Fazer contas aos incêndios
Nesta primeira edição do ano trazemos a este espaço de ciência um artigo sobre a diminuição de áreas verdes na nossa “vizinha” cidade do Porto. O caso do Porto não é único e é exemplo do que tem acontecido nas cidades portuguesas: dá-se privilégio à construção e atrofiam-se os cada vez mais diminutos espaços naturais.
Na realidade, nas últimas décadas, as cidades têm passado por um intenso processo de urbanização, o que muitas vezes resulta num ambiente urbano caracterizado por edifícios altos, ruas congestionadas e uma paisagem dominada pelo cimento. Assim, torna-se crucial reconhecer a importância dos espaços verdes nas cidades, não apenas como elementos estéticos, mas como fundamentais para o bem-estar humano, a sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida urbana.
Os espaços verdes desempenham um papel significativo na promoção do bem-estar e da saúde mental nas áreas urbanas. Diversos estudos indicam que a proximidade de parques e jardins está diretamente relacionada com a redução do stress, da ansiedade e da depressão. A presença de áreas verdes proporciona um refúgio tranquilo para os cidadãos, oferecendo um contraste vital em relação à agitação do quotidiano nas cidades. Estes espaços são peças-chave na luta contra a poluição do ar, um desafio crescente nas cidades modernas. As árvores, em particular, desempenham um papel crucial na absorção de dióxido de carbono e na produção de oxigénio, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade do ar. A preservação e ampliação dessas áreas têm impactos positivos na saúde respiratória das populações.
Mas a manutenção destes espaços verdes não só oferece benefícios para os seres humanos como também promove a biodiversidade. Parques e áreas verdes servem como habitats para diversas espécies de plantas e animais, criando ecossistemas urbanos que contribuem para o equilíbrio ambiental. Preservar esses espaços é decisivo para proteger a diversidade biológica nas áreas urbanas como princípio para a construção de comunidades cada vez mais sustentáveis. Os espaços verdes têm o poder de unir comunidades, proporcionando locais de encontro e interação social. Parques e jardins são cenários ideais para eventos comunitários, atividades desportivas e culturais, fortalecendo os laços entre as populações.
Economicamente também são uma vantagem! Para além dos benefícios para o bem-estar social e ambiental, os espaços verdes desempenham igualmente um papel importante na valorização do espaço urbano. Áreas verdes bem projetadas aumentam o valor imobiliário das regiões circundantes, incentivando o investimento em infraestrutura verde e promovendo um desenvolvimento urbano mais equilibrado e sustentável.
A importância dos espaços verdes nas cidades vai além de uma questão estética; é uma questão de saúde, sustentabilidade e qualidade de vida. Investir na preservação e expansão dessas áreas é essencial, garantindo um futuro mais verde, saudável e equitativo para as gerações presentes e futuras. Ao reconhecer o valor inestimável dos espaços verdes, as cidades podem transformar-se em ambientes mais harmoniosos e resilientes na mitigação dos efeitos do aquecimento global.
«Áreas de vegetação “diminuíram drasticamente” no Porto desde 1947
“As áreas de vegetação no Porto diminuíram drasticamente desde 1947, particularmente as áreas de vegetação herbácea.” Quem o diz é Filipa Guilherme, estudante do Programa Doutoral em Arquitetura Paisagista e Ecologia Urbana na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), que, no âmbito da sua tese, acaba de publicar um estudo com uma equipa multidisciplinar da Universidade do Porto, na revista Landscape and Urban Planning.
Este trabalho apresenta, a uma escala fina, as áreas de vegetação mais estáveis e menos perturbadas da cidade do Porto ao longo das últimas sete décadas, as quais deverão ser prioritárias para a conservação da biodiversidade.
A gestão da biodiversidade fica frequentemente limitada por informações espacialmente pouco precisas e sem perspetiva histórica. No caso da biodiversidade urbana, aquela mais próxima dos cidadãos, esta falta de dados a uma escala (temporal e espacial) adequada, assim como num formato espacialmente explícito, impede uma boa integração em políticas e planos de ordenamento e gestão territorial a nível local.
“As áreas de vegetação arbórea-arbustiva mais antigas são reduzidas, mas encontram-se relativamente preservadas e protegidas em parques e jardins, especialmente de acesso público; as áreas de vegetação herbácea persistente são muito escassas, enfrentam problemas de degradação e são altamente suscetíveis à expansão urbana”, continua a detalhar Filipa Guilherme.
A título de exemplo de áreas antigas de vegetação herbácea, pode mencionar-se a zona das ribeiras de Nevogilde e da Ervilheira, onde se prevê a construção da futura Avenida Nun’Álvares/D. Pedro IV e urbanizações associadas; os campos agrícolas da antiga Quinta da Prelada, onde está prevista a construção de uma academia de futebol em terrenos apontados no PDM como espaços fundamentais para a estrutura ecológica municipal; e também antigos campos agrícolas na zona de Ramalde do Meio-Viso-Requesende, onde uma mancha significativa de habitat herbáceo identificada no estudo foi recentemente destruída.
Para chegar a estas conclusões, esta equipa multidisciplinar da Universidade do Porto, que integra também os docentes da FCUP e investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) da Universidade do Porto, Paulo Farinha Marques e Miguel Carretero, orientadores de Filipa Guilherme, e também com a participação do professor da FCUP, José Alberto Gonçalves, investigador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da U. Porto, mapeou a cobertura do solo através da interpretação visual de fotografia aérea antiga e de fotografia de satélite, de 1947 a 2019. Desta forma,
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Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
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Por:
Luís Dias
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