REUNIÃO DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE ERMESINDE
Coro de protestos contra a (deficiente) recolha de lixo na cidade
A deficiente recolha de lixo – sobretudo dos resíduos urbanos sólidos – e a proliferação de ervas em espaços verdes da cidade, foram temas amplamente debatidos na Assembleia de Freguesia de Ermesinde (AFE), cuja última sessão aconteceu no passado dia 27 de setembro. O assunto começou por ser levantado por parte do freguês Miguel Dias, que no período destinado à intervenção do público lançou alguns alertas e questões ao executivo da Junta, entre eles, a falta de manutenção de espaços verdes, dando como exemplos o jardim do pelourinho em frente à entrada principal da Igreja Matriz, o qual na sua voz se encontra atolado de lixo; e o jardim da capela de S. Silvestre, cuja relva não tem tido a manutenção necessária. Mais adiante na sua intervenção, Miguel Dias opinaria que a recolha de lixo tem sido insuficiente na freguesia, alertando ainda para a existência de uma praga de baratas e ratos na zona da Gandra.
Na resposta a esta intervenção, o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE), Miguel de Oliveira, confirmaria que em face do défice de recolha de resíduos sólidos urbanos e de varredura, tem recebido queixas da existência na Gandra de roedores, baratas e outos animais, queixas essas que têm sido reencaminhadas para a Câmara Municipal de Valongo (CMV) no sentido de se proceder à extirpação deste tipo de animais. «Não é um trabalho fácil, dizem-me os técnicos do Ambiente, visto que também fruto de um aumento de resíduos na via pública por mais tempo associado a índices de calor e de humidade ao mesmo tempo, este tipo de animais, concretamente as baratas, proliferam. Estamos atentos a esta situação», disse o autarca.
Mais adiante na sua longa e detalhada resposta, Miguel de Oliveira fez uma nota de rodapé para explicar que existe uma grande diferença entre o serviço de recolha de resíduos urbanos e o serviço de varredura e extirpação de ervas na via pública. O primeiro é da responsabilidade da CMV e o segundo da responsabilidade da JFE, «e vejamos, é manifestamente difícil, para não dizer impossível, manter as ruas limpas se todos os dias somos confrontados enquanto comunidade por pessoas que insistem uma, duas e três vezes em colocar os resíduos fora dos locais apropriados», lamentou o autarca, que sublinharia ainda na sua alocução que a Junta está muito apostada em melhorar o serviço prestado na varredura de ruas e da extirpação de ervas, explicando a este propósito que houve um esforço muito significativo na resposta dada por parte da empresa responsável por este serviço, mostrando-se convicto de que em breve a cidade irá voltar ao que era antes do verão chuvoso que tivemos e que levou a que houvesse muito mais ervas do que é habitual. Relativamente aos casos concretos apresentados pelo freguês Miguel Dias, o presidente da Junta informaria que a manutenção do jardim da Capela de S. Silvestre é da responsabilidade da paróquia. Coisa diferente é o jardim em frente à porta principal da igreja, que segundo Miguel de Oliveira tem sido um problema, já que no local não só pernoitam como lá se encontram no dia a dia dois cidadãos na condição de sem abrigo e que dificultam a intervenção (de manutenção) da JFE naquele espaço verde. Sobre este caso em concreto, o presidente da Junta deu conta de que os serviços de Ação Social da autarquia não têm conseguido resolver este – e outros – problemas relacionados com pessoas sem abrigo, sendo que neste caso preciso as pessoas em questão se recusam terminantemente em ser ajudadas, o que em seu entender torna muito complicado resolver o problema, ressalvando, contudo, que a JFE continua muito empenhada em o solucionar.
