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Edição de 31-05-2025
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    Arquivo: Edição de 30-04-2024

    SECÇÃO: Destaque


    50 ANOS DO 25 DE ABRIL

    Cinquenta anos de Democracia

    D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES, FIGURA DE OPOSIÇÃO AO REGIME SALAZARISTA, E BEM LIGADO A ERMESINDE, ONDE FALECEU A 13 DE ABRIL DE 1989
    D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES, FIGURA DE OPOSIÇÃO AO REGIME SALAZARISTA, E BEM LIGADO A ERMESINDE, ONDE FALECEU A 13 DE ABRIL DE 1989
    Testemunho do Padre Domingos Areais (Pároco de Ermesinde)

    Não sou historiador propriamente dito nem filósofo político. Recordo-me que andava na 2.ª classe da Escola Primária, quando aconteceu o 25 de Abril de 1974. A professora deixou-nos na sala de aula, no início da manhã e foi ter com as colegas à sala dos professores para ouvir as últimas sobre a Revolução dos Cravos, nas ondas da Rádio. Quando chegou à sala apenas nos disse que tinha havido um Golpe de Estado em Lisboa e passávamos a ter democracia. E continuámos as aulas.

    Mais tarde, fui-me então apercebendo que, na Igreja, houveram também muitas vozes proféticas, animadas pelos novos ventos do concílio Vaticano II, nomeadamente de D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, que reclamou justiça para a pobreza imerecida do povo rural e liberdade de expressão, tendo sido impedido de entrar em Portugal durante 10 anos e muitos outros bispos missionários de Moçambique como D. Sebastião Soares de Resende da Beira e D. Manuel Vieira Pinto de Nampula e o Capelão da Capela do Rato, P. Alberto Neto, que pediam o fim da guerra colonial, que só fazia vítimas dos nossos e dos indígenas, dizimando imensos jovens e desgraçando tantas famílias.

    No 1.º de janeiro de 1968, o Papa Paulo VI instituiu o Dia Mundial da Paz e em 1970, recebeu em audiência os líderes independentistas da Guiné, Angola e Moçambique, o que caiu muito mal ao governo português. O Cardeal D. António Ribeiro teve uma posição firme e corajosa no caso da Capela do Rato. Após D. António Ferreira Gomes foi o 2.º bispo a enfrentar o regime.

    A Voz Portucalense (Jornal da Diocese do Porto) de 4 de maio de 1974, abria com este título: “25 de Abril – Esperança de dias diferentes”, informando que as “Forças Armadas libertaram-nos do medo e do apolitismo que o fascismo gerava e garantiram-nos que não há razões para perder a esperança. A população aderiu em massa, retribuindo com flores o cavalheirismo dos militares e o silêncio das armas que felizmente não abriram fogo”. O Editorial desse número, já posterior às grandiosas manifestações do 1.º de Maio, assinalava, sob o título “Do 28 de Maio ao 25 de Abril”, recorrendo à imagem bíblica da estátua com os pés de barro: “A metálica ditadura tinha os pés de barro. Tinha as armas, mas não tinha as almas. E as armas sozinhas de nada servem. A alma do povo estava contra, a alma do exército também. Sem perda de sangue, sem alarido, sem perturbação da vida quotidiana, em poucas horas desabou um regime construído ao longo de mais de quarenta anos. Uma das melhores coisas que uma ditadura pode fazer é morrer a tempo”. E referia ainda este dado simbólico: “Tanto quanto sabemos, no momento da derrocada, o governo cessante, na pessoa do Prof. Marcelo Caetano, tomou também uma atitude de correção e dignidade”, e enviava saudações aos militares, e “votos de bom sucesso nos seus empreendimentos, se todos forem para bem de Portugal e da Humanidade”. A perspetiva que a VP propunha era depois apresentada: “Democracia, possibilidade de construção efetiva do País renovado”. Apresentava também um relato dos acontecimentos, o Programa da J.N.S. (Junta de Salvação Nacional). Inseria ainda, com início na primeira página, uma mensagem assinada pelos Bispos António [Ferreira Gomes] e Domingos [de Pinho Brandão], então Bispo Auxiliar, sob o título “A Voz da nossa Igreja”, que concluía: “A hora que vivemos é sem dúvida das mais altas, mas também certamente mais grave da nossa história. Como cristãos, portugueses e portucalenses, sejamos dignos desta hora!”. Esse número continha ainda o texto “Um imperativo de consciência”, assinado pelo Bispo de Nampula e por todos os Combonianos da Diocese de Nampula (34 padres, 19 irmãos e 41 irmãs). O Bispo de Quelimane, Francisco Nunes Teixeira, escrevia um texto, certamente preparado antes, em apoio aos missionários combonianos e ao Bispo de Nampula, Manuel Vieira Pinto, que haviam sido obrigados a abandonar o território de Moçambique, deixando a Diocese “desprovida de clero”, pedindo orações pelos bispos, sacerdotes e igrejas locais de Tete, Beira e Nampula. A última página continha ainda, sob a coordenação do padre jornalista Rui Osório, chefe de redação, “Uma reflexão sobre o 25 de Abril”, em que se apelava à consciência política, à atenção dos trabalhadores rurais e operários, e em que se afirmava: “A Igreja deverá reconhecer sempre que as instituições de ação temporal pertencem à esfera especificada da sociedade civil, ainda quando criadas e dirigidas por cristãos”.

    O resto da história todos sabemos com tentativas de desvirtuar o espírito de Abril, fazendo-o

    (...)

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