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    Arquivo: Edição de 30-05-2008

    SECÇÃO: Editorial


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    Ser criança, onde e como…

    Muitas vezes me interrogo se o mundo está louco ou se sempre foi assim, mas não se sabia …

    Vivemos cheios de medo, de preocupações, alguém me dizia:

    O meu pai vive obcecado com medo que lhe raptem a neta, a miúda não pode dar um passo sem ser acompanhada, ela sente-se mal, as colegas já vão todas de autocarro para a escola e ela também gostava de ir.

    Na verdade existem dois extremos, os pais completamente ausentes, e os super-protectores. Destes últimos há cada vez mais, e as consequências são evidentes no comportamento escolar, a falta de autonomia, as dificuldades em entender qualquer contrariedade, com a família sempre a ligar-lhes pelo telemóvel, e essa preocupação é de tal ordem que muito boa gente pensa em controlar os filhos através das novas tecnologias negando-lhes toda a privacidade.

    As crianças têm as suas coisas, os seus diários, os seus segredos, é um direito, e hoje em dia é bom lembrarmo-nos desses direitos, em especial quando são filhos de casais separados, os filhos não podem ser joguetes no meio das desavenças dos adultos.

    Lidar com crianças numa separação não é fácil, as crianças sofrem muito com isso e temos de as entender, e especialmente não tentar comprar o seu afecto, porque esse não se vende.

    Quanto aos outros extremos de maus-tratos, levados até às últimas consequências, quantas vezes à própria morte, temos de estar atentos e tentar perceber o porquê do que pode ser entendido: como a fome, a guerra, o abandono total de tudo e as atitudes de desequilíbrios psicológicos. E as de um sub-mundo como o tráfico de bebés, pais que violam os filhos, pedofilia, venda de órgãos, trabalho de escravos e uma série de horrores que gostaríamos que não existissem.

    Dos que não pertencem a estes extremos ainda existem muitas diferenças, de cor, de raça, de estrato social, de níveis culturais diferenciados, deficiências físicas, dificuldades de aprendizagem, mal alimentados, sem regras nem princípios, sem amor nem carinho, que todos os dias convivem connosco, que são infelizes e nem têm consciência disso.

    Quem lida com crianças e jovens sabe muito bem como é difícil o momento que vivemos, com crianças e jovens que passam horas e horas sozinhos, enfiados nos seus quartos – na melhor das hipóteses, com acesso a um leque de informações e solicitações de que não entendem as consequências.

    É neste mundo e não noutro, que vivemos e que tantas dúvidas levanta aos jovens quando confrontados com a vontade de ser pais.

    Sem condições económicas, sem acesso à cultura, a uma cultura que valorize a protecção às crianças, que as olhe com carinho e não como um obstáculo, é difícil convencer as camadas mais novas a ter mais filhos.

    Sempre apreciei a forma como as crianças são tratadas na Noruega, elas são o centro da atenção de toda a gente. Encontramo-las em todo o lado, nos restaurantes, nas ruas, nos jardins, nas compras, muito senhoras das suas escolhas, que partilham com a família.

    Até a nível artístico isso é visível, há imensas imagens e esculturas com crianças, não admira que num país assim a natividade tenha aumentado.

    Por: Fernanda Lage

     

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