Posto isto, passou-se ao período de intervenção das forças partidárias com assento na AFE, tendo Ângela Ferraz, eleita pela CDU, sido a primeira a usar da palavra, para também ela dar nota de algumas questões relacionadas com a recolha de lixo. Começaria por referir que a boa gestão dos resíduos urbanos e a manutenção dos equipamentos são questões cruciais para a qualidade de vida na cidade, acrescentando que a CDU sempre se opôs à adjudicação a empresas privadas desta competência, sabendo que isso resultaria numa recolha de lixo insuficiente e em equipamentos degradados, pouco cuidados e sujos. «São notórios os exemplos de recolha insuficiente, de equipamentos degradados e também a falta de civismo por parte de alguns cidadãos. No largo da feira velha foi retirado um moloque que ainda não foi substituído obrigando os moradores a procurar outro local para colocar o lixo. A Junta é conhecedora desta situação e porque razão ainda não foi substituído esse equipamento e o que pretende fazer a esta e outras situações semelhantes?», questionou a eleita da CDU, acrescentando ainda que sabe que a recolha de lixo é uma competência da câmara, «mas também sei que é competência do senhor presidente (da Junta) pressionar a CMV relativamente a esta questão». Ângela Ferraz lembrou ainda que na sessão de abril da AFE havia solicitado à JFE para a colocação – nos ecopontos – de informação referente ao serviço municipal da recolha dos chamados “monstros domésticos”, como forma de sensibilizar os munícipes para a sua existência. A eleita comunista diria que essa mesma informação não foi colocada em todos os ecopontos da freguesia, já que foram escolhidos os locais mais problemáticos – na questão de depósito ilegal dos “monstros domésticos” –, questionando por isso o executivo se todos os moradores não eram merecedores dessa informação independentemente do local onde vivam, e se a despesa para colocar a sinalética em todos os ecopontos seria assim tão elevada para a Câmara (?). A este propósito, Ângela Ferraz deixaria uma sugestão: se haveria possibilidade de publicitar o serviço de recolha de “monstros” na fatura da água, «visto que todos pagamos uma taxa para a recolha dos resíduos sólidos».
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Em resposta à eleita da CDU, Miguel de Oliveira explicaria que o moloque que foi removido no exterior do largo da antiga feira assim o tinha sido à semelhança de muitos outros em vários outros locais da freguesia, atendendo a que a CMV vai “fechando”, digamos, zonas de recolha Porta a Porta. A remoção dos moloques é um incentivo para que os munícipes adiram ao projeto de recolha seletiva Porta a Porta que a autarquia valonguense vem implantando no município, explicou o presidente, acrescentando que a retirada dos moloques serve para que posteriormente não haja uma duplicação de serviços, ou seja, que uns utilizem o serviço de recolha Porta a Porta e outros optem por colocar o lixo de forma não separada no moloque. Miguel de Oliveira disse ser verdade que tanto no referido largo da antiga feira como noutros pontos onde existiam moloques as pessoas continuam com alguma persistência a depositar resíduos. «Eu reconheço que o (projeto) Porta a Porta ainda não responde a todas as pessoas, e que uma coisa é os serviços municipais darem uma zona como finalizada quando muitas das vezes nessas zonas existem ainda moradores que não aderiram ao Porta a Porta. Esses moradores não vão guardar o lixo em casa durante uma semana e então continuam a colocar o lixo nos locais onde antigamente tinham estes contentores de deposição de resíduos. Quanto à recolha de “monstros” vou passar esta sugestão (dada pela CDU) ao presidente da Câmara. Deduzo e faço fé no que a Ângela Ferraz disse de que não foram colocados cartazes de informação deste serviço em todos os equipamentos de deposição de resíduos, mas de facto esta é uma campanha que tem sido divulgada, e não é propriamente nova! No meu contacto com os fregueses por vezes dizem-me que não percebem como as pessoas são tão porquinhas, quando a CMV até tem um serviço (de recolha de “monstros domésticos”) gratuito», disse o presidente da Junta, que a este propósito aproveitaria mais uma vez para divulgar este serviço gratuito de recolha municipal, deixando a linha de atendimento para que quem quiser utilizar o serviço possa agendar o dia e a hora da recolha: 800 202 099.
Também o PSD e o Chega, respetivamente por intermédio dos eleitos André Barbosa e Pedro Santos, teceram considerações sobre o deficiente serviço da recolha de lixo que vem acontecendo na freguesia. O social democrata diria que lhe têm chegado vários relatos de pessoas que ligaram para o número da recolha de “monstros” e que muitas vezes esperam uma semana, ou mais, para que façam a recolha destes resíduos volumosos que têm em casa, ao passo que o eleito do Chega apelidou de «estado lastimável» o serviço atual da recolha de lixo na cidade, dizendo que «todos os partidos aqui representados concordam que a situação atual é insustentável. A acumulação de resíduos nas ruas não só prejudica a imagem da nossa freguesia, como também representa um risco significativo para a saúde pública. É imperativo que se tomem medidas imediatas para melhorar a eficiência e a regularidade da recolha de lixo». Na resposta, Miguel de Oliveira concordou que o tema da recolha de lixo é um problema que tem de ser debatido, lembrando a este propósito que dali a poucos dias iria levar o assunto à Assembleia Municipal. «De facto é preciso afinar o serviço de recolha dos resíduos sólidos urbanos. Não está bem, não está a correr da melhor maneira, é preciso limar arestas», disse o autarca.
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