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    Arquivo: Edição de 30-11-2019

    SECÇÃO: Editorial


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    A Paz

    Completaram-se, no passado dia 9 de novembro de 1989, 30 anos sobre o fim da Guerra Fria, que durava há quatro décadas e meia, o mesmo é dizer sobre a conquista da Paz para a Europa e para o Mundo, simbolizada pelo derrube do “Muro de Berlim”. Terminada a 2.ª Guerra Mundial em 1945, logo se manifestou a divisão entre os Aliados, aliás, já sentida nos momentos finais do grande conflito. A constituição do Bloco Soviético, com a adesão ao regime das “democracias populares” por parte de vários países da Europa de Leste (Polónia, Checoslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, Jugoslávia, Albânia e RDA) mostrou que esta divisão política, entre o Mundo Capitalista e o Mundo Comunista, ganhava raízes e seria para ficar. Era o alicerce da Guerra Fria que haveria de perdurar até à destruição política e material do Muro de Berlim.

    A introdução em Berlim-Oeste do marco alemão ocidental, por parte dos Aliados Ocidentais (EUA, França e Reino Unido) esteve na base de um primeiro conflito, que quase originava nova guerra, quando os soviéticos bloquearam todas as vias de comunicação terrestre entre as zonas de ocupação ocidental e Berlim-Oeste em junho de 1948, convencidos que com o tempo os Aliados ocidentais desistiriam desta parte da antiga capital. Valeu a ponte aérea que se prolongaria até maio de 1949, altura em que o problema se resolveu, com a cedência de Estaline, fundando-se, nesta conjuntura, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO) de que Portugal foi um dos 12 estados fundadores.

    Um dos melhores símbolos do “conflito” foi o Muro de Berlim, começado a levantar em 13 de agosto de 1961. Os números relativos a um Muro que mais do que uma cidade, separava o Mundo de então são surpreendentes: 155 Km de comprimento (43 Km na área metropolitana); 4,20m de altura; 300 torres de vigia, com soldados armados, 24h por dia; corte de 8 linhas ferroviárias; interrupção de 4 linhas do Metro de Berlim; divisão de quase 200 praças, avenidas e ruas; um custo de cerca de 870 milhões de marcos.

    Na década de 1980, a URSS vivia numa situação complicada em termos económicos e sociais. Economia estagnada, pouco respeito pela qualidade de vida da população, investimentos estatais quase exclusivamente no setor militar. É neste contexto que chega ao poder Mikhail Gorbatchev (1985) que adota a “Glasnost” (transparência posta na promoção da liberdade de expressão) e a “Perestroika” (reestruturação da economia baseada no estímulo à iniciativa privada). São então criadas condições que levam ao colapso do comunismo em toda a Europa de Leste e ao simbólico derrube do Muro de Berlim, 28 anos após a sua construção – a Guerra Fria chegava ao fim.

    O “Diário de Lisboa” de 10 de novembro de 1989 ocupava a 1.ª metade da sua 1.ª página com o título “Caiu o Muro da Vergonha / Berlim é uma Festa” noticiando que «Milhares de alemães orientais inundaram a noite passada as ruas de Berlim Ocidental, em ambiente de autêntico Carnaval, após as autoridades da RDA terem anunciado a abertura das fronteiras».

    Só é pena que, por causa da intolerância que continua a persistir, outros “Muros da Vergonha” continuem a existir no Mundo, como são os que separam a Coreia do Norte (comunista) da Coreia do Sul (capitalista), o muro localizado na fronteira entre Tijuana, no México, e San Diego, nos Estados Unidos da América, que assim pretende conter o movimento de imigrantes latinos; o muro, de centenas de Km, que separa Israel de territórios palestinianos ocupados, bem como da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental ou o muro que, por razões políticas e religiosas, separa partes de Belfast, a capital da Irlanda do Norte. Há ainda muito a fazer em matéria de tolerância e de Paz!

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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