Critérios de Pesquisa | · Artigos do Autor: LuÃs Dias · Com o Critério: Todas as Palavras
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30-06-2025 15:19:00 |
Em muitas serras do norte e centro de Portugal, há um cheiro que se confunde com a terra e com a memória. Um odor agreste, seco, que se levanta com o calor do sol e parece sair diretamente do chão, dos arbustos e das pedras. Esse cheiro é da carqueja, uma planta rústica, de aspeto espinhoso e pouco vistoso, mas que carrega consigo séculos de ligação à cultura popular, à medicina tradicional e à própria ecologia dos solos portugueses.
A carqueja mais conhecida em território nacional é a Genista tridentata, uma leguminosa autóctone que cresce de forma espontânea em solos pobres, arenosos ou pedregosos, sobretudo em zonas de montanha e baldios. É especialmente abundante nas regiões do interior, como Trás-os-Montes, Beira Alta ou a Serra da Estrela, onde pinta de amarelo vivo grandes manchas da paisagem na primavera. Trata-se de um arbusto resistente, que atinge cerca de um metro de altura, com caules rígidos, folhas pequenas ou ausentes, e florzinhas amarelas que aparecem geralmente entre março e maio, servindo de importante fonte de néctar para abelhas e outros polinizadores.
Mas a importância da carqueja em Portugal vai muito além do seu papel na biodiversidade. A planta está profundamente enraizada na vida quotidiana das populações rurais, especialmente no passado, quando tudo o que vinha da terra era aproveitado. A carqueja era usada como acendalha, por ser extremamente inflamável quando seca, e muitas famílias recolhiam-na para fazer fogo nos fornos de lenha ou nas lareiras. Servia também de cama para os animais, de forragem seca em alturas difíceis, e nalgumas aldeias era queimada nos campos como parte de rituais de proteção ou fertilização da terra. No contexto religioso e simbólico, era comum, por altura da Páscoa, benzer os campos com ramos floridos de carqueja, num gesto que misturava tradição cristã com práticas ancestrais de respeito pela natureza.
Um dos usos mais conhecidos, e que ainda hoje sobrevive, é o da carqueja como planta medicinal. O seu chá, “A carqueja ajuda a tratar feridas diabéticas e reduz a dor
Uma tese doutoral da Escola de Ciênci...
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2. O futuro estará no hidrogénio? |
31-03-2025 10:53:00 |
hidrogénio (H) é o elemento químico mais abundante do universo, constituindo cerca de 75% da sua massa. Nas estrelas, incluindo o nosso Sol, ocorre a fusão nuclear de átomos de hidrogénio, gerando hélio e libertando enormes quantidades de energia. Este processo é a fonte de luz e calor que permite a vida na Terra. Apesar da sua abundância no cosmos, na Terra o hidrogénio raramente se encontra em estado livre. Em vez disso, está presente em compostos como a água (H2O) e os hidrocarbonetos (como o metano, CH4). Para ser utilizado como fonte de energia, precisa de ser extraído, um processo que pode ser feito por eletrólise da água ou por reformação do gás natural.
O hidrogénio pode ser utilizado em meios de transporte de duas formas principais: motores de combustão a hidrogénio, que são semelhantes aos motores a gasolina e queimam hidrogénio em vez de combustíveis fósseis, e células de combustão, que geram eletricidade através da reatividade entre hidrogénio e oxigénio, emitindo apenas vapor de água como resíduo. A tecnologia de células de combustão tem ganhado destaque pela sua elevada eficiência e baixo impacto ambiental. Os veículos movidos a hidrogénio, como menciona o autor do nosso texto deste mês, são silenciosos, têm autonomias comparáveis às dos veículos a gasolina e podem ser reabastecidos em poucos minutos, ao contrário dos elétricos a bateria, que demoram mais tempo a carregar.
Os carros a combustão interna dominam as estradas há décadas, mas enfrentam um declínio devido às emissões de gases poluentes e ao esgotamento das reservas de petróleo. Os veículos elétricos a bateria surgiram como uma alternativa promissora, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. No entanto, a sua autonomia limitada e o tempo de carregamento são desafios. Os veículos a hidrogénio combinam o melhor dos dois mundos: têm uma autonomia semelhante à dos carros a combustão (cerca de 500 a 800 km) e um tempo de reabastecimento de apenas 5 minutos. No entanto, ainda enfrent“Carros de Hidrogénio: A Alternativa Sustentável do Futuro?
