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    Arquivo: Edição de 15-10-2009

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    O meu filho ainda faz chichi na cama…

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    Aqui está um problema que afecta muitos pais; mesmo se o seu filho tem mais de cinco anos e ainda faz chichi na cama, evite recriminá-lo, porque ele não tem culpa.

    Os especialistas convencionaram que se usaria o nome Enurese para designar o facto de uma criança ainda fazer chichi na cama, após a idade em que isso já não deveria acontecer.

    Em regra, qualquer criança tem capacidade para controlar o músculo esfincteriano durante a noite, por volta dos 3 anos. Contudo, já que cada criança tem o seu próprio ritmo de desenvolvimento, o limite máximo para a aquisição desta competência é os cinco anos.

    Assim sendo, se o seu filho tem mais do que esta idade e ainda molha os lençóis, é importante que se mantenha atenta, e procure uma ajuda especializada.

    A Enurese pode ser de dois tipos: primária ou secundária. Considera-se primária, quando a criança nunca conseguiu adquirir o controlo dos esfíncteres.

    É secundária, se existiu uma regressão, isto é, se já houve algum tempo em que não eram necessárias fraldas, mas de repente tudo voltou ao início. A Enurese secundária está, muitas vezes, associada a uma situação traumática que se torna necessário desbloquear de forma a evitar graves sequelas psicológicas.

    É difícil enunciar uma só causa para este problema, já que varia de criança para criança e pode inclusive ser fruto da interacção de diversos factores. Por este motivo, os autores que se debruçam sobre este problema não chegam a um consenso.

    Frequentemente, não existem quaisquer problemas de ordem física, embora seja importante que estes sejam avaliados. Excluídos os factores orgânicos, tudo aponta para que estejamos perante um problema cujas raízes são emocionais.

    É sabido que para as crianças muito pequenas, o acto de urinar ou de conter a urina (na fase de desenvolvimento a que Freud chamou “fase anal”) encerra um simbolismo que nos permite avaliar a relação com as figuras parentais.

    De um modo simples, os psicanalistas defendem que a Enurese poderá ser o modo que a criança encontrou para manifestar a sua agressividade e o seu mal-estar face aos pais. Com o passar do tempo, a criança vai encontrando outros modos de se expressar mas, nos casos de Enurese secundária há, sem dúvida alguma, uma situação que abalou o equilíbrio psicológico.

    A morte de uma pessoa muito querida, o divórcio dos pais, mudança de casa ou de escola, o nascimento de um irmão, são causas bastante frequentes. O que se passa, é que perante situações geradoras de grande ansiedade, a criança volta a assumir comportamentos típicos de uma fase de desenvolvimento anterior ao esperado na sua idade.

    A atitude dos pais é muito importante para a solução do problema. Em hipótese alguma devem apelar para os sentimentos de vergonha, mostrando o colchão molhado aos vizinhos e amigos. Deste modo só contribuem para o aumento da ansiedade e, por conseguinte, para que os episódios de Enurese sucedam mais frequentemente.

    O primeiro passo é consultar o Pediatra de forma a despistar possíveis factores de ordem física. Eliminadas estas causas, há que procurar um psicólogo com vista a avaliar a esfera psico-afectiva. Muitas vezes basta introduzir pequenas mudanças na família, para que tudo passe a correr bastante melhor.

    Uma estratégia que resulta bastante bem é elaborar, em conjunto com a criança, um calendário de sucessos e insucessos. Será o próprio a desenhar uma nuvem cada vez que fizer chichi e um sol quando tal não acontecer. Paralelamente, cabe aos pais a tarefa de elogiarem bastante os sucessos e ignorarem os insucessos.

    Com o tempo, a situação acaba por se extinguir, sendo importante acentuar que quem mais sofre com tudo isto é a própria criança, já que a sua auto-estima arrisca-se a ficar seriamente melindrada.

    Por: Joana Dias

     

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