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    Arquivo: Edição de 30-06-2022

    SECÇÃO: Literatura


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    LER É O MELHOR REMÉDIO (2)

    “O amor nos tempos de cólera”, de Gabriel Garcia Márquez

    Em Cartagena das Índias, cidade do litoral caribenho, tem lugar a ação do romance “O amor nos tempos de cólera”, um dos títulos cimeiros da obra de Gabriel García-Márquez. O escritor colombiano, galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982, coloca neste romance toda a sua criatividade e talento narrativo para produzir uma história cativante da primeira à última página. De facto, é um daqueles livros que não tem nada de enfadonho, tal é a riqueza do enredo, das personagens e a cadência com que se desenrolam os acontecimentos.

    Chamo a atenção para a ilustração da capa, com o pormenor da bandeira amarela no navio.
    Chamo a atenção para a ilustração da capa, com o pormenor da bandeira amarela no navio.
    O livro conta uma história de amor singular, que teve de esperar cinquenta e três anos, sete meses e alguns dias para finalmente se consumar. Esta começa com a morte do marido de Fermina Daza, o doutor Juvenal Urbino. Assim começa também a narrativa, que depois faz uma retrospetiva das vidas de Fermina Daza e de Florentino Ariza, as duas personagens principais do livro, desde as primeiras cartas de amor que trocaram enquanto jovens até às inúmeras amantes que Florentino Ariza teve no hiato de mais de meio século correspondente ao período do matrimónio entre Fermina Daza e Juvenal Urbino.

    Com efeito, na juventude Fermina Daza recusou o compromisso amoroso que Florentino Ariza lhe propôs, e que naquela época era simbolizado pela camélia. Florentino Ariza entrou então numa crise existencial e direcionou o seu amor incorrespondido para a escrita de cartas de amor gratuitas para namorados analfabetos. Nesta altura arranjou emprego como telegrafista. Entretanto, Fermina Daza e Juvenal Urbino realizaram uma viagem de lua de mel de dezasseis meses pela Europa e ela voltou grávida. Ao vê-la, preparada para ser mãe e tão segura de si no seio da alta sociedade, Florentino Ariza decidiu trabalhar e ganhar fama para ser digno de a merecer. Assim, deu os primeiros passos na Companhia Fluvial das Caraíbas, detida pelo tio Leão XII. As aventuras e desventuras amorosas de Florentino Ariza são extensamente retratadas, e ele entregou-se a elas sem remorsos, embora nunca abdicando do seu objetivo final: o amor de Fermina Daza. Comportou-se como um esposo infiel mas tenaz, que lutava sem tréguas para se libertar da sua servidão, mas sem causar-lhe o desgosto de uma traição.

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    Pode-se encontrar este livro na biblioteca da Vila Beatriz, em Ermesinde. Para críticas e sugestões: [email protected].

    Por: Eduardo Tavares

     

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