta Comissão prover o quanto julgar conveniente com respeito ao culto» - (ata da Junta, de 6 de agosto de 1913).
A partir de 1914, com a vinda para a Paróquia do Padre Avelino Moutinho Moreira da Assunção, as relações entre a Igreja local e a Administração Republicana entraram num clima de perfeita nor
Por:
Manuel Augusto Dias
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