Faz sentido o Dia Internacional da Mulher?
Sou por natureza uma mulher para quem as comemorações fazem todo o sentido, sejam elas dolorosas, felizes, importantes ou festivas.
Quanto aos direitos da mulher... há um grande caminho a percorrer.
Homens e mulheres são, hoje, iguais perante a lei, no entanto a discriminação persiste.
As mulheres continuam a ser o grupo social mais afectado pelo desemprego, pela pobreza, pela exclusão social, económica, política e empresarial.
Ainda não se conseguiu um equilíbrio, até nas coisas mais comezinhas, do nosso quotidiano, há atitudes que continuam a fazer toda a diferença.
Não basta a mera afirmação de uma igualdade presente na declaração dos Direitos Humanos. O que está em causa é a aplicação efectiva desses direitos na vida de cada um de nós.
As diferentes culturas, ao longo do tempo, têm dado à mulher diferentes estatutos, e muito se tem conquistado. Não sou adepta dum discurso de piedade, de inferioridade do papel da mulher na sociedade, mas temos que reconhecer que nalgumas culturas, nalguns países, a discriminação é total. Lutar pela liberdade, combater a opressão, é obrigação de todos nós, homens e mulheres.
Mesmo no nosso mundo ocidental, e concretamente no nosso país, ou na nossa terra, faz falta analisar, reflectir, compreender, lutar, por algumas causas.
As mulheres continuam a ser presa fácil de negócio, de escravatura, de falta de respeito, de agressões físicas e psicológicas.
Quantas mulheres conseguem conciliar a sua progressão profissional, a sua actividade política com o seu papel de mulher e mãe?
Acredito que é através da cultura que essas modificações se vão operar.
Algo vai ter de mudar no nosso país, na maior parte dos cursos as mulheres estão em maioria, são elas que obtêm melhores resultados nas escolas. As mulheres começam a entrar no mundo empresarial, na gestão de empresas, executam qualquer tarefa.
Pessoalmente sinto-me muito bem como mulher e nunca tive qualquer problema por isso, antes pelo contrário, sempre fui respeitada, considerada e até mimada, porque não?
Também é bom para os outros dar-lhes essa oportunidade, esse prazer – poderem ser gentis, afectuosos, charmosos…
Mesmo assim as mulheres lutadoras, capazes de exercer qualquer tipo de profissão, fazem-no, ainda, com certas reservas, com dificuldades de ordem social e funcional.
O nosso quotidiano ainda não está totalmente organizado de modo facilitar a actividade da mulher responsável como mãe e profissional. Sobram para a mulher ainda uma série de tarefas que, de futuro, têm que ser partilhadas.
Mas a discriminação é real. As mulheres, para ocuparem um cargo de chefia, têm que ser muito melhores que os homens.
Não se entende que em entrevistas para um emprego se pergunte: é casada, tem filhos, tenciona ter, tem namorado? Será que numa entrevista a um homem estas questões são equacionadas?
Reparem, não estou a falar dos grandes casos de desigualdade: dos maus tratos, das humilhações, da desigualdade nos ordenados, falo de coisas simples, tão simples como ter direito a uma profissão.
Por:
Fernanda Lage
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