50 ANOS DO 25 DE ABRIL
Intervenção de Hugo Peixoto*
 |
Foto JUNTA DE FREGUESIA DE ERMESINDE |
Chegados aos 50 anos de liberdade, desde o 25 de Abril de 1974, a sociedade portuguesa constituiu-se como um complexo puzzle que, com avanços e recuos se converteu naquilo que o povo quis e quer na atualidade.
Com progressos e recuos nas nossas liberdades e garantias essenciais, Portugal, está como sempre esteve ao longo dos anos, num momento fulcral, em que as oportunidades que nos são proporcionadas deverão ser aproveitadas para desidrato de todos nós.
O cravo que simboliza este momento icónico, não deve estar presente só e apenas no dia de hoje, na nossa mão, ou na lapela, deverá estar sempre presente e deverá ser evocado em todas as horas do nosso quotidiano. O cravo e o dia da liberdade, não devem ser propriedade de ninguém, devem sim, ser propriedade de todos os que lutam no seu quotidiano por melhores condições de igualdade de direitos e de equidade social para todos os cidadãos, independentemente das diferenças entre cada um de nós.
O cravo simboliza a liberdade na sua categorização mais lata, mas leva-nos a enfatizar, que o cravo deve significar mais saúde, mais educação, mais justiça, mais segurança, mais equidade entre as diferentes regiões e respetivas populações. O cravo deve simbolizar também, uma sociedade melhor organizada e que promova, que todos os serviços inerentes à nossa qualidade de cidadãos possam ser utilizados por cada um de nós, como sendo parte integrante de um país desenvolvido e inclusivo.
A cronologia indica-nos que Portugal desde o dia, 25 de Abril de 1974, vive numa constante luta contra si, a convergência ao longo das décadas, cada vez é menor, e a tolerância entre todos é apenas uma miragem. Individualmente refletimos sobre a sociedade de forma distinta, sendo esta, uma das virtudes da democracia, mas há realidades que são indesmentíveis, a presença de uma política mais promotora de equilíbrios económicos, financeiros e sociais deverá imperar no nosso país. Sabemos que estes equilíbrios sociais e financeiros, só são possíveis para um país como Portugal, se pertencer a uma Europa integradora, progressista e equitativa e que permita as mesmas oportunidades a todos. A nossa presença na atual União Europeia desde 1986, catapultou-nos para uma qualidade de vida superior, mas paralelamente, impôs-nos, ainda mais, um conjunto de características, como a solidariedade, a fraternidade, a unidade na diversidade e a presença numa sociedade multicultural e inclusiva que é uma mais-valia para todos. Posto isto, devemos muito a quem nos trouxe até aqui, mas cada um de nós não se deverá excluir da sua responsabilidade e encarar o presente e o futuro, com a liberdade democrática inerentes a este dia.
Chegados aqui, todos temos que refletir, o que queremos para o futuro, sendo que, se não aprendermos com a história, essa mesma história poderá repetir-se. Portugal, país de atrasos estruturais, apesar de estarmos no pelotão dos países desenvolvidos, sabemos todos, que temos de continuar a crescer e a evoluir, por forma, a atingir níveis socioeconómicos consentâneos com a média dos países da União Europeia.
Estamos indiscutivelmente mais desenvolvidos, não só, no que se refere às infraestruturas, mas também na qualificação de todos nós. Pessoas mais formadas e com uma maior literacia é um ponto fulcral de desenvolvimento social e de uma maior qualidade de vida de cada um de nós. Mas temos também de estar conscientes, que se queremos pessoas mais críticas e com perceções reais do mundo que nos rodeia, deveremos dar um conhecimento efetivo e as respetivas ferramentas, sem qualquer tipo de hesitação e facilitismo. Não podemos permitir que a ignorância se sobreponha ao conhecimento, não podemos aceitar que o conformismo vença o inconformismo. A sociedade deverá ser, por si só, objetiva e linear no que confere à meritocracia de cada um de nós, sob pena, de termos pessoas sem conhecimento de base que hipotequem o futuro da nossa nação. Chegados aqui, Portugal e os portugueses têm ainda a percorrer um longo caminho, caminho esse que não tem fim, mas é construído paulatinamente e solidificado para que a esperança não esmoreça e, bem pelo contrário, que se criem raízes suportadas pela democracia, que nos tornem cada vez mais prósperos, desenvolvidos, inclusivos e capazes de encarar o futuro sem incertezas estruturais.
É latente na sociedade uma gradual preocupação com a conjuntura social e económica internacional, que influencia como todos sabemos, o nosso país. Seguramente tempos difíceis continuarão a pairar sobre o nosso espectro, e que clamarão por toda a nossa energia e dedicação enquanto povo, que é resiliente e comprometido com o seu país.
Assim o combate à exclusão social e à discriminação, seja ela qual for, a promoção da justiça e a proteção social, a igualdade entre homens e mulheres, a proteção dos direitos da criança, a promoção da coesão económica, social e territorial são desde logo pilares cruciais de abril. E são estes pilares que deverão ser levados como princípios orientadores, para que, a sociedade continue a ser ancorada na liberdade e na democracia. É com orgulho que neste dia comemorativo dos cinquenta anos do 25 de Abril, poder estar à vossa frente e livremente a constatar factos e opiniões que promovem o diálogo entre todos e a responsabilidade dessas mesmas opiniões.
Não deixemos de refletir, de consciencializarmo-nos e de expormos perante quem nos ouve, a importância deste momento para todos nós, a influência que tem no nosso quotidiano e o que alcançámos enquanto país.
*Eleito pelo Partido Social Democrata
|