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Edição de 30-04-2025
Jornal Online

SECÇÃO: Destaque


51.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL

Intervenção de Hugo Peixoto (Partido Social Democrata)

FOTO HÉLDER TEIXEIRA (JFE)
FOTO HÉLDER TEIXEIRA (JFE)
Passado mais de meio século da Revolução dos Cravos, Portugal é uma sociedade mais livre, mais plural e mais consciente da responsabilidade de todos perante a conjuntura que delibera o nosso quotidiano. Mas também é uma nação que continua a construir-se, todos os dias, através das escolhas e das ações dos seus cidadãos — especialmente dos mais jovens, que são o rosto do futuro.

Assim, devemos fornecer ferramentas estruturais que permitam aos jovens pensarem o presente de forma construtiva, para que no futuro possamos também responsabilizá-los pelo que somos enquanto sociedade. Abril deu-nos liberdade, democracia e a possibilidade de construirmos um país onde os direitos fundamentais são garantidos e a voz de cada cidadão tem um valor inquestionável. Hoje, em 2025, celebramos não só essa conquista, mas também a responsabilidade de a manter viva, atual e significativa para todos, independentemente das nossas diferenças ideológicas.

A liberdade que conquistámos deve ser vivida com responsabilidade. E essa responsabilidade começa, desde logo, com a educação. É na escola, na formação contínua, na valorização do conhecimento e na promoção do pensamento crítico que assentam os alicerces de uma sociedade mais justa, equitativa e preparada para os desafios que o século XXI nos traz. A educação é o verdadeiro motor da democracia, que deverá ser estrutural, rigorosa e incisiva a fim de impedir caminhos menos claros e destrutivos. Os direitos e deveres de cada um são inegociáveis para uma sociedade íntegra e inclusiva.

Sem ela, corremos o risco de perpetuar desigualdades, de aceitar o conformismo e de abrir espaço à ignorância. Vivemos tempos desafiantes. As transformações tecnológicas, as alterações climáticas, os conflitos internacionais, as desigualdades sociais e as tensões económicas colocam-nos perante novos dilemas. Mas é precisamente nestes momentos que os valores de Abril — liberdade, justiça, igualdade, solidariedade — ganham ainda mais importância.

A juventude é herdeira direta do 25 de Abril. São os jovens que herdam os valores da democracia, e são eles que terão de os fazer florescer. Por isso, é fundamental garantir-lhes oportunidades reais: acesso a uma educação de qualidade, emprego digno, habitação acessível, participação cívica e espaço para pensar, criar e inovar. Não há democracia plena sem a inclusão ativa da juventude.

A liberdade não se esgota no direito de votar ou de expressar opinião. Ela vive-se na escola que acolhe todos, na saúde que cuida de cada um, na justiça que protege sem discriminar, na segurança que não exclui, e numa economia que oferece oportunidades de forma justa e equilibrada. A liberdade é também o direito de sonhar — e de ter condições reais para concretizar esses sonhos.

A cidadania, por sua vez, não se resume ao ato de votar. Ser cidadão é participar, intervir, questionar e propor. É assumir que cada um de nós tem um papel na construção de uma sociedade mais coesa e solidária. A democracia exige vigilância, exige compromisso, exige ação. E é também nas pequenas escolhas diárias que se fortalece a liberdade.

A justiça e a segurança são pilares indissociáveis do Estado de Direito. Sem justiça célere, eficaz e acessível, a democracia fragiliza-se. Sem segurança — que garanta os direitos e proteja os mais vulneráveis —, não há paz social. Precisamos de continuar a trabalhar por instituições que sejam confiáveis, próximas das pessoas e verdadeiramente ao serviço da comunidade.

A democracia exige participação, exige consciência e exige memória. Não podemos dar por garantido aquilo que foi conquistado com coragem. Precisamos de continuar a proteger os direitos humanos, a combater todas as formas de discriminação, a reduzir desigualdades e a fortalecer a cidadania ativa.

O facto de Portugal estar hoje mais desenvolvido é inegável, temos melhores infraestruturas, uma população mais qualificada e mais consciência dos nossos direitos. Mas há ainda um longo caminho a percorrer no combate à desigualdade, na redução das assimetrias regionais e na promoção de uma verdadeira coesão social.

É fundamental que os valores de Abril — liberdade, igualdade, solidariedade, justiça — não sejam apenas lembrados uma vez por ano. Devem ser vividos todos os dias. O cravo vermelho não é apenas um símbolo do passado. É um compromisso com o presente e com o futuro. É um alerta para que a liberdade seja cuidada, defendida e continuamente renovada.

Celebrar o 25 de Abril é, portanto, muito mais do que recordar o passado. É assumir, no presente, o compromisso de defender e renovar os ideais que nos tornaram uma nação livre. É garantir que Portugal continua a ser um país onde vale a pena viver, com dignidade, justiça e esperança.

Porque a liberdade não é um legado fixo — é uma construção diária. E é de todos nós.

Chegados a este marco histórico, é tempo de refletir sobre o país que somos e o país que queremos ser. Se não aprendermos com a história, arriscamo-nos a repetir os seus erros. Mas se soubermos honrar o passado com ação no presente, construiremos um futuro mais digno para todos.

O 25 de Abril vive enquanto vivermos os seus valores. Que não deixemos de lutar, com educação, com justiça, com cidadania e com esperança, por um Portugal mais livre, mais justo e mais seguro.

 

 

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