Incomunidade...
Foi no sábado, dia 8 de Julho, que frente aos stands dos livreiros presentes na Feira do Livro de Valongo, no exterior do Fórum Cultural de Ermesinde, e a convite da associação cultural Ágora, os escritores Aurelino Costa e Alexandre Teixeira Mendes, com a presença do editor Alberto Augusto Miranda, apresentaram a sua última obra, respectivamente “Na Terra da Genoveva” e “A Cegueira do Propício”. Carlos Faria, presidente do Ágora, fez uma breve apresentação dos poetas, passando depois a palavra a Alberto Augusto Miranda, o responsável pelas “edições do buraco”.
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FOTOS RUI LAIGINHA |
O editor, também ele poeta, animador do movimento “incomunidade...”, referiu-se então, na apresentação que fez dos dois poetas, à volúpia de poder partilhar livremente a Língua Portuguesa, fora dos constrangimentos que o império mercantil acarreta.
«Também utilizo oxigénio», quanto é que querem que pague por ele?, provocou, denunciando como bárbaro o conceito em voga do utilizador-pagador.
Falou da importância da luz e da violência da sua ausência («Em Nova Iorque não conseguia ver o céu, apenas sombras»).
Citou depois Espinosa e a sua percepção da morte e considerou ser este um dos grandes temas da poesia.
E terminou negando a ideia de que “sinto, logo sou poeta”, embora para ele, a poesia fosse também corpo.
Mas corpo em parrtilha. na poesia não há rivalidade, proclamou, salientando um dos princípios do movimento incomunidade.
AURELINO E ALEXANDRE
FALAM DE SI E DA POESIA
Alberto Augusto Miranda fez também uma breve alusão aos dois poetas que falariam a seguir, introduzindo-nos na sua poesia.
Aurelino foi o primeiro a usar a palavra, rejeitando igualmente a «mania do comum» e afirmando o desejo de ser incomum. «O livro pretende interpelar o leitor», asseverou.
Alexandre Teixeira Mendes começou por afirmar a capacidade da poesia em não se deixar apropriar e apontou um caminho, o de avançar «pela orla do sentido das coisas, isso sim, é que é poesia».
O poeta ripostou também, com as suas palavras, contra o “poder publicitário” e a “anestesia mediática”, e rebelou-se contra a «predatória cultura empresarial», reafirmando o convite de Natália Correia:
«A poesia é para comer».
Após a intervenção dos poetas, seguiu-se um momento em que Aurelino Costa, acompanhado à guitarra clássica por Manuel Valdrez, disse poemas seus e de Alexandre Teixeira Mendes.
Os poetas e o editor ficaram depois por ali em conversa com os presentes, e falando dos seus livros.
Por:
LC
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