Avaliar... o ensino
Mais um ano lectivo a chegar ao fim e, com el,e as preocupações dos alunos, pais e professores.
Os alunos, e por vezes os pais, fazem contas e mais contas a ver se conseguem as médias necessárias para entrarem no curso que querem, na Universidade mais conceituada, mais próxima de casa, no curso que acreditam que contribuirá para a sua realização pessoal, aquele que se abre a porta à realização dos seus sonhos, ou talvez aquele que alguém decretou que está na moda, que dá um estatuto social compatível com as suas aspirações e da sua família.
De qualquer modo é sempre um momento de reflexão para todos, alunos e professores.
È muitas vezes nestas alturas que os alunos compreendem como as médias têm importância, que os pais se apercebem que o seu filho não é o melhor do mundo, que o professor equaciona o que falhou (os que pensam nestas coisas, e há alguns...), mas equacionam muitas outras coisas, porquê este cansaço!?
Porquê este desânimo!?
Será que aqueles que ocupam lugares-chaves neste país não reconhece a existência dos bons professores?
Não entendem que ao nivelarem todos pelos maus exemplos criam desânimo e descrença?
Que a própria comunicação social, ao fazer eco desta postura contribui para a falta de respeito e consideração duma classe que se vê confrontada com todas as consequências de uma sociedade em crise, onde a cultura é algo muito distante do maior número de portugueses.
É nesta situação, em que a percentagem de pais que acompanham e vão à escola é mínima, que o Ministério se lembrou que a avaliação dos professores passa também pela avaliação dos pais. Os pais são muito bem vindo à escola, aqueles que participam, que pensam, que conseguem dialogar, esses sim, compreendem o trabalho do professor,... e os outros?
Como resolver o insucesso escolar? Eis a grande preocupação dos governos, dos professores e da população em geral quando se vêem confrontados com outros países, especialmente os do norte da Europa. É muito simples, esses países iniciaram processos de alfabetização há muitos anos, alguns mesmo antes do séc. XVIII.
Em 1850, nos países escandinavos, na Alemanha e mesmo em França e Inglaterra, o analfabetismo situava-se entre 10% a 30%. No princípio do séc. XX em Portugal, 78% da população não sabia ler nem escrever.
É curioso lembrar que no início da ditadura a escolaridade obrigatória baixou de quatro para três anos.
Quando Portugal tentava dar cumprimento à obrigatoriedade da escolaridade básica de 6 anos e tinha 30% de analfabetos, os países mais avançados da Europa atingiam 80% da população com a escolaridade secundária.
Por muito estranho que nos pareça, Portugal está num momento único destes últimos 200 anos...
Em 2001 cerca de 45% da população portuguesa entre 18 e 24 anos não tinha concluído o ensino secundário e não se encontrava na escola ou a frequentar uma formação profissional.
E quem são os empresários portugueses, que formação têm? Há emprego para profissionais qualificados? Não seria por aí que incitávamos os nossos jovens a frequentarem cursos profissionais?
Com uma população de um grande número de desempregados, com um nível global cultural muito baixo, como pode grande parte da população pensar, ser crítico, avaliar?
É neste panorama que os pais dos nossos alunos vão avaliar professores!?
NOTA: Dados estatísticos recolhidos da obra “Educação 2020”, de Fernando Medina.
|