À medida que a mobilidade sustentável...
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3. Combater as alterações climáticas |
28-02-2025 13:34:00 |
O aquecimento global é um dos maiores desafios ambientais do nosso tempo. Esta expressão refere-se ao aumento da temperatura média do planeta devido à acumulação de gases com efeito de estufa na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Este fenómeno está intimamente ligado à atividade humana, especialmente desde a Revolução Industrial.
Foi durante a Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, que os desequilíbrios ambientais começaram a tornar-se evidentes. A crescente utilização de combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás natural, revolucionou a produção industrial e os transportes, mas também desencadeou a emissão em massa de CO2. Este gás, libertado pela queima desses combustíveis, acumulou-se na atmosfera e deu início ao que hoje conhecemos como o efeito de estufa acentuado.
O efeito de estufa é um processo natural que permite que a Terra mantenha uma temperatura adequada à vida. Sem ele, o nosso planeta seria demasiado frio para suportar a maior parte dos seres vivos. No entanto, com o aumento descontrolado das emissões de gases, este efeito foi intensificado, provocando o aquecimento global.
As consequências deste fenómeno são evidentes: degelo dos polos, aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos, desertificação e perda de biodiversidade. Estas alterações não afetam apenas os ecossistemas, mas também as populações humanas, que enfrentam escassez de água, redução da produção agrícola e o deslocamento forçado devido a catástrofes naturais.
Combater o aquecimento global exige a redução drástica das emissões de gases com efeito de estufa. Para tal, é fundamental apostar em fontes de energia renováveis, como a solar, a eólica e a hidráulica, que não produzem CO2. A eficiência energética também desempenha um papel crucial: utilizar menos energia para realizar as mesmas tarefas pode reduzir significativamente as emissões.
Ademais, é essencial promover a mobilidade sustentável, incentivando o“Capturar CO2: uma solução inovadora
2024 foi o ano mais quente de sempre no nosso planeta e este...
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4. O que nos dizem os fósseis? |
31-01-2025 10:58:00 |
Este mês voltamos a trazer um tema que já nos acompanhou durante alguns meses, os fósseis. Estes exemplares preservados, principalmente, nas rochas sedimentares, que são formadas à superfície da Terra, são verdadeiras janelas para o passado, permitindo-nos compreender a evolução da vida na Terra ao longo de milhões de anos. Estas evidências preservadas em rochas fornecem informações essenciais sobre os organismos que habitaram o planeta, as condições ambientais das eras passadas e as transformações geológicas ocorridas ao longo do tempo. O estudo dos fósseis, conhecido como paleontologia, desempenha um papel fundamental na reconstrução da história da Terra e na compreensão dos processos de evolução biológica.
A formação dos fósseis pode ocorrer de diversas maneiras, incluindo a mineralização, moldagem e preservação em âmbar ou gelo. No entanto, a fossilização é um processo raro, pois exige condições específicas, como o rápido sepultamento do organismo e a ausência de oxigénio para impedir a decomposição. A datação dos fósseis pode ser feita através de métodos como a datação radiométrica e a estratigrafia, permitindo aos cientistas estabelecer cronologias precisas sobre as eras geológicas.
Em Portugal, o património paleontológico é vasto e inclui descobertas de grande relevância internacional. Um dos exemplos mais emblemáticos é o do dinossauro Lourinhanosaurus antunesi, um terópode carnívoro do Jurássico Superior, cujos restos foram encontrados na região da Lourinhã. Esta área é particularmente rica em fósseis de dinossauros, incluindo ovos fossilizados com embriões, que proporcionaram informações valiosas sobre a reprodução destes animais pré-históricos.
Outro exemplo notável é o Miragaia longicollum, um estegossaurídeo também descoberto na Lourinhã, que se destaca pelo seu pescoço excecionalmente longo em comparação com outros membros do grupo. Esta característica única contribuiu para o conhecimento sobre a diversidade morfológica dos dinossauros herbívoros.
“Descoberta nova espécie de fetos extinta com 300 milhões de anos
Uma equipa de investigadores do...
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5. A importância da atmosfera (parte 2) |
31-12-2024 10:41:00 |
Será possível encontrar no vasto universo um planeta como a Terra? A Terra por tudo o que conhecemos é um planeta muito especial. Mas será assim tão especial ao ponto de não existir nenhum outro semelhante? Terá sido a Terra sempre assim?«Um raro trânsito solar de Vénus ajuda a desvendar as atmosferas de exoplanetas (...)
