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Edição de 30-09-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2008

    SECÇÃO: Gestão


    As energias e os compromissos ambientais

    Nestes últimos tempos sucederam-se um conjunto de factos que parecendo surgir do nada, têm um nexo de causalidade comum e estão muitas vezes ligados a interesses políticos e económicos objectivos e concretos. Estou a falar, por exemplo, dos conflitos no Médio Oriente e no Iraque, com as extensões a outros países vizinhos como o Afeganistão, Paquistão e Índia; a sequência de ataques terroristas que tiveram como símbolo mais visível a 11 de Setembro; o conflito Israelo-Palestiniano, também financiado por interesses externos; o Protocolo de Kyoto e a tomada de consciência dos perigos ambientais que afectarão as gerações vindouras; mais recentemente a crise do petróleo e por ultimo a crise financeira mundial que tem tido reflexos um pouco por todo o mundo e que acabou por nos afectar também a nós, aqui neste pequeno rectângulo português.

    O elemento comum em todos estes acontecimentos é sem dúvida o desgaste e a falência dum sistema económico e político que permite a entrega nas mãos de uns quantos interesses, o monopólio e o poder de decidir sobre questões tão estruturais e estratégicas, como a energia, as agressões ambientais, a promoção de conflitos ilegitimamente fundados e interesses económicos que aproveitam a alguns em detrimento de quase todos. Esta é, de facto, a pedra de toque do capitalismo ultra liberal que dá espaço a que estes fenómenos aconteçam, com consequências terríveis para o mundo em geral e revelando-se de diferentes formas, na Europa ou em Africa, nos EUA ou no Médio Oriente, na América Latina e na China ou Rússia. De facto, esta crise, que tem evidentemente contornos políticos e económicos, surge desta vez de uma forma global, afectando de diferentes maneiras todos os povos do planeta.

    Historicamente, as revoluções surgem de crises e de sistemas sócio-politicos gastos que originam factos absurdos e descabidos, muitas vezes imorais, dando largas a novos valores e novas ideias…e assim surgem as revoluções.

    Para os mais optimistas, a revolução permanente é uma saída do marasmo e do pântano que este sistema se tem revelado.

    Há uma boa dezena de anos, temos vindo a assistir a um processo virtuoso de educação das populações e bastante regulamentação, acerca das boas práticas ambientais de separação de lixos, reciclagem, reutilização…, nas quais foram investidos meios avultados, designadamente na promoção destas ideias, com resultados económicos e sociais assinaláveis. Este processo surge duma reacção a necessidades prementes das populações que, atempadamente, encetaram estas acções e responderam pacificamente a perigos maiores, todavia contra a resistência de alguns.

    Estamos em tempo de retomar novas ideias, desta vez fundadas em energias alternativas e mais uma vez com preocupações ambientais, promovendo os compromissos de Kyoto de reduzir as emissões de CO2 em defesa do planeta, contra, mais uma vez, aqueles interesses instalados que estão na origem das guerras infames a que assistimos em directo na TV, contra os interesses petrolíferos que estiveram na origem da crise energética que atravessamos, contra os financeiros que irresponsavelmente usam os dinheiros e as poupanças dos cidadãos e que saem desta crise impunes, sendo mais uma vez os cidadãos a repor, por via dos impostos, os erros de alguns, isto perante a maior passividade… dos mesmos.

    Vivemos num sistema que carece de valores: valores morais e sociais para as pessoas, valores políticos para a justiça e valores ambientais para a economia.

    Estes são os três vértices dum triângulo virtuoso que pode encetar a tal revolução permanente, alterando de forma substantiva o presente estado de coisas.

    A nova liderança dos EUA é uma esperança para o novo mundo. Será preciso que encontremos um pouco de Obama em cada um de nós e assim inverter definitivamente o presente estado de coisas.

    A cultura do respeito ambiental e a divulgação das energias limpas, será a nova guerra do século, contra uma cultura gasta de competição desenfreada de mais e mais produção a qualquer custo, com desrespeito pela ordem mundial, que passa inevitavelmente pela defesa da aldeia global.

    Portugal está numa posição invejável perante estes novos desafios, pois temos os meios necessários para o sucesso: o sol, o mar, as marés, o vento, os rios, a paisagem, as pessoas de brandos costumes...só nos falta uma revolução na justiça, moralizando o sistema e criando um clima de segurança, paz e oportunidades para todos e um espírito missionário em cada um.

    Por: José Quintanilha

     

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