29.ª EDIÇÃO DA FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO
CONFERÊNCIA SOBRE A ELEVAÇÃO DE ERMESINDE A CIDADE
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Fotos MANUEL VALDREZ |
Na Feira do Livro, no passado dia 10 de julho, depois das 21 horas, tivemos oportunidade de ouvir falar da elevação de Ermesinde a Cidade, tendo como orador o Prof. de História, Manuel Dias.
Este investigador de História Local, já com algumas publicações sobre a história de Ermesinde e do concelho de Valongo, conforme pôs em destaque o presidente da Junta, Miguel de Oliveira, que esteve presente em lugar de honra, ao lado do conferencista, seu amigo, e de quem fez a apresentação, achou importante recordar a história desta localidade, desde a Idade Média até ao nosso tempo.
Falou das Inquirições de 1258 (reinado de D. Afonso III), onde já aparece o nome “Ermesinde”, conforme se pode ver na publicação, “Ermesinde, Registos Monográficos” (da sua autoria e da de Manuel Conceição Pereira), em latim e em português. Nesses documentos são referidos os lugares de “Asmes” com 20 casais, que pagavam rendas aos mosteiros de Santo Tirso e de Águas Santas, e de “Ermesinde”, habitado por casais que pagavam direitos aos mesmos mosteiros. Mas também havia moradores que pagavam rendas ao mosteiro de Rio Tinto e ao Rei (aqueles que trabalham em reguengos).
Mais de dois séculos e meio passados, a Carta de Foral da Maia, outorgada por D. Manuel I, em 15 de dezembro de 1519, reserva um espaço à maiata freguesia de S. Lourenço de Asmes (nome desta freguesia até 1911), onde aparecem referenciados os nomes das aldeias que aqui existiam então, ou seja há meio milhar de anos: Cancela, Fonte, Ermesinde, S. Lourenço, Carvalhal, Cale, Sá e Casal de Cima. Aparecem também explícitos os tributos que eram devidos e que, normalmente, envolviam dinheiro (em réis) e/ou géneros: milho, centeio, trigo, frangos, galinhas e carne.
Passando, depois, à Idade Moderna, propriamente dita, Manuel Dias divulgou alguns dados que constam no Inquérito Paroquial de 1758 (um inquérito ordenado pelo Marquês de Pombal para conhecer em pormenor os efeitos do Terramoto de 1755 em todo o país, mas que foi aproveitado para conhecer de forma mais detalhada alguns pormenores de todas as freguesias do país). Nessa altura, há 266 anos de nós, S. Lourenço de Asmes tinha 168 fogos (equivalente a famílias), mais ou menos 550 moradores. As 7 aldeias nomeadas nesse documento, são as seguintes, por ordem decrescente de fogos (acrescentados entre parêntesis): Ermesinde (39), Sá (35), Vilar de Matos (23), Cancela (22), Sampaio (20), Ermida (18) e Igreja (11). Esse documento tem a descrição da antiga Igreja Matriz (hoje desaparecida), que diz ter no altar principal o Santíssimo Sacramento, no lado direito S. Lourenço e no lado esquerdo S. José, e dois altares colaterais, o do lado direito dedicado a N.ª Sr.ª do Rosário, o do lado esquerdo ao Senhor Crucificado. Acrescenta a existência de 9 confrarias ou irmandades. Os outros templos religiosos identificados são a Capela de S. Silvestre, registando que nesse tempo ocorriam romagens no dia do santo (31 de dezembro) e a de Nossa Senhora do Amparo (na Quinta de José da Silva Carvalho). Alude, também, ao mosteiro dos religiosos Agostinhos Descalços, de Nossa Senhora do Bom Despacho, a instalarem-se, desde 1749, na Quinta de Francisco Silva Guimarães, do Porto.
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Já no período contemporâneo, o palestrante falou do impacto negativo das invasões francesas nesta freguesia (1808-1809) e, duas dezenas de anos depois, das Guerras Liberais, que tiveram nesta freguesia, e no atual concelho de Valongo, episódios dramáticos do chamado “Cerco do Porto”, tendo sido instalado no Mosteiro dos Agostinhos Descalços, à Formiga, o hospital das tropas de D. Miguel.
Como não podia deixar de ser, demonstrou a importância das linhas férreas (do Douro e do Minho), inauguradas em 1875 (perfazem no próximo ano, século e meio de existência), para o crescimento contínuo da população local. Com a implantação da República, houve mudança do nome de “Asmes” para “Ermesinde” e esta freguesia tornou-se, desde então, a maior freguesia, em população do concelho (em 1911 tinha 3 mil e 500 pessoas; em 1930 já tinha 5 mil e 500 habitantes). Isto porque houve aqui uma plêiade notável de republicanos, alguns dos quais também se revelaram prestigiados empresários industriais, como foi o caso dos gerentes da Fábrica de Têxteis de Sá e da Fábrica de Cerâmica.
Na década de 1930, mais concretamente no dia 12 de julho de 1938, Ermesinde com cerca de 7 mil habitantes é elevada à categoria de vila. Tinha então 28 lugares: Arroto, Asmes, Boavista, Cancela, Caneiro, Costa, Igreja, Ermida, Fojo, Fonte, Formiga, Gandra, Liceiras, Moinhos, Monte do Seixo, Outeiro de Ermesinde, Outeiro de Sá, Outeiro de Presas, Prosela, Palmilheira, Rapadas, Sá, Sampaio, Sopeiras, Travagem, Vilar, Vilar de Cima e Vilar de Matos.
Neste tempo, Ermesinde com bons meios de transporte para o centro do Porto (linhas férreas e elétrico), com um Leça límpido e de margens idílicas tornou-se, na prática, uma estância balnear do Porto. Milhares e milhares de
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