Para observ...
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6. A importância da atmosfera (parte 1) |
16-12-2024 10:39:00 |
Será possível encontrar no vasto universo um planeta como a Terra? A Terra por tudo o que conhecemos é um planeta muito especial. Mas será assim tão especial ao ponto de não existir nenhum outro semelhante? Terá sido a Terra sempre assim?
Não temos a resposta para todas as perguntas, mas em relação à última temos algumas certezas que, efetivamente, a Terra não foi sempre assim. A atmosfera terrestre é, sem dúvida, um dos elementos mais cruciais para a existência e manutenção da vida no nosso planeta e nem sempre foi assim. Este invólucro gasoso, que envolve a Terra como um manto protetor, desempenha funções essenciais, desde a regulação da temperatura até à proteção contra radiações perigosas provenientes do espaço. Contudo, o que muitos desconhecem é que a atmosfera, tal como a conhecemos hoje, é o resultado de milhões de anos de evolução, marcados por transformações químicas e biológicas que moldaram as condições que permitiram a emergência e diversificação da vida. Poderá algum exoplaneta (planeta fora do sistema solar) ter este tipo de evolução?
Quando a Terra se formou há cerca de 4,6 mil milhões de anos, a sua atmosfera era radicalmente diferente da atual. Composta essencialmente por dióxido de carbono, metano, amoníaco, vapor de água e outros gases libertados por atividade vulcânica, esta primeira atmosfera era tóxica para a vida como a conhecemos. O oxigénio, tão fundamental para a maioria dos seres vivos atuais, estava praticamente ausente.
Com o arrefecimento gradual do planeta, o vapor de água condensou-se, dando origem aos oceanos. Estes desempenharam um papel essencial como catalisadores de reações químicas complexas, que eventualmente deram origem aos primeiros organismos unicelulares. Entre estes, destacaram-se as cianobactérias, que surgiram há cerca de 2,7 mil milhões de anos. Através da fotossíntese, estas bactérias começaram a libertar oxigénio na atmosfera, marcando o início do chamado Grande Evento de Oxigenação.
A acumulação de oxigénio na«Um raro trânsito solar de Vénus ajuda a desvendar as atmosferas de exoplanetas
Na próxima década...
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7. A paisagem alentejana |
29-11-2024 10:47:00 |
Neste mês de novembro voltamos a ter o prazer de partilhar um texto do prestigiado professor, e geólogo, Galopim de Carvalho.
O Alentejo, com a sua vastidão de planícies douradas e um clima caracteristicamente seco, é uma das regiões mais emblemáticas de Portugal. Durante décadas, a falta de recursos hídricos foi um dos maiores entraves ao desenvolvimento agrícola e económico da região, perpetuando desigualdades e limitando o potencial produtivo do território. No entanto, com a construção da Barragem do Alqueva, o panorama alentejano transformou-se significativamente, marcando um antes e um depois na história da região.
A água é um recurso indispensável à vida e à sustentabilidade ambiental. A sua disponibilidade em quantidade e qualidade adequadas é crucial, como sabemos, para atividades humanas como a agricultura, a indústria, e o consumo doméstico. Num mundo cada vez mais afetado pelas alterações climáticas, a gestão eficiente da água tornou-se uma prioridade global, especialmente em regiões suscetíveis a períodos de seca prolongada, como é o caso alentejano.
Historicamente, a região enfrentou desafios constantes devido à escassez hídrica. As culturas de sequeiro, como os cereais, eram dominantes, mas a sua produtividade estava à mercê de um clima incerto e de solos pobres. A ausência de sistemas de regadio significativos limitava a diversificação agrícola, comprometendo a sustentabilidade económica das comunidades locais.
A construção de barragens, como a do Alqueva, veio responder a estas necessidades, ao armazenar grandes quantidades de água para fins de rega, abastecimento público e produção de energia. Este recurso armazenado, quando devidamente gerido, assegura maior estabilidade em períodos de seca e abre novas possibilidades para o desenvolvimento económico e social.
Esta transformação não só aumentou o rendimento das explorações agrícolas como também gerou mais emprego e atraiu investimentos para a região. O Alentejo tornou-se um exemplo de moderni"A NOVA PAISAGEM ALENTEJANA
Relativamente ao clima, exceção feita à grande irregularidade verific...
