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Edição de 25-06-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2023

    SECÇÃO: Ciência


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    Fazer contas aos incêndios

    este mês de novembro trazemos um tema pouco usual para esta época do ano, os incêndios. Na realidade este assunto que ocupa a nossa imprensa durante, principalmente, os meses de calor tem consequências que alastram ao ano todo, nomeadamente os custos de recuperação das áreas ardidas.

    Há vários anos que os incêndios florestais têm sido uma preocupação persistente no nosso país, causando danos significativos à biodiversidade, à qualidade do ar e à segurança das comunidades locais. A compreensão das razões que levam a esses eventos é crucial de modo a desenvolver estratégias eficazes na sua prevenção e controlo.

    A principal razão para a ocorrência de incêndios florestais muitas vezes está relacionada com atividades humanas. Queimadas não controladas, negligência com cigarros, o descarte irresponsável de resíduos e até mesmo incêndios criminosos são algumas das causas. O aumento das temperaturas globais e as alterações climáticas, já muito discutidas neste espaço de ciência, também contribuem para como condições propícias a incêndios, tornando a vegetação mais seca e suscetível à ignição.

    Embora, na atualidade, a maioria dos incêndios florestais seja desencadeada por atividades humanas, os incêndios naturais também desempenham um papel na ecologia das florestas. Descargas elétricas durante tempestades podem iniciar incêndios, e algumas plantas libertam até substâncias inflamáveis para promover a germinação de sementes. No entanto, a ação humana muitas vezes intensifica esses eventos naturais como é o caso das nossas florestas nacionais “carregadas” de eucaliptos. Esta árvore, de origem australiana, está de tal forma adaptada aos incêndios que aproveita estas situações para se espalhar no território.

    Assim, a prevenção e o controlo dos incêndios florestais exigem uma abordagem multifacetada. Investir em educação ambiental, promovendo práticas de agricultura sustentável e implementando regulamentações rigorosas são passos cruciais. Além disso, o estabelecimento de unidades de combate a incêndios bem equipadas, a adoção de tecnologias modernas de monitorização e a promoção de políticas de uso responsável da terra são medidas essenciais.

    As consequências dos incêndios florestais são vastas e profundas. Além da perda de biodiversidade e da destruição de habitats naturais, os incêndios contribuem para a emissão de gases de efeito estufa, agravando as mudanças climáticas. As comunidades locais enfrentam evacuações, perdas materiais e de vidas humanas. A qualidade do ar é comprometida, afetando a saúde respiratória de pessoas e animais. E, como podemos ler no texto que trazemos este mês da Universidade de Coimbra, para além destas perdas biológicas e naturais, há a acrescentar os gastos que tem para o estado e para o bolso de todos nós através dos custos associados ao combate dos incêndios e, posteriormente, à recuperação das áreas afetadas. Para além disso, a perda de plantações, a degradação do solo e a interrupção de atividades agrícolas prejudicam a subsistência de muitas comunidades locais.

    Enfrentar os desafios dos incêndios florestais requer uma responsabilidade coletiva. A população, as autoridades governamentais, as organizações não-governamentais e o setor privado devem unir esforços para desenvolver e implementar estratégias sustentáveis na prevenção e resposta aos incêndios. A promoção da consciencialização ambiental e a participação ativa das comunidades são passos fundamentais nesse processo.

    O uso de tecnologias inovadoras, como sistemas de monitorização por satélite, drones e inteligência artificial, pode ser crucial na deteção precoce e no combate eficiente aos incêndios florestais. Essas ferramentas proporcionam uma resposta mais rápida e precisa, reduzindo o impacto potencial dos incêndios.

    Em última análise, enfrentar os desafios dos incêndios florestais exige uma abordagem abrangente, envolvendo medidas preventivas, ações de combate e esforços de recuperação. A conscientização da comunidade, a implementação de políticas eficazes e a adoção de tecnologias inovadoras são peças-chave nesse quebra-cabeça complexo. Somente através de uma cooperação unificada e do compromisso com a preservação ambiental podemos mitigar os impactos devastadores dos incêndios florestais em território nacional.

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    “Estudo conclui que serviços de dispersão de sementes na recuperação das florestas ardidas podem custar mais de 23 milhões de euros por ano

    Um estudo liderado por investigadores do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia das Universidade de Coimbra (FCTUC), concluiu que os serviços de dispersão de sementes na recuperação das florestas ardidas podem custar mais de 23 milhões de euros por ano.

    O artigo científico “What is the value of biotic seed dispersal in post-fire forest regeneration?”, agora publicado na revista Conservation Letters, mostra o trabalho que está a ser desenvolvido no âmbito do projeto “Life After Fire”, que surgiu na sequência dos incêndios de 2017, em Portugal, e que tem como principal objetivo estudar a importância da dispersão de sementes na recuperação das florestas após um incêndio.

    «Com este estudo concluímos, além do valor económico dos serviços de dispersão de sementes, que apesar da esmagadora maioria das espécies não depender exclusivamente da dispersão de sementes por animais, para cerca de um terço dessas plantas a dispersão é uma forma de voltarem a colonizar estas zonas ardidas», revela Sérgio Timóteo, investigador do DCV e líder do projeto.

    Segundo o artigo científico, a maioria das espécies possui múltiplas estratégias para enfrentarem o fogo, incluindo duas dezenas de espécies que possuem todas as estratégias, nomeadamente germinação a partir do banco de sementes após o incêndio florestal (78%), capacidade de rebrote (54%), adaptações bióticas (35%) ou abióticas (28%) de dispersão de sementes. Embora apenas oito espécies sejam exclusivamente dependentes da dispersão biótica, 166 espécies (cerca de um terço das avaliadas) possuem características que facilitam a dispersão animal. Assim, a importância relativa da dispersão biótica é estimada em 16%.

    De acordo com o investigador da FCTUC, quando ocorrem incêndios florestais de grandes dimensões, como os de 2017, «é necessário fazer algum tipo de intervenções em algumas áreas, principalmente no que se refere à estabilização de solos, às vezes até evitar recolonização por espécies invasoras. Isto tudo são ações ativas, ou seja, implicam ações humanas», refere, ressalvando que os

    (...)

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