Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-12-2009

    SECÇÃO: Psicologia


    foto
    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    A auto-estima

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A auto-estima é uma das variáveis mais importantes para o bem-estar psicológico e para uma boa saúde mental. Uma baixa auto-estima inibe a nossa relação com o mundo e impede-nos muitas vezes de tirar prazer e gratificação com as experiências de vida. Quando estamos deprimidos, o mais provável é pensarmos que não temos valor.

    As emoções negativas (a que todos estamos sujeitos pelos problemas e contrariedades da vida) só nos poderão ser prejudiciais se possuirmos uma auto-estima negativa. Se a nossa auto-imagem é negativa, tendemos a ver um acontecimento trivial ou uma imperfeição como um sinal inultrapassável de um defeito pessoal.

    Muitas vezes estamos tão envolvidos e convictos destas crenças negativas que nem nos apercebemos da sua inadequação, inutilidade e irracionalidade, especialmente quando estamos deprimidos. Mas sentirmo-nos bem e reconhecermos o nosso valor não depende de sermos amados ou desejados pelos outros. O que será mais decisivo para uma boa auto-estima é o nosso sentido de valor próprio.

    Qualquer pessoa que tenha uma auto-estima baixa tem todas as possibilidades de transformar esta situação: a mudança de padrões de pensamento negativos, que nos fazem sentir tristes, deprimidos ou sem valor exige muita disciplina e persistência. É útil definir metas de comportamento sobre aquilo que desejamos ser, devendo para tal, actuar de maneira diferente da habitual. A intervenção de um psicólogo para este processo de mudança pode ser fulcral.

    Para aumentar o sentido de valor pessoal é necessário falar com a voz crítica interior. Ajuda muito escrever numa folha esses pensamentos negativos e analisá-los racionalmente: Será que estes pensamentos são verdadeiros e úteis? Muitas vezes as pessoas distorcem e exageram (pela negativa), as avaliações que fazem de si próprias. Por exemplo, alguém que pense frequentemente "Eu não presto" ou “Nunca faço nada bem”, provavelmente está a fazer uma grande generalização por que todos nós temos qualidades e há coisas que fazemos melhor que outras.

    Uma das razões que conduzem à baixa auto-estima é a pouca consideração que temos de nós próprios. O mais importante é a opinião que formamos de nós próprios e a nossa cultura ensina-nos a procurar a aprovação dos outros e a depender do valor que os outros nos atribuem.

    Por vezes fazemos coisas que vão contra os nossos desejos para agradarmos a outras pessoas ou para obter a sua aprovação. É impossível agradar a toda a gente e não nos podemos sentir culpados ou perturbados se alguém não gostar de nós. A desaprovação faz parte da vida. Há sempre pessoas que gostam e concordam connosco (e também o contrário).

    As pessoas com baixa auto-estima rotulam-se negativamente. Mas nós não somos um objecto, e como tal não nos podemos rotular. Um rótulo é sempre uma generalização exagerada, que não tem significado porque a vida é um processo contínuo de mudança, com mudanças psicológicas constantes.  Estes pensamentos negativos não determinam o nosso valor, nem os nossos actos ou pensamentos. Se eles nos fazem sentir mal, o melhor é “varrê-los” da cabeça. Nós sentimos o que pensamos!

    Outra ideia importante para a auto-estima tem a ver com o “locus de controle”. As pessoas com auto-estima mais baixa tendem a acreditar que aquilo de bom ou de positivo que conseguiram alcançar ou que as suas qualidades "positivas" se devem ao acaso (“tive sorte em ter um 18 neste exame”). Por outro lado, as qualidades negativas são interpretadas como fazendo parte da própria pessoa (“locus de controle interno”), pois este acontecimento negativo é interpretado como dependente do seu comportamento ou de características relativamente permanentes (“sou desajeitado”...). No caso do “locus de controle externo”, as características positivas são interpretadas como não dependentes do seu comportamento (o lugar de controlo está fora do sujeito) e as suas causas são atribuídas à sorte ou ao acaso. Nestes casos existe uma clara desvalorização do positivo e uma preocupação com o negativo.

    Também é possível desenvolver uma baixa auto-estima por ouvirmos frequentemente comentários negativos e depreciativos. Isto pode ser dramático especialmente na infância e adolescência, pois os jovens são muito mais sensíveis a críticas negativas e mais facilmente poderão desenvolver um auto-conceito negativo. Provavelmente, muitas das pessoas que criticam frequentemente terão elas próprias um auto-conceito negativo. A crítica mordaz é inútil e destrutiva. Na realidade, não podemos fazer depender o nosso mérito pessoal do que os outros pensam e dizem. Face a uma crítica devemos pensar “Isto é a opinião daquela pessoa”, o que nos torna mais imunes aos sentimentos negativos dos outros. Podemos fazer uma análise de eventuais críticas, mas sem nos sentirmos mal ou perturbados por isso.

    Por: Joana Dias

     

    Outras Notícias

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].