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8. A importância dos Fósseis para a descoberta do passado da Terra |
30-09-2024 11:04:00 |
Os fósseis são uma das mais valiosas ferramentas que a ciência possui para compreender a história do planeta Terra. Estes vestígios antigos oferecem uma janela única para milhões, e até mesmo mil milhões de anos, permitindo-nos reconstruir a evolução da vida, os ambientes passados e os eventos geológicos que moldaram o planeta como o conhecemos hoje.
O termo “fóssil” deriva do latim fossilis, que significa “extraído da terra”. Um fóssil é qualquer vestígio ou resto de um organismo que viveu num passado remoto, conservado em camadas da crosta terrestre. Estes vestígios podem incluir ossos, dentes, conchas, impressões de folhas, marcas de pele e até vestígios de atividades dos organismos, como pegadas ou coprólitos (fezes fossilizadas).
Os fósseis não são apenas restos físicos de organismos, mas também podem ser formas de preservação indireta. As impressões de plantas ou animais em rochas são um exemplo disso. Os fósseis formam-se ao longo de milhões de anos, e a sua preservação requer condições ambientais muito específicas.
A fossilização (formação de fósseis) é um processo raro e complexo que depende de vários fatores. Para que um organismo se torne fóssil, é necessário que, após a sua morte, seja rapidamente coberto por sedimentos, como areia, lama ou cinzas vulcânicas. Este rápido sepultamento impede que os restos se decomponham totalmente, protegendo-os de fatores como a oxidação e a ação de predadores e decompositores.
Com o passar do tempo, os sedimentos que cobrem o organismo endurecem e transformam-se em rochas. Os tecidos orgânicos do organismo podem desaparecer ou ser substituídos por minerais, preservando a forma e a estrutura original do corpo. Em alguns casos, como o âmbar, um organismo pode ficar totalmente preservado sem sofrer este processo de mineralização, mantendo inclusive tecidos moles.
O ambiente também desempenha um papel crucial na fossilização. Ambientes aquáticos, como o fundo dos oceanos ou lagos, são mais favoráveis à formação de fóss“Descoberto fóssil raro de planta primitiva extinta na região do Bussaco
Pedro Correia, especiali...
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9. A economia do futuro: Economia Circular |
30-07-2024 15:49:00 |
Este mês trazemos um texto que envolve a ecologia e a economia, simultaneamente. A economia global enfrenta desafios sem precedentes, resultantes da crescente escassez de recursos naturais e dos impactos ambientais adversos decorrentes de um modelo económico linear insustentável. Neste contexto, a economia circular emerge como uma alternativa viável e necessária para promover um desenvolvimento sustentável, eficiente e equilibrado. Antes do artigo deste mês, vamos explorar a importância da economia circular, destacando os seus princípios fundamentais, benefícios e desafios para a sua implementação.
Afinal o que é a Economia Circular? A economia circular pode ser considerada um modelo económico que visa redefinir o conceito de crescimento, focando-se em benefícios positivos para toda a sociedade. Em contraste com a economia linear tradicional – baseada na lógica “extrair, produzir, consumir e descartar” – a economia circular propõe um ciclo contínuo de uso e reutilização de recursos. Este modelo sustenta-se em três princípios principais: eliminar resíduos e poluição, manter produtos e matérias-primas em uso e regenerar sistemas naturais.
Princípios Fundamentais da Economia Circular - Eliminação de Resíduos e Poluição: A economia circular começa com o design dos produtos que previnem a criação de resíduos. Isso implica uma abordagem holística que considera todo o ciclo de vida dos produtos, desde a extração de matérias-primas até ao seu fim de vida, procurando minimizar os impactos ambientais; Manutenção de Produtos e Materiais em Uso: Este princípio enfatiza a importância de prolongar a vida útil dos produtos através da reutilização, reparação, remanufatura e reciclagem. A economia circular incentiva modelos de negócios inovadores, como a partilha, que maximizam a utilização dos produtos; Regeneração de Sistemas Naturais: A economia circular promove práticas que regeneram os ecossistemas naturais, como a agricultura regenerativa e a gestão sustentável das florestas“Universidade de Coimbra integra projeto europeu pioneiro na área da Economia Circular
A Universi...
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