NOVA UNIDADE ASSEGURA PROCESSO INOVADOR DE PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS RECUPERADOS
Recivalongo vai produzir combustível alternativo aos combustíveis fósseis
Foi inaugurada, no passado dia 8, no Vale da Cobra, em Sobrado, Valongo, uma nova unidade transformadora para a produção de combustíveis sólidos recuperados (CSR), a Recivalongo, unidade cujo investimento ascende aos 10 milhões de euros.
A nova unidade, que integra a 2º fase do CITAV – Centro Integrado de Triagem, Tratamento e Valorização do Douro Norte, resulta de um investimento 45% cofinanciado no âmbito do programa SI – Inovação (QREN) – e está preparada para receber 100 mil toneladas/ano destinadas à produção de Combustíveis Sólidos Recuperados (CSR) para valorização energética, dos quais 30% estão previstos para exportação. Para o primeiro ano de atividade, os responsáveis da Recivalongo estimam um volume de negócios de aproximadamente 1 milhão de euros.
A Recivalongo, instalação integrada que tem como objetivo a valorização de resíduos não perigosos através de processos de produção de Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR), destacando-se pelo «processo inovador de produção de (CSR)», conforme aponta fonte da empresa, tem já em funcionamento a unidade de confinamento técnico, que permite também o destino final adequado para os rejeitados da unidade.
De referir que o combustível produzido é de origem renovável, diminuindo as importações do país em outros combustíveis fósseis. Neste contexto, a unidade «apresenta-se na vanguarda das políticas europeias no que concerne ao tratamento de resíduos», aponta a mesma fonte.
Refira-se que com esta unidade se evita a utilização de aterros sanitários em 70 a 90%, comprovando-se que «estes são uma infraestrutura desatualizada para o tratamento de resíduos industriais e urbanos». A infraestrutura apresenta capacidade de tratar os refugos da seleção dos resíduos urbanos na região Norte do País.
Relativamente aos equipamentos, foi privilegiada tecnologia portuguesa, cooperando a Recivalongo com produtores nacionais para o desenvolvimento e conceção de parte dos equipamentos, criando know-how nacional no tratamento de resíduos.
A «preocupação da preservação da floresta na região foi um dos fatores que levou a Recivalongo a incluir no seu investimento uma infraestrutura para abastecimento aéreo de água disponível na região de Valongo, Alfena, Sobrado, Lordelo e Santo Tirso, com capacidade para 150 metros cúbicos de água e preparada para dar apoio ao combate de incêndios florestais da região».
A Recivalongo partilha instalações e complementa a atividade da Retria – uma unidade pioneira na zona metropolitana do Porto para o tratamento de resíduos da Construção e Demolição, inaugurada em abril de 2009. Passados três anos desde o início de atividade, a Retria já recebeu aproximadamente 200 mil toneladas de RC&D'S e faturou mais de 1,6 milhões de euros.
Estas duas unidades surgem inseridas no CITAV – Centro Integrado de Triagem, Tratamento e Valorização do Douro Norte, «uma unidade pioneira no país, uma infraestrutura única na Região Norte, com capacidade para rececionar todo o tipo de resíduos sólidos não perigosos, na qual é assegurada a opção primária pela sua valorização, reduzindo significativamente o encaminhamento para eliminação e deposição em aterro». Implantado numa área de 170 mil m2 o CITAV – Douro Norte é composto por três unidades: Unidade de Triagem e Valorização de Resíduos de Construção e Demolição (Retria); Unidade de Produção de Combustíveis Sólidos Recuperados e uma Unidade de confinamento de Resíduos Não Perigosos.
Maria José Pires, responsável pela Recivalongo, apresenta esta unidade como «uma infraestrutura destinada à produção de um combustível alternativo aos combustíveis fósseis, para consumo em fornos, caldeiras, centrais de biomassa ou outros sistemas compatíveis com a finalidade de produzir vapor para unidades industriais adjacentes ou para a produção energética – combustível sólido recuperado, contribuindo para a gestão sustentada de resíduos e recursos, nomeadamente através do desvio de resíduos de aterro e da utilização enquanto combustível alternativo».
DUAS UNIDADES
A Recivalongo é constituída por duas unidades, produção de CSR e confinamento técnico, e foi projetada para processar «várias tipologias de resíduos não perigosos, em especial resíduos provenientes de indústria e comércio, assim como algumas tipologias de resíduos sólidos urbanos (RSU) e refugo de unidades de processamento de resíduos de construção e demolição (RCD), promovendo a redução da respetiva deposição em aterro», refere Maria José Pires.
Pretende-se, desta forma, contribuir para a Estratégia para os Combustíveis Derivado de Resíduos, aprovada pelo Despacho do Ministério do Ambiente e do Ministério da Economia. Neste contexto, a Recivalongo surge como uma alternativa, concretizando as medidas de atuação com vista a promover a hierarquia de gestão de resíduos através da valorização das frações de refugo das unidades de triagem, de tratamento mecânico e de tratamento mecânico e biológico (TMB) de resíduos urbanos. «Contribui ainda para maximizar sinergias entre fileiras e fluxos de resíduos permitindo, no seu processo, a mistura de frações de outros tipos de resíduos não perigosos tais como resíduos industriais e de construção e demolição, e resíduos enquadrados na gestão de fluxos específicos (por exemplo, resíduos de embalagens, pneus usados, veículos em fim de vida e resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos)», acrescenta Maria José Pires.
Na verdade, «conjugam-se assim os requisitos das políticas de ambiente e energia, enquadrando-se como um importante contributo para a gestão sustentada de resíduos e recursos, designadamente, através da diversificação das fontes de energia e do aproveitamento dos recursos endógenos.
Entre as particularidades deste projeto, que pretende ser uma referência no mercado de gestão de resíduos da Região Norte», adianta a mesma fonte, «destaque para a redução significativa da necessidade de confinamento de resíduos em aterro, otimizando os processos de valorização a montante, e, simultaneamente, o facto de conduzir a um significativo aumento do tempo de vida útil do aterro para resíduos não perigosos».
A empresa adianta ainda que «a localização e o serviço prestado pela Recivalongo – que apresenta a solução mais completa e com vantagens inerentes de uma instalação integrada - afiguram-se importantes mais-valias, num cenário de escassas soluções para resíduos industriais não perigosos, na zona Norte, e nenhum tão completo como o desta unidade».
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