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    Arquivo: Edição de 15-05-2005

    SECÇÃO: Cultura


    Maestro Vitorino de Almeida e cantor Carlos Mendes proporcionaram noite inesquecível a Ermesinde

    Dificilmente a noite de 6 de Maio irá ser esquecida pelo público que encheu por completo o Fórum Cultural de Ermesinde. Em palco estiveram o maestro António Vitorino de Almeida, e Carlos Mendes, dois notáveis representantes da cultura musical portuguesa, que apresentaram Histórias e Canções da Broadway. Um espectáculo onde foram recordadas algumas das mais belas e inesquecíveis bandas sonoras de filmes que marcaram a década de 50 da Broadway.

    À semelhança do que já havia acontecido noutras salas de espectáculo do país, também o fórum de Ermesinde foi pequeno demais para acolher tanto público desejoso de presenciar a actuação de duas das mais conceituadas figuras da cultural musical portuguesa, os notáveis maestro António Vitorino de Almeida, e o cantor Carlos Mendes. Dois nomes que trouxeram até Ermesinde as “Histórias e Canções da Broadway”, um espectáculo/concerto que percorre o país de norte a sul há já três anos com enorme êxito. “Histórias e Canções da Broadway” é por assim dizer como um baú repleto de recordações musicais, e não só, que fizeram furor nos anos 50 e que agora são de novo trazidas para as luzes da ribalta por intermédio destas duas figuras. Trata-se igualmente de um espectáculo onde António Vitorino de Almeida e Carlos Mendes pretendem homenagear os músicos da Broadway daquela época, como por exemplo, Frank Sinatra, Judy Garland, Henry Mancinni, entre outros autores das bandas sonoras de filmes que ficarão para sempre perpetuados na história do cinema mundial, tais como “Casablanca”, ou “Tempos Modernos”.

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    Durante cerca de uma hora e meia António Vitorino de Almeida e Carlos Mendes conversaram sobre estes e outros filmes, sobre actores, realizadores, e compositores que marcaram esta época dourada do cinema.

    Para além de mostrarem todos os seus dotes de grandes interpretes e compositores musicais, Vitorino de Almeida e Carlos Mendes mostraram ainda o seu lado de humoristas, ao brincarem com algumas situações do quotidiano nacional e internacional. A primeira gargalhada geral do público surgiu quando o maestro disse que “estas músicas são do tempo da II Guerra Mundial, no tempo em que as guerras eram perigosas e pouco inteligentes. Agora as guerras não são perigosas porque as bombas são inteligentes, tão inteligentes como o coeficiente de alguns presidentes que andam por aí”. De referir que durante todo o espectáculo houve sempre uma interligação constante entre o público e os dois artistas, tendo Vitorino de Almeida lançado para a plateia mais uma piada de caracter político ao dizer que “como é que as pessoas se habituam a cantar sem piano e não se habituam a viver sem governo?”. A baixa estatura física do líder do Partido Social Democrata, Marques Mendes, e a pronúncia provinciana do anterior secretário geral do Partido Comunista Português, Carlos Carvalhas, também foram alvo de gargalhada por parte do público, provocado pelos dois artistas.

    A noite findou com “Love is a splendored thing”, banda sonora do filme “Colina da Saudade”, com o público a aplaudir de pé e a pedir “só mais uma, só mais uma”.

    Desejo este que foi atendido de imediato pelos dois músicos, que pouco depois voltaram ao palco para fazer o encore, interpretando “Amélia”, uma música portuguesa entoada por toda a gente presente no espaço cultural de Ermesinde.

    ESPECTÁCULO TíPICO

    DE CABARET ALEMÃO

    Como já foi referido antes, este espectáculo encontra-se em cena há já três anos. “Éramos para fazer apenas um espectáculo, mas o que é certo é que até hoje já fizemos pelo menos uns 70”, confidenciou Carlos Mendes à Voz de Ermesinde. O cantor contou ainda como tudo começou, dizendo que “o maestro tinha feito um disco com este género de música há uns anos atrás, chamado “Forever”, em parceria com uma cantora austríaca. Um certo dia, estávamos os dois de férias em Moledo do Minho e ele mostrou-me esse disco. Achei-o fantástico, pois eram músicas de que eu particularmente gosto muito. Foi então que lhe fiz o desafio de fazermos este tipo de espectáculo em Portugal, e cá estamos hoje a apresenta-lo do norte ao sul do país”, recorda.

    Um espectáculo definido por Vitorino de Almeida como típico de cabaret alemão, cujo ponto principal gira em torno da conversa, sendo que a música serve apenas para fazer uma breve história da música do cinema de uma determinada época, além de que “serve também para fazermos umas piadas sobre os tempos actuais (risos)”, refere o maestro. Embora tenham já construído uma longa e sólida amizade, esta é a primeira vez que ambos trabalham juntos. Uma experiência que segundo Carlos Mendes está a ser fantástica e única. Igualmente digno de registo, tem sido a afluência do público português a Histórias e Canções da Broadway, que, segundo os dois músicos, tem crescido à medida que os espectáculos vão aumentando. Quem ainda não teve oportunidade para presenciar este magnífico trabalho protagonizado por Vitorino de Almeida e por Carlos Mendes, não desanime, pois Histórias e Canções da Broadway está para durar. “As músicas que aqui trazemos são fabulosas, carregadas de história. Este é daquele tipo de espectáculo que só acaba quando eu, ou o Carlos Mendes, não pudermos mais. Pode-se fazer sempre, as músicas e as histórias são eternas”, frisa o maestro. Refira-se também que António Vitorino de Almeida e Carlos Mendes criaram, em paralelo com este espectáculo, um outro projecto denominado de Histórias e Canções de Abril, onde são evocados alguns temas de Paulo de Carvalho, José Afonso, ou Adriano, e que marcaram o 25 de Abril de 1974.

    Por: Miguel Barros

     

     

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