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Edição de 30-04-2025
Jornal Online

SECÇÃO: História


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50 ANOS DO 25 DE ABRIL

A Fita do Tempo da Revolução: As movimentações militares na Revolução dos Cravos (13)

MARCELO CAETANO RENDE-SE AO GENERAL SPÍNOLA

Marcelo Caetano havia-se refugiado no Quartel do Carmo da GNR, sede do Comando-geral desta força. A sua chegada constituiu uma verdadeira surpresa porquanto o plano de proteção do Governo previa o refúgio deste no bunker do Comando da Primeira Região Aérea, sito no Alto de Monsanto.

O facto de o general Adriano Augusto Pires o ter recebido à paisana e não se ter fardado durante toda a jornada demonstrou que aquele militar não estava muito empenhado nas movimentações político-militares em jogo. E não se mostrou muito interventivo, ao ponto de Caetano ter perdido a confiança nele e não lhe ter passado algumas informações de índole militar que ia tendo por via do Comando de Segurança Interna, órgão que, inicialmente desde o Terreiro do Paço e mais tarde a partir do Quartel do Regimento de Lanceiros 2, na Ajuda, tentava coordenar a defesa do Regime. Augusto Pires mais tarde diria que se tivesse tido essas informações, a história poderia ter sido outra, pois não teria “perdido tempo” nem arriscar empenhar forças da GNR na defesa duma causa, entretanto, já irremediavelmente perdida. Caetano também desabafou mais tarde dizendo qua afinal tinha caído numa ratoeira…

Caetano também não via grande empenho nos comandantes da GNR. Apenas via empenho no coronel Ângelo Ferrari, Chefe do Estado-Maior da GNR, que se desdobrava em contactos, telefonemas, orientações. Mas este militar não pertencia à hierarquia de comando da Guarda. Não podia dar ordens aos comandantes de Regimento ou Batalhão. E quem podia dar estas ordens dava-as, mas logo acrescidas da orientação “evitem confronto direto”. Ou seja, ocupem os vossos postos, mas não combatam…

A partir do momento em que Salgueiro Maia cercou o quartel do Carmo e em que os ilustres refugiados perceberam a inoperância das tropas fieis, o desânimo foi crescendo. Esperava-se um milagre ou um golpe de sorte. Mas tudo desabou com os tiros que Salgueiro Maia ordenou para a fachada principal do quartel. Maia não fazia ideia que aquelas janelas eram as dos aposentos privados do Comandante da GNR, onde se encontrava a sua esposa. Esta irrompe aos gritos, em pânico, pelos corredores do quartel. Augusto Pires deu ordem de fogo de resposta contra os sitiantes. Mas a ordem não foi transmitida aos militares. Talvez os comandantes intermédios tenham entendido que a ordem fora dada num momento de enorme tensão emocional do General e que o fogo seria inútil, servindo apenas para abrir uma Caixa de Pandora com efeitos imprevisíveis. Embora os projéteis tenham feito estragos, não houve feridos e a Guarda mantinha-se pronta. É certo qua as ordens genéricas para abertura de fogo por parte da Guarda implicavam o fogo por ordem direta do Comandante. Mas os comandos intermédios perceberam que Adriano Augusto Pires “estava fora de si” quando deu a ordem, pelo que entenderam não a cumprir. A História mostrou que estavam certos.

Fora do quartel e “fora da guerra” havia quem movesse cordelinhos.

O Dr. Pedro Pinto, Secretário de Estado da Informação e Turismo, apercebe-se da inevitabilidade da queda do Regime. Resolve assumir a mediação entre o Governo e o General Spínola. Esta iniciativa do Dr. Pedro Pinto teria sido inteiramente da sua responsabilidade, sem qualquer contacto (conhecido) com quem quer que fosse. Telefona ao seu Chefe-de-gabinete, Dr. Nuno Távora, para que este fosse ter com ele ao Grémio Literário, a fim de levar uma mensagem sua ao General António de Spínola. Ao Dr. Nuno Távora juntar-se-ia ao Dr. Pedro Feytor Pinto, Subdiretor-geral dos Serviços de Informação daquela Secretaria de Estado.

O general António de Spínola recebe os visitantes, mas afirma nada ter a ver com o Movimento e que nunca levantaria armas contra o Governo, e que este deveria ter o bom senso de encontrar uma solução para o problema e evitar um banho de sangue. O General informa ainda que se o Governo entender resolver o problema pacificamente, ele estaria na disposição de assumir o poder.

Munidos destas informações, aquelas individualidades dirigem-se para o Quartel do Carmo tentando entrar à fala com Marcelo Caetano.

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É a sua entrada em cena em frente à fachada principal do Quartel do Carmo que evita o disparo das armas pesadas de Salgueiro Maia.

São recebidos por Marcelo Caetano, que se declara disponível para a rendição ao General António de Spínola, para dessa forma “o poder não cair na rua”. O adjunto de Caetano para questões militares, o Comandante Coutinho Lanhoso, redige a carta que Caetano ordenou que fosse levada ao General Spínola.

Salgueiro Maia vê nesta ação uma forma de resolver o impasse pela via negocial e não pela força das armas. Facilita a tarefa dos emissários, ordenando ao Tenente Alfredo Assunção que os acompanhasse a casa do General Spínola numa viatura todo-o-terreno da Escola Prática de Cavalaria.

António de Spínola recebe a missiva, mas não reconhece a caligrafia de Caetano. Não tinha sido escrita por ele. Mas Caetano talvez quisesse dar

(...)

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José Campos Garcia*

*Médico

 

 

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