SECÇÃO: Direito

Europa e EUA: Desafios Comerciais na Era Trump 2.0

Nos últimos 90 anos, o mundo testemunhou um período de prosperidade sem precedentes, impulsionado por um mercado global baseado na livre concorrência e no comércio aberto. Este sistema permitiu um crescimento económico significativo, com um aumento do PIB global em média 3,5% / ano entre 1945 e 1973. Além disso, a globalização e a redução das barreiras comerciais contribuíram para a redução da pobreza global, que caiu de 42% em 1981 para menos de 10% em 2015. No entanto, nos últimos anos, temos observado uma tendência crescente de políticas soberanistas e protecionistas, que ameaçam reverter esses avanços e criar novas tensões no cenário global.

A reeleição de Donald Trump vem trazer (novas e outras experimentadas) questões e incertezas para o Mundo, em particular para a Europa, em várias áreas, em particular no campo do comércio internacional. A postura protecionista e soberanista de Trump – exemplificada pela renegociação de acordos comerciais durante o primeiro mandato - antecipa políticas que irão ter impacto nas relações comerciais transatlânticas.

Além disso, a abordagem de Trump em relação aos acordos comerciais multilaterais pode levar a uma revisão ou até mesmo ao abandono de tratados existentes. Isso poderia criar um ambiente de incerteza jurídica e económica, exigindo que as empresas europeias se reposicionem. Sabendo que o clima económico é mais frágil do lado europeu, como é mais difícil a adaptação e adoção de novas políticas por parte dos burocratas europeus, está fácil de perceber que o maior impacto será sofrido do lado de cá.

Não está, assim, afastada a possibilidade de nos vermos forçados a fortalecer os mecanismos de defesa comercial da Europa para proteção da indústria de práticas desleais e garantia da conformidade com as normas internacionais. Num mundo em constante e rápida mudança, a postura também poderá ter de passar pela intensificação das negociações com outros parceiros comerciais, de forma a diversificar as relações comerciais e reduzir a dependência dos Estados Unidos.

O novo mandato de Trump também trará, certamente, implicações para a

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Por: Daniel Torres Gonçalves