Na hora de deixar a coordenação da Refood Alfena / Ermesinde, Nina Maia faz uma retrospetiva do trabalho desenvolvido
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Ao fim de 7 anos de ligação à Refood Alfena / Ermesinde, Nina Maia (na imagem) vai deixar a coordenação do núcleo local desta organização. As razões que a levaram a tomar tal decisão não «são nada de especial», como começa por nos explicar. «Saio por minha livre vontade da coordenação. Apenas porque tenho outros sonhos, outros objetivos, para os quais também fui convidada como voluntária, em Paços de Ferreira, mais concretamente, para um projeto em que vou transmitir a outras pessoas os meus conhecimentos, mais precisamente no ensino de jovens que, por exemplo, não querem estudar. Em suma, achei que estava na altura de mudar um bocado e também de olhar por mim, porque os anos passam…», acrescenta Nina Maia, com quem trocámos algumas palavras nesta hora de passar o testemunho de coordenadora do Núcleo da Refood Alfena / Ermesinde. Função que exerceu ao longo dos últimos 4 anos, juntando a estes mais 3 anos como funções de vice-coordenadora, uma ligação no que concerne ao exercício de responsabilidades que agora chega ao fim, embora Nina Maia assegure que vai continuar a ajudar a Refood como voluntária, «mas apenas como uma simples voluntária, sem qualquer responsabilidade. Vou continuar a dar o meu melhor pela Refood, a qual levo no meu coração. Aqui trabalhei muito, mas também aprendi muito, adquiri conhecimentos que se não fosse a Refood se calhar não os tinha. Levo daqui muitas amizades, pois tive sempre atrás de mim uma boa equipa que me ajudou muito e fico-lhes grata por isso», diz-nos, acrescentando que quem ficar no seu lugar irá herdar uma grande estrutura, que está numa fase muito boa, com bons parceiros que muito têm ajudado o Núcleo. A este propósito faz uma comparação do momento em que chegou à Refood Alfena / Ermesinde, em 2017, e o presente. De uma organização, então, sem o mínimo de condições de trabalho para os voluntários, a funcionar na altura no edifício do Mercado de Ermesinde, para uma organização que desde então tem crescido a olhos vistos, sendo que os voluntários trabalham atualmente numas instalações excecionais em Alfena, conforme pudemos testemunhar. Nina Maia recorda que desde que entrou na Refood nunca mais parou de ajudar o Núcleo local desta organização, começando, com a ajuda do marido, por fazer, e pagar do seu bolso, algumas obras de melhoria nas então instalações de Ermesinde, e mais tarde doando, também juntamente com o seu marido, uma carrinha para fazer face à necessidade de ter um veículo para recolher os excedentes alimentares do Continente do Centro Comercial MaiaShooping, já que esse era um dos requisitos impostos pela referida empresa para poder ajudar a Refood Alfena / Ermesinde. Entretanto, outro voluntário disponibilizou uma outra carrinha ao fim de semana, e que ainda hoje faz a recolha de alimentos nos supermercados aos fins-de-semana «Antes de virmos para Alfena, em 2021, trabalhávamos quatro dias por semana, e depois de estar aqui passámos a trabalhar seis dias por semana. Fazemos dois turnos de segunda a sexta-feira, das 18H00 às 20H00, e aos sábados das 9H00 às 12H00. Apoiamos 80 famílias, o que corresponde a 289 beneficiários. Neste momento temos duas carrinhas em que fazemos duas rotas diárias, uma para Valongo (concelho), outra para a Maia (concelho). Fazemos todos os dias (à noite) o fecho nos supermercados Continente de Valongo, Continente do MaiaShopping, do Modelo Continente de Ermesinde, do Continente/Bom Dia de Ermesinde, do Pingo Doce do Susão, e do Pingo Doce de Águas Santas. Fazemos uma média de 1100 km mensais e gastamos em gasóleo 300 euros mensais. Acresce a isto os gastos com toucas, aventais, luvas, sacos para transporte, detergentes, etc.», explica Nina Maia na hora de fazer um retrato atual do Núcleo. «O balanço destes anos todos é muito positivo, é olhar para trás e ver aquilo que era a Refood e ver o que é agora e perceber que houve um crescimento enorme. Houve muito trabalho, com uma luta diária, porque não temos dinheiro. E uma coisa muito importante que eu gostaria de dar a conhecer à comunidade é de que para muitas vezes podermos trabalhar e termos as portas abertas é o nosso dinheiro, meu e do vice-coordenador, o senhor Albino Macedo, que anda à frente. E só depois o recebemos quando fazemos os espetáculos. Porque senão, já tínhamos fechado, pois não temos ajudas de ninguém, nem incentivos», explica Nina Maia, que a este propósito diz-nos que sai da coordenação com a tristeza de não ter apoio das autarquias, sobretudo da Câmara Municipal de Valongo, frisando, no entanto, que todos os anos a Junta de Freguesia de Ermesinde oferece no Natal o bacalhau para que a Refood possa distribuir pelos seus beneficiários. E para atestar a importância atual do Núcleo na nossa comunidade, Nina Maia diz-nos que neste momento «temos uma lista de espera de 20 famílias, e não as ajudamos não por falta de comida, mas porque precisamos de mais voluntários». A terminar esta breve conversa, Nina Maia sublinha que todo este crescimento foi fruto do trabalho de uma equipa que sempre esteve ao seu lado, a família Refood, como lhe chama. «Temos levado o barco a bom porto, um “barco” que já é muito grande, e cabe agora ao novo “comandante” mantê-lo como está. A Refood Alfena / Ermesinde vai continuar, porque há muitas famílias a depender de nós», refere Nina Maia, que irá comunicar de forma oficial, digamos, esta sua decisão de cessar funções de coordenação na Gala Solidária de Fado que o Núcleo irá organizar no Auditório da Senhora da Paz, em Alfena, no próximo dia 3 de novembro, espetáculo esse que já se encontra com lotação esgotada. Refira-se ainda que as eleições para eleger a nova coordenação do Núcleo da Refood Alfena / Ermesinde acontecem no dia 9 de novembro.
Por:
MB
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