O Natal nas empresas
Desde os primórdios, os indivíduos relacionam-se socialmente em grupos homogéneos, com objectivos comuns. O Homem é por natureza um ser social, pois retira vantagens disso, pelas sinergias que as relações sociais proporcionam. Desde objectivos de segurança e defesa comuns, até à obtenção de níveis de produtividade superiores, decorrentes da especialização de cada indivíduo, ou grupo, a sociedade gera ganhos acrescidos por causa da rede de relações sociais.
Nas sociedades organizam-se células ou instituições dentro das quais os indivíduos se disciplinam e se organizam de forma estável e harmoniosa, tendo também esta vida própria e individualidade.
Desde logo a família, será a célula primeira, aquela que introduz o indivíduo em organizações e processos mais complexos, sempre baseados em normas de relacionamento e códigos de conduta próprios; a escola, é por excelência uma instituição de formação desses códigos de conduta e tomada de conhecimento conducente à especialização; finalmente temos a empresa, latus sensus, que compreende todas as instituições e organizações com natureza tão diferente como a justiça ou a segurança, a economia e a defesa, atravessando actividades que vão desde a agricultura à industria, passando naturalmente pelos serviços.
A empresa é na sua essência uma organização que leva à criação de riqueza, através da geração de valor, mas não deixa de incorporar em si própria uma rede de relações sociais regulamentadas e normalizadas com vista ao seu objectivo. De facto, o que as empresas elementos vivos da sociedade, com individualidade, personalidade e uma marca distintiva, é sem duvida a circunstância de integrar o elemento humano, que ao contrário dos processos mecânicos, tem a virtualidade de entregar às organizações uma carga emocional, alavanca das ideias, da inovação e investigação, da mudança, do crescimento e desenvolvimento dessas instituições, dotando-as de uma dinâmica que acaba por determinar a sua natureza viva dentro das sociedades.
Portanto, apesar das normas objectivas e das regras de conduta uniformes que se observam, o elemento subjectivo emocional é determinante na sobrevivência e continuidade das empresas, como agente participativo na construção social. Então, valores como a motivação, o estimulo, a liderança, a ética, ou a satisfação, e mais recentemente a ideia da responsabilidade social, estão cada vez mais presentes nas politicas das empresas e aproveitam naturalmente o elemento humano que as integra, reforçando a unidade e a coesão no seu interior.
Natal nas empresas é portanto um pretexto para promover a unidade e a harmonia interna e externa, na relação com todos os parceiros com quem interagem, tratar da componente emocional e das relações sociais. O Natal é altura de reunião e solidariedade e ambiente generalizado de generosidade, contraponto de muitos excessos que se praticaram ao longo do ano, da forte pressão e stress, quantas vezes de competição e concorrência. É porventura um regresso às origens, onde a ideia de voltar a nascer despida de preconceitos, interesses e angustias, e outros formalismos sociais, em relação ao nosso semelhante que se reveste de um sentido físico e biológico, a quem se olha como alguém igual a nós.
Nas empresas, mais importante do que o capital financeiro e os equipamentos e tecnologias, o capital humano é um factor fundamental que é preciso preservar através de acções que promovam a sua valia e a sustentabilidade das Empresas, em defesa da ideia nunca gasta de que: “Natal é todos os dias do ano!”.
Por: José Quintanilha
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